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Sabina Hidalgo

O trajeto até a favela demorou alguns minutos, aproveitei esse tempo em silêncio para encarar as ruas por trás da janela do veículo. Sorri ao observar um pequeno bebê, aparentemente, dar seus primeiros passos, já que os pais sorriam admirados. Me peguei com inveja por não ter tido uma infância saudável como esta...

- No que pensa? - Joalin me perguntou ainda com os olhos vidrados na estrada.

- Nada importante. - sorri fraco.

- Você mente muito mal. - afirmou.

- Que seja. - dei de ombros.

Senti sua mão direita se apoiar em minha mão esquerda que descansava em minha coxa. Ela a pegou e com o polegar fez carícias confortantes, meu interior se acalmou no mesmo momento.

Nos aproximamos do monte repleto por casas com pinturas coloridas. As pessoas transitavam sem parar, trazendo crianças ou sacos repletos de roupas velhas consigo. Diferente de antes, agora o local parecia uma simples vila, e não mais a temida favela.

- Foi você quem fez esta reforma? - a questionei quando descemos do veículo.

- Bom, eu dei as ordens e aparentemente, me obedeceram. - sorriu fraco entrelaçando nossas mãos.

Caminhávamos sem rumo exato pelas ruas estreitas e pouco movimentadas. Pessoas grudavam seus olhares em nós, provavelmente por ser Joalin ao meu lado.

Estávamos dobrando em uma esquina quando Joalin olhou para o lado e puxou-me devagar indicando que deveríamos seguir aquele caminho.
Franzi o cenho quando a mesma se aproximou de uma pequena casa amarela e bateu na porta. Já iria lhe pedir explicações, mas esqueci disto quando a porta se abriu e uma pequena criança nos atendeu.

- Lin! - exclamou sorrindo.

- E aí, pirralha. - elas fizeram um toque.

- O que faz aqui? E quem é ela? - perguntou apontando para mim que sorri simpática.

- Vim conferir se você ainda estava viva. - brincou. - E essa é minha esposa, Sabina.

- Meu nome é Laura, prazer. Você é bonita. - ela falou tímida.

- Obrigada, anjinho. Você também é muito bonita. - sorri.

- Onde está o panaca do seu pai? Ele tem aprontado muito? Não minta pra mim. - Joalin a encarou séria.

- Ele está tomando banho, e não, ela não aprontou. - sorriu sapeca.

- Então creio que meu trabalho aqui está feito. - afirmou.

- Veio aqui só pra isso? Quanta perda de tempo. - estalou a língua e balançou a cabeça em negação.

Me espantei com a intimidade que havia entre elas, temi que Joalin fizesse algo à Laura, mas me surpreendi ainda mais quando a loira riu da garotinha.

- Não vim aqui só pra isso, menina. Tenho trabalho à fazer. - respondeu.

- Você é uma adulta rabugenta, sabia? Só trabalha e trabalha.

A Chefe da Máfia - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora