Capítulo Quarenta e Um

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A risada perfeita de Leonardo preenche o carro e eu me seguro para não olha-lô com os olhos arregalados.

_Eu estava lá quando você simplesmente adentrou o galpão coberto por fogo. Tem noção de que poderia ter morrido lá? O local estava se despedaçando com as chamas. O que me levou a crer que você é maluca.

Não evito de soltar uma risada nasal. Sim eu sou completamente maluca, entrei no meio de um incêndio e tirei fotos de cadáveres no meio da fumaça.

Sim, também sou obcecada por Leonardo. Mas eu precisava de provas para poder engajar minha matéria. Eu só conseguia pensar em o quão bom aquilo seria para minha carreira, era necessário se eu queria ter um lugar de destaque no jornalismo.

_Ok, mas tenho meus motivos. Voltando ao assunto, por quê não me contou desde o início que sabia quem eu era?

_Nunca leu livros não, Isabella? Porra, achei que gostasse de um drama romântico. -Pergunta incrédulo.

Eu não acredito no que estou ouvindo.

_Os únicos livros que leio são sobre ficção científica, relatórios da humanidade ou biografias. Lamento se te desapontei. Mas o teu jeito aí foi muito mais complicado além de mentiras e mais mentiras.

_Queria que eu dissesse o que? Olá Isabella, sou eu Leonardo, o cara que você está tentando destruir, vi você esses dias no meu galpão em chamas, me apaixonei e acabei pesquisando tudo sobre a sua vida, quer se casar comigo?  -Ele diz com uma entonação engraçada.

_Exato, mas poderia praticar um pouco mais.

_Fala sério, eu nunca falaria pra alguém que me apaixonei, é completamente estranho dizer isso, e quando digo você faz piada com a minha cara?

_Tá bom, senhor sensível. Me desculpe, mas isso realmente é estranho.

Sua expressão se torna rígida e eu tento buscar as melhores palavras para descrever por completo o que sinto, sem querer machucá-lo de alguma forma se é que é possível.

_Tenta entender o meu lado, por favor. Um homem como você não parece o tipo que se apaixona. Um magnata frio e calculista, capo de uma organização criminosa extremamente perigosa que mata pessoas a sangue frio, as tortura e não demonstra um pingo de piedade, não gosta de se abrir pra quem está próximo de você e nunca demonstrou se importar de verdade, exceto as vezes que estava usando uma máscara falsa. Se torna difícil saber quando você diz a verdade já que tudo que te rodeia são mentiras. Eu acredito na parte de querer esconder que já sabia quem eu era, mas não consigo lidar bem com você dizendo que se apaixonou por mim, afinal isso pode ser só parte de algum dos seus grandes planos que olha só, eu nem sei quais são obviamente. Você queria que eu abrisse meu coração para você e, é isso que estou fazendo, é assim que estou me sentindo, tenho medo de estar com você e não saber o que pode acontecer a qualquer momento, me desespero quando penso que algo pode sair do meu controle, me sinto frustrada e boba por ter criado um sentimento inexplicável por você. Eu só queria que tudo fosse um pouco menos complexo sem toda essa burocracia para as coisas fluírem bem entre a gente.

Puxo todo o ar que me faltou enquanto eu me abria totalmente para Leonardo. Encaro o movimento na rua a minha frente, sinto uma lágrima involuntária molhar minha bochecha e escorregar até o canto dos meus lábios, trazendo um gosto salgado para minha boca.

A mão fria e macia de Leonardo toca meu rosto limpando o rastro que a lágrima deixou com as costas de sua mão, acariciando o local logo em seguida.

Nunca me imaginei estar tão entregue a alguém como estou a Leonardo até com um simples toque seu. Aquilo só me trazia o desejo de ter mais dele.

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