70ª Edição, Jogos Vorazes (CANCELADA)

XX - A ARENA

O elevador para e as portas se abrem, uma grande área aberta é revelada. A luz do sol ofusca minha visão por alguns segundos. Meus olhos se acostumam e avisto um grande aerodeslizador de cor cinza metálico pousado no que parece ser uma enorme pista.

- Tenho uma ultima coisa para falar para vocês. - disse Haymitch apoiando seu braço em meus ombros. - Assim que vocês estiverem na arena, logo após a contagem regressiva para o jogo começar, não corram para a cornucópia, por mais que ela pareça tentadora. O banho de sangue acontecerá lá. Vários tributos morrerão tentando pegar as dádivas que estarão recheando a cornucópia. Corram para a direção oposta, assim vocês estarão mais seguros durante o primeiro dia. Entenderam? - perguntou ele olhando para eu e Laura.

É muita informação para absorver. Mas o que ele diz é verdade, nos jogos anteriores os primeiros minutos na arena são uma chacina horrorosa.

- Entendi. - responde Laura.

Assinto com a cabeça concordando.

- Adeus crianças... - Disse Effie nos abraçando simultaneamente.

- Adeus Effie. - disse Laura.

- Adeus. - falo para Effie apertando sua mão.

- Adeus, menina Laura. - despediu Haymitch envolvendo Laura em um forte abraço.

- Adeus garoto. - Haymitch me abraça. - Aliás, até breve. - seus lábios sussurram em meu ouvido.

Será mesmo que ele também acredita nisso?

- Adeus. - digo com os olhos cheio de lágrimas.

Dessa vez deixo as lágrimas rolarem, elas falam mais que mil palavras.

Dois pacificadores nos interrompem. Eles nos pegam pelo braço e nos guia até a grande rampa do aerodeslizador. Lá dentro todos os tributos já estão sentados em poltronas fixadas nas paredes dos dois lados. Não é bonito aqui dentro, mas é organizado e limpo. Parece algo usado para algum tipo de missão dos pacificadores.

O pacificador que me segura me leva para uma das poltronas, e prende meu cinto, enquanto o outro leva Laura para uma poltrona fixada na outra parede, ela fica de frente pra mim, em uma distância de uns quatro metros.

A garota do distrito 11 Soraia, está do meu lado direito, no meu lado esquerdo não há mais poltronas, apenas um longo vazio até a rampa.

A rampa que entramos começa a subir revelando que também é uma grande porta. Tudo fica escuro por alguns segundos, nesse momento percebo que aqui não tem janelas. Luzes brancas ascendem de uma só vez no teto. Olho para Laura. Ela parece assustada.

Sinto quando o aerodeslizador sai do chão, ele começa subir até ficar estável. É quase imperceptível seus movimentos, poderia falar que estamos parados.

Uma mulher vestida de branco como um enfermeira se aproxima de mim.

- Estica seu braço direito. - ela fala de maneira ríspida.

Em suas mãos vejo um tubo metálico de aproximadamente vinte centímetros.

- Para quê? - pergunto.

- Preciso inserir seu chip de localização.

Estico o braço apreensivo, ela posiciona a face do tubo bem no meio do meu ante braço. Uma dor rápida me incomoda. Afasto o braço e uma pequena luz azul se acende e logo se apaga por de baixo da minha pele.

Ela vai em cada poltrona e repete o processo em todos os tributos, até chegar em Laura que foi a última.

*****

O aerodeslizador pousa e a porta desce se transformando novamente na rampa. Vários pacificadores entram e cada um deles vai a frente de cada tributo sentado em sua poltrona. O pacificador que está a minha frente abre meu cinto e pega meu braço me levantando.

Nenhum tributo diz nada, assim como foi em toda a viagem.

Saímos do aerodeslizador e somos guiados até a pista, os pacificafores nos dirigem até um tubo subterrâneo no chão, descemos as escadas e encontramos um longo corredor que faz curva para direita e esquerda.

O pacificador me dirige para o lado direito, olho para trás e vejo Laura sendo guiada para o lado esquerdo. Várias portas metálicas estão disposta no corredor, elas darão nas catacumbas, que são alojamentos temporários em baixo da arena.

O Pacificador abre uma das portas e me coloca dentro do quarto, ele fecha a porta atrás de mim e ouço um barulho metálico. A porta foi trancada.

Vejo Vick sentada em um sofá ao lado de uma mesa farta de alimentos. Ela me observa calada, enquanto olho atentamente tudo.

É um quarto pequeno, mas elegante. Paredes brancas com quadros enfeitando o ambiente,vejo uma outra porta que deve ser o banheiro, alguns vasos de planta e um círculo de metal no chão. É o lançador, aquilo me colocará na arena, ainda não entendo como.

- Nicolas... - disse Vick se aproximando de mim.

- Oi Vick... - respondo.

- Tome um banho, e vista as roupas que estão no banheiro.

- Ok.

Ela me leva até a outra porta e vejo um banheiro simples, mas bonito. Tomo um rápido banho na ducha e visto a roupa preparada para os tributos.

Roupas de baixo simples, uma blusa cinza escuro, calça que parece jeans, mas bem mais flexível e resistente, uma jaqueta de um tecido grosso, com vários bolsos e um par de botas de couro preto.

Saio do banheiro e Vick me espera sentada. Sento ao seu lado.

- Estou com medo. - digo quebrando o silêncio.

- Eu sei. - diz ela.

Ela não tenta me enganar, inventando uma mentira para me confortar, ela está sendo honesta, sendo amiga.

Seus braços me envolvem durante um longo abraço. Uma voz feminina quebra o silêncio. Ela fala para que eu me prepare, manda eu me posicionar em cima do circulo metálico no chão.

Vou até ele enquanto uma contagem regressiva começa.

60...59...58...

- Nicolas, quero que saiba que eu acredito em você. - disse ela.

54...53...52...

- Verdade? - pergunto.

50...49...48...

- Você pode não ser o mais forte, mas é o mais inteligente.

44...43...42...

- Obrigado por acreditar em mim. - falo.

38...37...36...

- Até logo Hot Boy! - disse ela me beijando na bochecha.

32...31...30...

Um cilindro de vidro, desce do teto envolvendo meu corpo dentro dele. O círculo de metal começa a me erguer e vai me levando lentamente para cima, fico olhando para Vick até tudo ficar escuro. Devo está na camada de solo da arena.

Uma luz forte ofusca meus olhos, e uma brisa sopra em meus cabelos. Me acostumo com a claridade e percebo que já estou na arena.