Capitulo 11

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Após terminar meu café da manhã, fui até a sala. Lou estava lá, lendo um livro no sofá. Sentei no mesmo, de frente para a televisão e encarei o controle remoto. Não ditaram nenhuma regra quanto a televisão, não me proibiram de vê-la, nem me ameaçaram se eu tentasse assistir, então por que não? Peguei o controle lentamente, garantindo que Lou havia percebido e finalmente liguei a televisão, diminuindo o volume. Fazia tempo que eu não a assistia, então fiquei passando por todos os canais, sem prestar muita atenção. Minha mente voava quando eu via algum programa que não assistia há muito tempo como House, Law and Order: SVU, Cold Case, The Big Bang Theory, Lost entre outros programas que eu acompanhava sempre que podia. Havia passado pelos canais de desenho, música, filmes e estava chegando nos canais de noticiário. Porém antes que chegasse, Lou pegou o controle da minha mão com pressa, me fazendo olhá-lo confusa. Ele sorriu, parecendo sem graça e por sua pele clara no rosto pude vê-lo quase corar.

- Está me deixando tonto. - Disse. Colocou em um canal de filmes, pousando o controle ao seu lado, no braço do sofá e voltou a ler. Dei de ombros, virando minha atenção para a Tv. Estava passando "Atonement". Eu já tinha visto aquele filmes uma vez. Mas ainda assistindo-o novamente, eu desejava que Briony não dissesse nada, ficasse calada e não fizesse com que Robbie e Cecilia se separassem por um segundo que fosse. Desejava que o casal ficasse junto, feliz, para todo o sempre. Desejava que Briony encontrasse seu amor e que um dia pudesse convidar Robbie e Cecilia para almoçar em sua casa num belo dia de verão na Inglaterra. Mas nada disso aconteceu. Eu sabia que não ia acontecer, sabia que não podia mudar nada que havia acontecido, mas ainda assim uma esperança tola dentro de mim gritava para os personagens o que deviam fazer.

Eles não me ouviam.

Seguiam suas vidas, seguiam sua história, seguiam o que o autor queria que seguissem. Como ele pôde ser tão mal? Como o autor pôde escrever algo tão lindo e cruel ao mesmo tempo? Como um filme cheio de tristeza pode ser tão maravilhoso e como pode fazer com que quem assista - pelo menos no meu caso - deseja ter uma história de amor tão linda assim em meio a conflitos familiares, mentiras, assédios, guerra... como? Sem que eu percebesse, eu estava chorando, exatamente na cena que mostra o que realmente aconteceu ao Robbie e à Cecilia. Não sabia por que estava tão sensível, mas aquela cena conseguiu me fazer chorar, sendo que na primeira vez que assisti, apenas senti uma pontada no meu peito, nada mais. Agora parecia que eu havia passado por tudo aquilo, que estava distante de quem amava, que eu havia perdido tudo o que tinha, me sentia no lugar de cada personagem, chorando o que cada um deve der passado. Acho que o que mais doeu foi quando me coloquei no lugar de Briony. Estava tudo nas mãos dela. Talvez se não fosse por ela, tudo estaria bem. E bom, ela sofria todo os dias as dores da culpa que devia consumí-la. Briony estava arrependida e não podia mudar o passado, apenas em seu livro. Sua dor devia ser avassaladora.

Lou me olhava discretamente, com o livro perto do rosto. Meus soluços eram baixos e solitários, enquanto minhas lágrimas molhavam minhas bochechas incontrolavelmente. Subitamente, pensei em Zayn, arrependido, no momento em que pedia perdão pelo que fez. Não sei se foi pela minha sensibilidade momentânea, mas eu pude - não me pergunte como - sentir como seria se estivesse em seu lugar, mesmo nunca estando. Só então percebi que eu podia perdoá-lo, que eu devia perdoá-lo. Não havia motivo aparente - pelo menos agora - para não fazê-lo. Finalmente enxuguei o rosto, me levantando do sofá em um pulo. Ignorei os olhares curiosos e confusos de Niall e Lou e subi as escadas correndo. De repente, senti meu corpo queimando, principalmente em algumas regiões específicas. Precisava ver Zayn logo.

Como sempre aconteceu e sempre aconteceria, só me aquietei quando fiquei de frente para a porta dele. Fiquei encarando-a, ofegante, com meu coração quase saindo pela boca, podendo ser ouvido por mim tamanha era a força e rapidez que batia. Como de costume, entrei em conflito comigo mesma: parte imaginava um filme em minha em minha cabeça, me colocando no lugar da principal e colocando Zayn no lugar de mocinho. Esta era a cena na qual a principal e o mocinho trocariam juras de amor, ofegantes, com um em cima do outro, em movimentos que os deixariam exaustos e sem ar. Outra parte me mandava colocar os pés no chão, me mandava ir para o quarto e planejar uma fuga foda, mas eu não podia fugir. Eles me encontrariam na metade do caminho - o caminho seria outro problema - e fariam mal a alguém. Ou a mim, ou para ambos. Eu não queria isso.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora