𝗢𝗶, 𝗾𝘂𝗲𝗿 𝗰𝗼𝗻𝘃𝗲𝗿𝘀𝗮𝗿? ; Noart ✓

05

↬ Sina Narrando ↫

                   
    4 semanas, faz exatamente 4 semanas que eu e o Noah nos encostamos no muro e ficamos conversando durante horas. Quando não tinhamos assunto apenas contávamos piadas ou eu escutava o Noah tocar.

                   
    Hoje ele não pode ir para o nosso "encontro" pois vai fazer um trabalho na casa de uma amigo. E logo hoje, a minha mãe decidiu não voltar para casa. Ela começou a passar as noites e algumas tardes em casa, nós assistimos filmes ou conversávamos por besteira. Mas ela não ficou hoje.. nem ontem.

                   
    As mensagens que ela me mandavam eram tipo, eu estou bem, estou na casa de uma amiga, estou no trabalho, não se esqueça de comer e etc.

                   
    Suspiro e fico andando pela casa. Eu tentava achar alguma coisa para fazer, mas nada aparecia. Até eu perceber que eu estava empurrando a pequena dor da solidão para longe. Por que eu fui perceber? Essa dor começou a subir, invadiu o meu subconsciente e pedia para que eu extravasasse. Quanto mais eu segurava, mais agoniada eu ficava. Por que eu preciso chorar depois de 1 mês e alguns dias? Por que dói mais que antes?

                   
    Eu tinha a resposta dessa última pergunta. Estava tudo dando certo, eu tinha a atenção que eu queria da minha mãe, mesmo que por algumas horas por dia, eu tinha. 

                   
  E quando ela não estava lá, eu tinha o Noah para conversar. Depois desse tempo me desacostumei a ficar sozinha no meu canto, agora eu percebo o quanto a solidão pode ser horrível e angustiante.

                   
    Não sei como fui parar no jardim, nem quando anoiteceu. Mas eu consegui ver as estrelas e a lua, elas pareciam sorrir para mim.

                   
    Me assusto quando passo pelo sensor de movimento e as luzes do jardim se acendem.

                   
    Me sento em um banquinho que fica encostado no muro e respiro fundo. Maldito muro! Ele não era tão alto, mas era muito largo, como se fosse o fim da cidade, na verdade, era o fim da cidade.

                   
    Não sei bem como, nem quando, me entreguei as lágrimas e aos soluços. O meu corpo tremia ao sentir o vento frio que habitava na noite, mas esse era o menor dos meus problemas.

                   
    Eu pensava em como a minha vida mudou da noite para o dia. Alemanha, Califórnia. Escola, estudar em casa. Rodeada de pessoas, me encontrava sozinha.

                   
    Eu não poderia me sentir mais estúpida que isso. Nunca me enganei tanto ao pensar que ia ser melhor aqui.

                   
— Si? — Escuto uma voz conhecida por mim e tento engolir o choro.

                   
— O.. oi, princeso. Você está bem? — Tento soar firme, mas a minha voz entregava o meu estado.

                   
— Eu sim. Mas por que você está chorando? — Aperto os meus olhos e suspiro.

                   
— Eu não estou chorando! — Engulo em seco e disfarço um soluço com um suspiro.

                   
— E eu sou o Batman..

                   
— Desculpa, eu só.. — Volto a tentar impedir o choro, mas não conseguia. — Só me sinto..

                   
— Calma, eu.. — O Noah respira fundo. — Eu vou!

                   
— Am? — Minha testa fica franzida enquanto olho para cima. Eu estava mais confusa que uma tartaruga no meio das galinhas. — Noah, o que você.. — Minha boca se abre em um perfeito "o" quando vejo as pernas do garoto passando para o meu lado do muro. Seco as minhas lágrimas e fico olhando para ele enquanto o mesmo limpa as roupas.

                   
↬ Noah Narrando ↫

                   
    Quando os meus pés se encontram com o chão eu não pude ficar mais aliviado por não me arrebentar todo no chão. Limpo a minha roupa por causa da poeira que ficou presa nela e subo a minha visão para a garota na minha frente.

                   
— Uou.. — Foi tudo o que eu consegui falar. Ela tinha uma expressão surpresa no rosto. Os cabelos loiros estavam caindo sobre os seus ombros descobertos. Ela usava um pijama que era um short e uma blusa de regata. — Você não é como eu imaginava.. — Ela me olha confusa. — Não, é só.. você.. calma. — Respiro fundo e olho para a alemã. — Você superou as minhas expectativas.. — Vejo as bochechas da Sina corarem enquanto ela tem um sorrisinho tímido no rosto.