70ª Edição, Jogos Vorazes (CANCELADA)

IX

Um grande espaço cinza é revelado, várias stands com armas estão distribuídas pelo espaço. Arco e flecha, lança facas, espadas, arremesso de pesos e outras armas que eu nunca tinha visto antes. Não está disponível qualquer tipo de arma de fogo no treinamento e nem na arena, em compensação várias armas torturantes ficam acessíveis.

Todos os tributos estão usando a roupa de treino preta como a minha, o que nos difere é o número do nosso distrito que fica bordado no ombro.

- Acho melhor a gente seguir o conselho do Haymitch e procurar por habilidades de sobrevivência. - falo para Laura.

- Tudo bem, que tal começarmos por ali? - disse ela apontando para a stand com os dizeres "Técnicas para acender fogueiras."

Uma instrutora baixa nos ensina como acender uma fogueira com dois gravetos, presto atenção nos movimentos que ela faz e repito.

- Um pouco mais de força e agilidade. - aconselhou a instrutora.

As fagulhas já estão pulando, agora só preciso alimentar a chama. Quando vou pegar um pouco de palha seca, uma faca passa pela minha orelha e crava na madeira que está a poucos centímetros da minha mão. Sinto um frio na espinha e me viro para ver o que está acontecendo.

O casal do distrito 1 e o do distrito 2 estão gargalhando enquanto me olham. O garoto loiro do distrito 1 está com várias facas na mão, ele jogou aquela faca para me assustar e agora todos me olham como se eu fosse a presa que eles vão devorar. Meu sangue ferve, mas eu não tenho chance com esses carreiristas. A não ser que eu use minha cabeça, pois pela força eles com certeza vencerão.

- Calma Nicolas. - Laura segura meu pulso que se encontra fechado.

Tiro meus olhos dos malditos carreiristas e olho para Laura.

- Tudo bem, eles não perdem por esperar.

- O que você está pensando? Nicolas, eles são mais fortes, você não tem chance contra eles.

- Eles podem ser mais fortes, mas são burros. - falei olhando para os olhos castanhos de Laura.

Vou até a stand de pesca e pego um rolo de linha transparente feita com materiais resistentes. Encontro duas prateleiras e posiciono elas paralelamente com um espaço de mais ou menos dois metros entre uma e outra. Amarro a linha entre as prateleiras, passando a linha três vezes pelo espaço, ela fica bem esticada e quase imperceptível. Pego uma lata de tinta vermelha na stand de camuflagem. Faço tudo isso com a maior cautela para que ninguém perceba. Derramo a tinta pelo piso lambuzando o chão entre as estantes. Está tudo pronto, agora é só atrair minha presa.

Vou até o grupo dos carreiristas que está no outro lado do centro de treinamentos.

- Ei mocinha do distrito 1! - Falo para o grupo, enquanto eles tentam acertar flechas no alvo.

A garota loira metida, vira o tosto com olhar de desprezo.

- Eu não estou falando com você, estou falando para a mocinha que gosta de atirar facas.

- Você está falando comigo? - perguntou o garoto do distrito 1.

- Achei que você fosse um pouco mais inteligente para entender as coisas.

- Pega ele Brad! Disse o garoto de cabelo preto do distrito 2.

Brad avança para o meu lado sorrindo e estalando os dedos, ele começa correr e minha direção. Corro esbarrando em mesas e jogando-as no caminho para o atrapalhar, mas ele é bom, consegue saltar os obstáculos sem dificuldades e continuar atrás de mim. Parto em direção as prateleiras que transformei em armadilha e contorno elas me escondendo na parte de fora da armadilha.

- Onde está você? Ficou com medo garotinho? - perguntou ele entrando para dentro das prateleiras.

Vou até a parte de fora da armadilha ficando a alguns metros da linha e de frente para ele.

- Medo de um idiota como você? Acho que não. - retruco cruzando os braços.

Ele está entre as prateleiras e a poucos metros da linha, de repente ele começa a correr em minha direção com toda velocidade.

Sua perna é impedida de continuar a corrida pela linha que o joga no chão. Um forte barulho ecoa pelo centro de treinamentos, fazendo com que todos venham ver o que aconteceu. Brad levanta o rosto, sua cara está toda suja de tinta vermelha que eu espalhei pelo chão. Todos os tributos começam a rir.

- Parece que o caçador caiu na armadilha da presa. - Falo sorrindo.