Capítulo Quarenta e Quatro

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"Aquele que não tem confiança nos outros, não lhes pode ganhar a confiança."

A confiança.

Ela demora para ser conquista, mas pode ser perdida em segundos, quando se perde nada volta a ser como antes, sempre haverá um momento em que nos perguntaremos se podemos ou não acreditar, confiar; duvidáremos sempre.

"É preciso ter dúvidas, só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos."

Dizia Orson Welles, mas, dúvidas não nos deixam paranóicos? Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.

"Se a dúvida está te desafiando e você não agir, as dúvidas crescerão. Desafie às com ação e você crescerá. Dúvida e ação são incompatíveis."

Desafie às.

Mas como restabelecer a confiança?

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela. Confiar com a alma só faz com que ela se desfaça com rapidez, cada decepção leva um pedaço de si, afinal, você a confiou em outra pessoa.

A confiança é um edifício complicado de ser construído, fácil de ser demolido e muito difícil
de ser reconstruído. Trocadilhos fáceis de compreender difíceis de reproduzir.

Construir o edifício, se necessita tempo, mas nem sempre damos o tempo que precisa, colocamos os carros na frente dos bois.

Demolir o prédio é trágico, um prédio tão bonito feito com admiração, paciência e sentimentos puros, mas é inevitável.

Reconstruir leva muita mão de obra, mas agora não à tanta admiração, a paciência se esvaiu, os sentimentos puros se partiram.

Então o que resta?

Ok, exagerada? Sim.
Fora de rumo? Não.

Confiei uma vez em Rafael, mas fui desapontada, agora que preciso, como vou confiar novamente?

Arriscando minha vida, parece ser a única solução.

Entre reviradas de olhos, gemidos contidos, respiradas profundas e mandíbula contraída, sigo com dificuldade Rafael por um corredor empossado e o silencioso o suficiente para ser assustador, a pouca iluminação me fazia ter certeza que em breve algo surgiria e pularia em nossa direção.

Como uma ordem, um homem com seus um metro e noventa mais alguma coisa, se posicionou a nossa frente. Suas mãos, braços, rosto e pescoço eram todos marcados por tatuagens bizarras. Seu olhar se recai por todo meu corpo, e só depois de ter me fiscalizado ele enfim da atenção para quem está um pouco a minha frente.

Rafael aperta a arma em sua mão, provavelmente se perguntando se teria que usá-la. É claro que ele teria que usá-la mais de uma vez nesse homem, ele é uma parede de músculos. Lutar seria dar bobeira, teríamos que usar algumas balas, o que ocasionalmente iria chamar a atenção de todos que estavam desenformados da nossa fuga.

A parede de músculos e tatuagens não sede passagem, nem se pronuncia, Rafael inclina seu pescoço para o lado, enquanto eu me pergunto qual será seu próximo passo ou se seria eu quem teria que retirar a nossa pedra no sapato.

Em questão de segundos, milésimos segundos, o moreno, aponta, engatilha e dispara uma bala certeira na garganta do fanfarrão, que cai como uma avalanche sobre a água.

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