Após o período na pousada com Jiyong, Victória criou o hábito de meditar ao acordar, e por este motivo costumava ser a última a sair do quarto. Antes de ir ao encontro dos amigos na mesa de café da manhã a jovem decidiu tomar um banho. O chuveiro da hospedagem era potente e relaxante então ela aproveitou ao máximo, até ser interrompida com algumas batidas na porta.
- A porta está aberta. – Ela gritou do box, uma vez que não era possível ver a pessoa tomando banho através do vidro espelhado. – Quem é?
- É o Jiyong, eu preciso conversar com você. – Ele respondia da porta do banheiro.
- E isso não pode esperar eu terminar o meu banho?
- Preciso conversar a sós e você está sempre acompanhada. – Jiyong então entrou no banheiro e se sentou no chão, encostando as costas na parede ao lado do box. – Vai ser rápido, prometo.
- Você precisa devolver essa intimidade toda que eu não te dei, mas fala.
- Ontem eu e Helena passamos a noite toda conversando. Ela me contou a respeito da faculdade, de a quanto tempo vocês se conhecem, da família dela, inclusive a mãe dela parece bem… Difícil.
- Olha eu posso apostar que ela não te contou nem metade dessa história, mas continue.
- Acho que foi a primeira vez que nós conversamos mesmo, sabe? Quero dizer, os dois sóbrios e sem discutir.
- Você quis dizer a primeira vez que você estava sóbrio, porque a Helena não bebe.
- Eu sei, ela me contou isso também.
- Eu já entendi, conversa longa, ela te falou várias coisas. O que eu tenho a ver com isso?
- O que estou tentando dizer é que eu acho que estou realmente interessado nela. Eu já achava isso antes, mas a cada vez que converso com ela tenho ainda mais vontade de conhece-la sabe? Eu passaria horas ouvindo a respeito da teoria dos frutos da árvore envenenada no direito penal brasileiro, só para ouvir a voz dela pronunciando aqueles termos jurídicos complicados. – Sem perceber, o rapaz soltou um suspiro, fazendo a Victória rir. – O que foi?
- Eu não sei o que é mais engraçado, o fato da Helena ter te dado aula sobre o direito brasileiro ou de você ter gostado! – Ela continuava rindo enquanto falava. – Fora que você, o frio e sem coração, suspirando apaixonado é a coisa mais engraçada que eu já ouvi.
- Achei que me daria conselhos, mas você não está ajudando em porra nenhuma.
- Se for ficar de grosseria aí que não ajudo mesmo. – Victória agora tinha um tom mais sério na voz. – Olha, se você está interessado precisa demonstrar isso, e não estou dizendo para se atirar nos braços dela ou fazer coisas exageradas e sair por aí gritando que a ama quando um eventual não surgir.
- Eu não seria tão exagerado assim. – Os dois ficaram em silêncio por um instante, até que o rapaz continuou. – Ok, talvez eu já tenha sido assim no passado, mas não serei mais! É engraçado, mas com ela é diferente. Todos os outros relacionamentos que tive sempre foram intensos do início ao fim. Com a Helena eu sinto vontade de vê-la, quero estar com ela e conhece-la, mas não é porque me sinto dependente disso. É como se invés dela me causar uma grande adrenalina, como os outros relacionamentos causavam, ela trouxesse uma sensação de calmaria e paz. Faz sentido?
- Faz Jiyong, se chama relacionamento saudável.
- Nossa, então eles são assim? – Ele perguntou em um tom debochado.
- Pelo que li, sim, mas também só sei na teoria. – Os dois riram, até que foram interrompidos por outra batida na porta. – Quem é?
- É o Seunghyun. – Com isso, Victória entrou em pânico. – Posso entrar?
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Jibe Gajima.
FanfictionNo país onde os sonhos parecem se realizar um grupo de amigos decide tentar a sorte em uma nova carreira, porém o curso de tudo muda quando Helena recebe uma proposta irrecusável: Ser o suporte emocional secreto de um artista. Antes que tomasse cont...