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↬ Noah Narrando ↫

                   
Me sento encostado na "parede" da caverna e olho para a Sina.

                   
- Eu costumo vir aqui quando quero pensar, você é a única que sabe desse lugar, além de mim é claro. - A loira abre um sorrisinho - Mas é melhor quando está escuro, sai luz chata. - Desligo as luzes deixando o lugar um completo breu, eu consegui escutar a risada da alemã

                   
- É um bom lugar, o que você faz aqui?

                   
- Nada, é só um lugar que eu fujo quando preciso extravasar. - Mesmo no escuro eu consegui ver a cacheada assentindo.

                   
- Ei! O que é isso? - Escuto a voz da Sina. Nós estávamos invisíveis para o outro, isso era interessante.

                   
- Se for uma garrafa. A Linsey me deu e disse que era uma bebida muito boa, eu disse que bebi mas trouxe para cá.

                   
- Entendi..

                   
- Quer experimentar?

                   
- Eu nunca tomei bebidas alcoólicas..

                   
- Vamos lá, você precisa se soltar mais, viver os prazeres da vida adolescente.

                   
- Falou a pessoa que não gosta de sair de casa para ir a uma festa.

                   
- Sem essa! - Falo com um sorriso nos lábios.

                   
- Ok, eu estou indo para perto de você, continua falando.

                   
- Meu nome é Noah Urrea e está muito escuro, então você deveria vir até aqui de onde a minha voz está saindo, mas o problema é que a acústica nesse lugar é realmente.. e-i, esse é o meu joelho.

                   
- Oi.

                   
- Oi.. as damas primeiro.

                   
- Tudo bem... - Ficou tudo em silêncio por um tempo - Cruz credo, parece que você está bebendo água de azeitona com açúcar e cinzas de um isqueiro. - Solto uma risada baixa.

                   
- Você ainda está viva?

                   
- Eu não sei. Agora é a sua vez. - Procuro pelo ar até achar a garrafa ao meu lado. Levo a mesma até a minha boca e dou um um pequeno gole. O líquido desce rasgando pela garganta e eu agora quero beber leite condensado para tirar o gosto.

                   
- Uou! Cara. É como dar um beijo de língua em um dragão, e não é meme! - A loira começa a rir.

                   
- Posso contar uma história?

                   
- Opa. Uma história de Sina Deinert, eu deveria trazer um gravador. - Eu consegui visualizar a imagem da Any revirando os olhos com um sorriso nos lábios.

                   
- Para onde foi a sua mão? - Ela fala num tom divertido depois de um tempo que soltamos as nossas mãos. Ela segurou a minha logo depois que deu um gole naquele treco.

                   
- Ela tá suada..

                   
- Eu não lig.. Ah, oi..

                   
- Oi.. - Falo quando sinto os nossos dedos se entrelaçarem.

                   
- Certo, quando eu era pequena, ainda morava na Alemanha. Eu costumava ser uma criança forte, sempre defendia as minhas amigas dos "garotos malvados", eu era a garota durona.. - A Sina fala com a voz baixa. - Eu era considerada a pessoa mais inteligente da turma, poderia ser uma criança mas eu sabia do que eu era capaz. Tudo começou a desandar quando as outras crianças começaram a me zoar por uma coisa que eu me orgulhava, isso tudo me deixava extremamente triste, eu comecei a errar as questões das atividades de propósito para ver se tudo acabava e.. cadê você? Ah. Oi joelho, oi batata da perna. - Abro um pequeno sorriso enquanto ouvia ela - A ladeira só descia, os meus pais começaram a brigar muito e decidiram se divorciar pelo bem dos dois. Tudo só piorou na escola, chegou uma hora que eu implorava para faltar as aulas. A minha mãe se organizou e nós duas nos mudamos para a casa ao lado do muro. Com tudo desandando eu deixei de ser a garota durona, eu desabo por tudo, até das coisas mais bestas para as coisas que realmente machucam. Minha mãe sempre ficou ao meu lado, mas quando nos mudamos ela se afastou brutalmente, por isso toda vez que eu lembro dói. Mas essa garota fraca..

                   
- Eu não acho isso.. - Falo em um sussurro.

                   
- O que você disse?

                   
- Nada, só estava pensando alto.

                   
- Essas são as melhores pessoas, elas gostam da gente de verdade, as que se sentem confortáveis em pensar alto quando estão ao seu lado.

                   
- Ou as pessoas que nos mostram que mordem a almofada do dedão quando estão pensativas.. - Falo me lembrando da pequena mania que ela tinha.

                   
- Ou que mostram os nossos esconderijos.. - O meu coração já estava acelerado dentro do peito. - Você não me deixou terminar a história, eu ia dizer que essa garota fraca encontrou uma pessoa com quem pode contar, e essa pessoa.. essa pessoa ajuda muito ela, em todos os sentidos. - Engulo em seco e fecho os meus olhos - Oi.. - alemã fala baixo.

                   
- Oi. - Repondo no mesmo tom de voz que ela.

                   
- ...

                   
- ...

                   
- ...

                   
- Uau, isso foi divertido, vamos fazer de novo?

                   
- Negócio fechado!

                   
E os lábios da loira se juntaram com os meus mais uma vez em um beijo tímido..

-

4/10

𝗢𝗶, 𝗾𝘂𝗲𝗿 𝗰𝗼𝗻𝘃𝗲𝗿𝘀𝗮𝗿? ; Noart ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora