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Sabina Hidalgo

Após Joalin sair, me vi sozinha nesta casa imensa. Não havia nada para fazer se não fosse dormir ou comer, acabei por explorar mais alguns cômodos antes de voltar para meu quarto e passar o resto da noite encarando o teto ouvindo apenas os grilos cantarem. Foi assim até a noite cair. Em um momento senti minha barriga roncar, então desci para a cozinha e remexi alguns armários achando uma caixa de cereal e uma garrafa de leite. Funcionou bem, já que eu me sentia estufada ao comer a última colherada. Joguei as louças sujas na pia e subi de volta para minha caverna onde provavelmente eu cairia no sono já que minhas pálpebras pesadas alertavam meu cansaço.

Não lembro exatamente por quanto tempo fiquei apagada em um sono profundo, mas acordei no meio da noite com um som de passos pesados pelos corredores próximos ao meu quarto. Automaticamente meu corpo ficou em estado alerta e eu já podia sentir meu coração batendo mais rápido que o normal, tudo bem poderia ser a Joalin que tenha voltado, mas esses passos eram pesados demais para ser ela.

Levantei-me devagar e caminhei em passos lentos e silenciosos até a porta. Encostei meu ouvido ali mas os passos pareciam ter acabado. Respirei aliviada e abri a porta colocando apenas a cabeça para fora enxergando o imenso corredor vazio. Uma onda de alívio me atingiu dos pés à cabeça.

Desci as escadas e assim que cheguei na enorme sala vasculhei todo o local com meus olhos. Quando virei-me para voltar ao quarto tomei um susto digno de uma parada cardíaca com a loira parada à centímetros de mim me encarando com um olhar desconfiado.

- Santo cristo! - murmuro pondo a mão sobre o peito devido ao susto.

- O que está fazendo acordada? - perguntou séria.

- E-eu ouvi um barulho... e desci para ver... - engoli seco.

- Era eu. Não passou isso pela sua cabeça, Hidalgo?

Meu olhar que antes estava em seu pescoço agora ergueu para seu rosto cheio de hematomas roxos, além de uma ferida no canto de sua boca e um pouco de sangue no nariz.

- O que aconteceu? - pergunto apontando para seu rosto.

- Levei alguns socos. Algo à mais ou eu vou poder ir descansar? - questionou irônica.

Não lhe respondi, apenas me aproximei mais e, hesitante, toquei o corte aberto em seu lábio carnudo. Ela endureceu o corpo ao meu toque e deu um passo para trás me olhando com as sobrancelhas franzidas.

- Espere aqui.

Peço e corro até a cozinha abrindo um armário onde eu sabia que havia uma caixinha de primeiros socorros que achei durante a minha procura por comida naquela tarde.

Voltei quase correndo para a sala e a encontrei sentada em um dos sofás bufando impacientemente. Ergueu seu olhar para mim assim que sentei-me ao seu lado e abri a pequena caixa em minhas mãos. Seu olhar era calmo, mas parecia... curiosa?

Peguei um algodão e o molhei com álcool para desenfectar o machucado e remover o sangue ali ainda presente. Passei com cuidado no corte e depois nos outros locais machucados sem ouvir nenhum murmúrio de dor vindo de Joalin. Depois, peguei uma pomada e passei com o mesmo cuidado, segui com os curativos cor de pele e outra pomada sobre os hematomas roxos de seu rosto. Guardei tudo de volta na caixinha e a deixei sobre a mesa próxima ao sofá em que estávamos sentadas e fui em direção à escada para voltar ao meu quarto quando sua voz me impediu.

- Sabina... - me virei em sua direção. - Obrigada.

Minha sobrancelha franziu e tenho certeza que não consegui evitar a feição surpresa em meu rosto. Era a primeira vez em uma semana que ouvi Joalin agradecendo ou falando algo sem sua voz fria e mandona.

Ainda com a mesma reação, apenas assenti e continuei a subir as escadas seguindo até meu quarto e me jogando na cama em seguida. Voltei a encarar o teto da mesma forma que eu fazia muitas horas antes.

Fiquei pensando como uma idiota. Provavelmente Joalin deve ter falado aquilo da boca para fora. Não é como se de uma hora para outra ela fosse agir com pena ou simpatia. Ou ela estava bêbada ou bateu a cabeça muito forte em algum lugar. Opto pela segunda opção já que não houve indícios de bebida em seu corpo estável. Talvez os murros que recebeu devem ter afetado seus neurônios.

Eu deveria me preocupar com seu agradecimento inesperado? Ou aquilo era apenas um resultado positivo do meu plano?

Torço para que seja a segunda opção. Meus dias aqui estavam contados, se meu plano continuasse conforme espero não bastará duas semanas para eu me ver livre da loira. Voltarei para casa, para os braços dos meus irmãos e da minha mãe.

Custe o que custar.

...

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A Chefe da Máfia - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora