Capítulo Trinta e Cinco

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Abro a porta do carro, suspirando pesado e descendo do mesmo. Encaro a casa e minha angustia só aumenta. Pro meu azar a porta da frente se abre me dando visão do meu pior pesadelo.

Um pesadelo muito lindo por sinal. Seus cabelos negros estavam desgrenhados caindo sobre o rosto e se misturando com seus longos cílios.
Eu tive saudade daqueles olhos verdes, mas no momento eles não possuíam os traços azuis que eu tanto adorava.

Leonardo coloca as mãos nos bolsos de sua calça moletom e se escora no batente da porta.
Involuntariamente eu reviso meus olhos fechando a porta do carro.

_Gustavo pode trazer minhas malas, por favor? -Pergunto para o homem ao meu lado.

Ele responde com um aceno de cabeça e vai em direção ao porta malas.

Sem outra escolha eu caminho até Leonardo fazendo o barulho de meus saltos soarem agudos.

_Sentiu saudades maridinho? -Forçei um sorriso ladino.

_Voltou mais afrontosa do que antes. Só espero que seu plano não seja me matar enquanto durmo.

Eu não tinha pensado nisso, mas não seria algo ruim. Eu não sou uma assassina, mas seria alto defesa certo?
Errado, nós tínhamos um contrato no qual eu assinei por livre e espontânea vontade.

_Só saberemos no decorrer dos dias, amor. -Passo pelo mesmo, entrando na casa, me dirigindo as escadas.

Nosso quarto ainda estava como antes, exceto pela falta das minhas roupas e utensílios na penteadeira.
Me aproximo do criado mudo que era meu e vejo um bracelete dourado com esmeraldas, caro.

A porta atrás de mim faz um barulho e eu me viro vendo Gustavo colocar minhas malas sobre a cama. Leonardo aparece logo atrás observando tudo.

_Eu quero que Gustavo continue seus serviços comigo. -Digo chamando a atenção de ambos

Durante os quatro dias que estive fora, não parei de chamar o carrapato de Gustavo nem um minuto sequer. Quando me referia a ele, era assim que o chamava.

O mesmo já parecia até ter se acostumado.
Eu falava "Gustavo" E já tinha a atenção dele.
Fofo.

Leonardo olha intercaladamente de mim para o homem presente no quarto.

_Tudo bem. -Ele se vira para sair mas chamo sua até novamente.

_E não quero que traga suas amantes para essa casa. Existem motéis, se você não sabe. -Jogo o bracelete para ele, que segura sorrindo.

Babaca.

Ele se vira e sai do quarto.

Procuro o único rosto além do meu ainda no quarto e sorrio. Gustavo parece confuso, por algum motivo, mas em seguida abaixa a cabeça e se retira do cômodo.

Olho para minhas duas malas e faço uma careta com preguiça de desfasê-las.

Mãos na massa.

[...]

Estou sentada na poltrona na varanda do corredor do segundo andar, na companhia de Helena. Ela me contou sobre os últimos ocorridos na casa e sobre a mudança de humor de Leonardo após a minha partida, o que não me fez ficar muito surpresa.

_É bom tê-lá aqui novamente minha querida.

_É mesmo. -Leonardo aparece na varanda nos olhando. -Isabella, por que quer ter um segurança?

Seu tom é de dúvida, mas seu rosto contém sarcasmo por cada centímetro.

_Nunca se sabe quando vai precisar, e afinal, foi você quem o mandou cuidar de mim.

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