Capitulo 10

174 5 0
                                    

Zayn e eu chegamos ao seu quarto. Ele trancou a porta, lentamente se dirigindo a sua cama. Sentou-se na mesma e ficou encarando o nada, como se estivesse sozinho. Eu não sabia o que fazer, como me mover, me senti deslocada ali, de pé. Cruzei os braços, pigarreando e esperei que Zayn fizesse ou dissesse algo. Ele me olhou, ajeitando a sua postura. Me senti nervosa, sem saber o que aconteceria. Era sempre assim, ele era imprevisível, e isso me matava.

- Eu não sei como dizer isso... - Zayn começou a falar. Agora meu nervosismo cresceu junto com curiosidade. Chegava a doer. Tentei parecer calma, colocando uma mecha de cabelo para trás, e o olhei, como quem pede para continuar. Ele passava uma mão na outra, como quando você risca sua palma com caneta e quer apagar... a única diferença é que não havia nenhuma sujeira em nenhuma palma. Senti minhas mãos soarem, esperando que me contasse o que fosse para contar. Tinha quase certeza que tinha a ver com o que estavam sussurrando no andar debaixo. Só que tinha um problema... ao mesmo tempo que eu queria saber o que era, eu tinha medo, não queria que fosse ruim e, aparentemente, não era bom. O silêncio dançou pelo quarto junto com a brisa que vinha do lado de fora, me incomodando por dentro. Então, depois de não sei quanto tempo - que para mim durou uma eternidade -,Zayn se levantou da cama. Como vestia apenas uma regata preta, foi até seu armário e pegou uma blusa de flanela xadrez vermelha. Sem nem ao menos fechar as portas do armário, caminhou até a janela e sentou na mesma. Me olhou, me chamando com a cabeça e, com pressa, pulou. Eu estava parada, apenas observando enquanto ele fazia aquilo tudo. Pisquei algumas vezes e andei devagar até a janela, olhando para baixo. Zayn estava lá, me esperando descer. - Já fez isso uma vez... - Disse com um tom paternal. Sorri sem graça, me sentando e pulei. Era bem mais fácil à noite... Na verdade, pular do segundo andar não era nada doloroso e difícil, uma vez que a terra fofa e molhada escondida pela grama - que possua um verde vivo - amortecia bem a queda. Tudo que se podia sentir era um impacto nos joelhos e as pontas dos dedos das mãos levarem um pequeno choque. Nada que durasse mais de dois segundos. Assim que cheguei ao chão, quase de joelhos, eu me levantei, batendo uma mão na outra. Depois que o fiz, Zayn se aproximou, fazendo questão de pegar minha mão novamente. Não me senti incomodada, o deixei me tocar sem me preocupar e me senti sorrir por dentro. Deus, como era bom tocar sua pele! Fechei meus dedos nos seus - que seguravam minha mão com firmeza - e o acompanhei enquanto andava. Acredito que não tínhamos um rumo certo, mas eu queria que Zayn desembuchasse logo e se ele se sentisse mais confortável para fazer isso fora da casa, então que fôssemos para fora.

Imaginei a cena que esta devia ser: o céu completamente azul, com o sol radiando como se aproveitasse o dia sem uma nuvem o escondendo. O som das folhas dançando com o vento e nossos cabelos voando para várias direções em diferentes períodos de tempo. Era bom tê-lo ao meu lado assim, dessa maneira. Fazia-me até esquecer de quem realmente éramos... ali eu era apenas uma garota, e ele, um cara qualquer. Era como se nada tivesse acontecido, como se nos conhecêssemos há anos e aquilo fosse normal de acontecer. Porém... sempre chega o momento de realidade. Sempre tem a hora da ficha cair e você se dar conta de que coisas assim não acontecem com você. De que você está sonhando ou que aquilo não duraria. E eu tinha a convicção que não seria sempre assim. Eu e Zayn não fomos feitos para andar de mãos dadas, sem preocupações. O universo ou Deus ou seja o que for não aceitava isso, não era para ser dessa forma. Então a boa sensação de uma garota e um cara ordinários andando sem motivo com vidas felizes ia embora e o desapontamento de eu nunca ter essa vida com quem eu queria me veio à tona. Nem percebi que havia parado de andar e estava com a cabeça abaixada, encarando meus pés um pouco sujos de terra, uma vez que eu usava chinelos. Zayn me olhava, mas não parecia confuso. Parecia até que sabia o que eu pensava, como se pensasse o mesmo. Lentamente, levantei minha cabeça, encontrando seu rosto com os cabelos voando para o lado. Os meus também voavam, mas eu não os arrumei, não perdi meu tempo com isso... eles atrapalhavam um pouco minha visão, mas não fazia diferença:Zayn continuava com aquela plena beleza e tranquilidade. Senti que meus olhos começariam a encher de lágrimas, então tentei ao máximo evitar que isso acontecesse. Em vão, claro.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora