Capítulo Vinte e Três

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Sebastian estava com um leve rastro de rejeição nos olhos, seus dedos passeavam do rosto até o pescoço de "Sebas" que mordia um sorriso suavemente. Leonardo e eu sabíamos o que iria acontecer, mais não intervimos. Era um direito de Sebastian.
Seus dedos deslizavão por toda a região do pescoço de "Sebas" e sua pele se arrepiava ao toque.
Mas com agilidade Sebastian fecha sua mão em volta do pescoço do falsificado que se assusta com o ato.

_Avant de commencer, vous ne voulez pas nous dire quelque chose?
(Antes de começarmos, você não quer nos dizer alguma coisa?)

_qu'est-ce que tu fais? -"Sebas" gagueja.
(o que você está fazendo?)

Sebastian não parece se importar se está o machucando ou não, ele só quer descontar a raiva que está lhe possuindo. O ódio estampado em seu rosto assusta "Sebas", que luta fracassadamente contra a mão forte de Sebastian.

Leonardo observa atentamente o ato, sem reagir, ele estreita os olhos e quando vê que "Sebas" já iria perder a consciência, resolve interferir.
Ele se aproxima de Sebastian nocauteando-o na região do pescoço, o mesmo cai nos braços de Leonardo inconsciente.

"Sebas" cai pra trás se ajeitando na cama afobado, tentando respirar incontrolavelmente. Me aproximo dele, me sentando na beirada da cama, ele me olha com certo desdém e depois direciona seu olhar para Leonardo, imagino que se deve estar perguntando o que tinha acontecido a segundos atrás e quem éramos nós.

Com calma pego suas mãos, que seguravam seu pescoço na região do enforcamento e as abaixo dando visão das marcas de dedos bem visíveis.
Sebastian tinha realmente feito um estrago ali.

O encaro por mais uns segundos e me pronuncio em francês:

_Você está bem?

_Não. -Ele responde com tom amargo e com a respiração acelerada.

_Então, trate de ficar, as coisas só irão piorar. -Digo olhando para Leonardo que também se aproxima depois de ajeitar Sebastian no carpete.

_Onde o Cristian está? -Leonardo pergunta.

Eu analiso a expressão de "Sebas" mudar rapidamente para nervosismo. Novamente sua respiração fica incontrolável.
Era óbvio seu envolvimento. Eu não estava errada e aquilo me trazia tranquilidade. Meus sentidos estavam um pouco enferrujados por não serem usados a alguns meses, desde que parei com minhas investigações jornalísticas, mais toda a situação dizia que eu ainda tinha a manha.

_Eu não sei, eu só o entreguei para eles. -"Sebas" entrega o jogo.

_Foi rápido. -Olho para Leonardo em pé ao meu lado. _Pra quem você o entregou?

_Eu não sei quem são.

_Como assim você não sabe? Você se envolve com uma gente que não conhece? Esses belgos são todos assim? -Me levanto irritada.

_Conta o que aconteceu. -Leonardo se pronuncia cruzando os braços.
O ato fez com que seus braços fortes ficassem extremamente expostos dentro das mangas da camisa social. Meus olhos sobem até seu rosto impecável. Não era comum a beleza daquele homem.
As linhas de sua testa estavam contraídas, seus olhos verdes estavam escuros sem os rastros azuis. Eram apenas esmeraldas escurecidas. Sua mandíbula estava serrada, o que o deixava ainda mais sexy. Seus lábios carnudos de tom rosado eram perfeitamente desenhados. Sua barba era delicada e bem feita.

Sua postura estava receiosa, seus ombros tensos e largos mostravam preocupação. Mas preocupação dê quê? De perder o dinheiro que Cristian o deve? De perder um de seus negociantes?
Não, ali tinha mais coisa do que eu poderia imaginar, mas não me ocorria nada que poderia me explicar naquele momento.

Voltei minha atenção para o assunto, onde "Sebas" acabará de começar a se explicar.

_Assim que Cristian viajou para o Brasil, umas pessoas me encurralaram em uma rua. Me perguntaram sobre Cristian e quando ele voltaria. Expliquei que não sabia, mas eles insistiram para que eu os ajudasse, ajudasse em avisar quando Cristian voltasse para casa.
Eles disseram que não o fariam mal.
Então, quando o Cristian chegou de viajem no mesmo instante eu avisei para eles, que logo chegaram e tentaram levar Cristian, que estava um pouco relutante.
Cristian é muito forte e conseguiu derrubar muitas vezes os caras, então eu o empurrei quando estava distraído, ele caiu batendo a cabeça no degrau do hall de entrada.
Eu juro que não queria machucá-lo. Não foi minha intenção.
Os homens o pegaram desacordado e o levaram, mas não sei para onde. -Ele termina respirando fundo.

Ele estava contando por alto, faltavam os detalhes. Detalhes que talvez ele queira esconder pra não ter que sentir vergonha do que fez.
Ele não ajudaria pessoas que não conhece. Algo foi ganhado em troca.

_Poucos detalhes, mas já imagino que eles te pagaram uma boa grana. -Comento em um francês perfeito, eu diria.

"Sebas" me encara e abaixa o olhar suspirando alto, o que confirmava minhas suspeitas.

_Você não gosta da vida que você e sua mãe vivem. E quando a oportunidade bateu em sua porta você a deixou entrar. Deve ter sido uma quantia enorme. -Me sento novamente na cama.

_Quero que você entre em contato novamente com essas pessoas, agora. -Leonardo diz autoritário.

_Eu não posso.

_Mas você vai. Diz que algumas pessoas sabem onde eles estão mantendo Cristian e que você quer ajudar-los, afinal, você também está envolvido nisso tudo. -Leonardo levanta uma de suas sobrancelhas se sentindo um gênio maligno.

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