Capítulo Trinta e Quatro

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Adentro a cozinha do apartamento de Donato e o encontro sentado em uma pequena mesa redonda recheada de comida em cima.

_Bom dia. -Falo caminhando descalça até ele.

_Bom dia. E aí, conseguiu descansar um pouco? -Ele pergunta passando o guardanapo de tecido sob os lábios.

_Um pouco, sim. -Suspiro, me sentando em sua frente.

_Não é querendo te pressionar sobre seu próximo posicionamento, mas, o que vai fazer agora?

_Vou voltar para a minha vida de casada ué. -Bebo o líquido preto que coloquei na xícara.

_Ok, então se você vai voltar significa que o homem lá fora vai parar de me seguir na rua e vigiar a porta?

_O que? -Pergunto confusa.

_Tem um homem lá fora, fui ao mercado hoje cedo e ele me acompanhou o caminho todo. -Donato fala sem transparecer nenhuma preocupação.

Como se ser vigiado fosse normal.

_Não acredito que Leonardo fez isso.

_É claro que ele iria fazer isso, ele quer ter certeza de que você não vai fugir ou dar pra trás no acordo.

_Eu não ia fazer isso, eu não seria tão idiota sabendo que ele pode me achar até no inferno se quiser.

Donato assente.

_Tem certeza de que quer voltar?

_É só por um ano não é? Já se passaram três meses e se eu me manter ocupada com algo, o tempo vai passar rapidamente.

_Ainda faltam nove meses Isabella, nove meses é muita coisa.

Nove meses realmente é muito tempo. Mas que outra escolha eu tenho?

Leonardo pode me enganar e depois de um ano me matar? Sim.
Ele pode não me deixar ir embora e me internar num hospício quando eu ameaçar contar tudo para todo mundo? Sim.
Mas se eu fugisse, resultaria em gastar uma fortuna para conseguir me estabilizar em algum fim de mundo, e mesmo assim Leonardo poderia me encontrar.

Seria difícil sumir, ainda mais deixando todos que são importantes para mim para trás, correndo riscos.
Não sei do que Leonardo realmente é capaz, mas minha imaginação vai longe se tratando dele.

Tudo e que eu mais queria no momento, era que tudo acabasse logo.

_Eu vou sair e vou levar o vigia comigo para te dar espaço. -Digo saindo da cozinha sem esperar por uma resposta de Donato.

_A onde vai? -O ouço perguntar quando me afasto.

_Ver se consigo fazer o tempo passar mais rápido. -Respondo procurando alguma roupa adequada na mala para poder sair.

_Ah vai comprar uma máquina do tempo é? -Donato se escora no batente da porta me olhando com seu deboche explícito.

Devolvo uma careta como resposta e aceno fazendo o mesmo sair do quarto.

[...]

Abro a porta recebendo a visão do corredor bem iluminado. Passo pela mesma e a fecho atrás de mim, logo encaro o homem alto de terno preto em minha frente com o olhar sobre mim.

Sinto o cheiro de seu perfume inundar minhas narinas, e respiro debochadamente.

_Tá cheiroso em. Vem, vamos dar uma volta. -Pisco para o homem e sigo para fora do corredor, sendo acompanhada pelo mesmo em silêncio.

Saímos do prédio e o homem retira um óculos escuro de dentro do paletó colocando-os.

Eu paro o observando e logo olho para o céu ensolarado.

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