Capitulo 7

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Sabe quando você acorda no meio da noite, no escuro, e não sabe em qual lado da cama se encontra? E fica tateando ao redor, tentando ter alguma pista. Ao encontrá-la, percebe que era apenas coisa da sua cabeça e do sono que fez com que você não se situasse. Foi o que aconteceu comigo, agora, neste exato momento. Porém eu não me situei, não percebi que era loucura e que estava do mesmo lado no qual dormi. Pra falar a verdade, nem me lembro de ter me deitado... muito menos numa cama fofa e confortável, com os lençóis de seda ou algum tecido frio parecido. Meus olhos estavam mais abertos que o normal, tentando enxergar qualquer movimento no escuro, sem algum sucesso. Ao me movimentar para me sentar naqueles travesseiros macios, percebi a dor que latejava em diferentes partes do meu corpo: sem saber por que, minhas partes íntimas doíam mais que qualquer outra parte, incluindo a minha testa. Automaticamente, lágrimas se acumularam em meus olhos, tamanha eram as dores. Da minha testa até minha nuca a dor era aguda e forte, porém eu aguentava. Da nuca, descendo pela minha medula espinhal eu podia sentir meus ossos gritando quando eu ousava mexer ou mudar minha posição, investindo um peso diferente nas costas. Minhas coxas estavam doloridas, bem doloridas, mas perto das outras dores não era nada. Já meus joelhos pareciam ter um machucado sério, já que quando eu os dobrava, sentia como se eu tivesse caído da bicicleta e ralado - deixando sem pele - e dobrado após umas horas, rasgando a primeira camada de cicatrização. Minhas pernas estavam como a coxa e meus pés pareciam pouco prejudicados. Já as partes mais íntimas... Oh, doíam como o próprio inferno. A dor não se representava apenas aguda, mas forte, ardente, como se tivessem dilacerado-as... Com trauma do susto da dor que tomei há uns segundos, permaneci parada. Só então veio a minha cabeça o instinto de me amedrontar. Onde estava Zayn? Será que o pegaram também?

Ao pensar nisso, meu coração deu um salto, trabalhando a mil enquanto eu tentava entender o que acontecia. A dor, definitivamente, não estava ajudando em nada. Fiquei olhando e tateando para fora da cama. Só então lembranças do banheiro vieram à minha mente... Será que eu estava aqui por causa deZayn? Assim que eu fiz essa pergunta, mais lembranças fortes - como se não bastasse a anterior - se chocaram contra a minha cabeça, fazendo-me ter a sensação que doía mais que o normal.

Flashback

Tudo estava rodando, embaçado e em movimento. Eu piscava os olhos, tentando lembrar como parara ali. Mas minha mente só me conduzia até o momento que minha cabeça bateu contra a parede... falando nela, estava doendo mais que qualquer dor que já senti durante esses anos. Pisquei mais algumas vezes, levantando um pouco a cabeça. Estava dentro de um carro, numa estrada escura que era iluminada apenas pelos faróis. A estrada passava por mim mais rápido que devido, fazendo-me sentir meu enjôo piorar. Zayn estava ao meu lado, rígido.

- Para o carro. - Pedi fraca, levantando-me mais da minha posição deitada. Ele não me deu ouvidos. Me enfureci, querendo voltar para o restaurante. Martin acharia que eu o havia abandonado e não era o caso. - Já mandei parar essa droga de carro! - Gritei. Aquele filme iria se repetir?

Me arrependi de ter gritado. Não apenas porque minha cabeça doeu mais, mas porque Zayn me fuzilou com o olhar. Apenas dois segundos desse olhar foram o suficiente para que eu perdesse minha voz, mas, claro, eu tinha que sair dali. Só Deus sabia onde ele me levava e, aparentemente, não seria um bom lugar. Fiquei quieta por alguns segundos, pensando no que fazer. Lembra-se da minha sensação estranha? Pois bem, ela agora parecia ter se transformado em outra sensação... diferente, porém ainda estranha. Mesmo com Zayn ao meu lado, deixando seu perfume maravilhoso circular pelo carro - que a propósito não era um Jaguar prata -, eu não estava gostando nada daquilo.

Na beira da vazia estrada havia uma espécie de casa de três andares, extensa e iluminada. Era bem simples e arrumada e havia um estacionamento à sua frente com apenas sete carros... Não apenas esse número, pois parei de contar quando Zayn estacionou perto deles e desceu do carro. Segurei com força o fecho do meu cinto; não sairia dali nem por um decreto. O homem de olhos , cabelos loiros e terno preto veio ao meu lado da carro, abrindo a porta. Zayn era estúpida, perigosa e ironicamente lindo. Ele me olhou com seu olhar obscuro mais uma vez, ao abrir a porta, como quem me manda descer do carro. Recuei, me encostando mais ao banco e segurando com mais força naquele maldito fecho do cinto.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora