008

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Sabina Hidalgo

Despertei com fracas batidas na porta de madeira. Sentei-me depressa na cama e murmurei um sonolento "entra" que foi logo atendido e a figura de Heyoon logo ficou sob meus olhos sensíveis. Sorri fraco retribuindo o largo sorriso que me dera ao entrar.

- A Srta. Loukamaa pediu que eu trouxesse isso. - me entregou uma bolsa de gelo.

Peguei o conteúdo gelado e lançei um fraco sorriso na direção da mais velha. Apoiei a bolsa fria em minha bochecha direita, pressionando bastante para que tivesse o efeito desejado. Fechei os olhos com força no início, a dor era suportável, mas eu sentia como se o tapa estivesse se repetindo.

Heyoon encarou-me com o semblante preocupado e ao mesmo tempo aliviado. Quando eu ia perguntar se algo havia acontecido, ela se adiantou e sentou na ponta da cama hesitante em começar.

- Ela lhe bateu? - sua voz calma me perguntou.

- Sim... - respondi desviando o olhar para um canto qualquer.

- Me desculpe perguntar, mas o que aconteceu? Joalin é irritada mas não sabia que poderia chegar à esse ponto.

- Eu acabei falando mais do que devia e o que eu disse parece ter afetado ela.

- Perdoe-me a intromissão, mas o que disse exatamente? - insistiu.

- Que eu preferia que ela não tivesse me trazido para cá... mesmo que os custos fossem enfrentar aqueles velhos dos leilões. - expliquei. As expressões suaves de Heyoon se tornaram perplexas, como se não acreditasse no que eu acabei de dizer.

- E ela só lhe deu um tapa? Nem um tiro ou murro? - questionou surpresa.

Qual é a da baixinha? Tá querendo que eu apanhe?

Heyoon deve ter percebido minhas dúvidas já que balançou a cabeça rapidamente e se explicou.

- Não estou falando por mau, querida. Me desculpe. Melhor eu me calar antes que eu acabe me arrependendo.

- Tudo bem.

Heyoon me entregou a bandeja repleta de comidas e antes de passar pela porta, virou-se e levantou o polegar como se tivesse esquecido de algo.

- Aliás, a chefe disse que não será mais necessário trancar a porta. Pode passear pela casa quando terminar de comer, se quiser, é claro. - avisou.

Meus olhos enfim se acenderam. Portas se abrindo para que eu saia daqui o mais rápido possível. Com esse passe livre para explorar toda a casa terei mais chances de fugir. A pontinha de esperança que eu carreguei comigo desde que cheguei funcionou perfeitamente.

- E antes que sequer tente, Joalin mandou reforçar a segurança ao redor de toda a casa e pelas redondezas. Fora que para sair você tem de atravessar o portão principal que está sempre repleto de guardas. Priorize sua vida, querida. - disse por fim antes de fechar a porta e sumir de minha vista.

Comi intrigada, ainda pensando em uma explicação convincente para que Joalin me "soltasse". Foi pelo que disse? Ou foi sua forma de pedir desculpas pelo tapa? Talvez um teste? Ou uma desculpa para algo....

A Chefe da Máfia - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora