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Joalin Loukamaa

Na maioria das vezes, quando estamos com raiva ou frustrados por algo não ter saído como planejamos, tentamos descontar em tudo à nossa volta, seja brigando, xingando tudo e todos, ou matando, que no caso é o meio mais divertido para mim.

Aos meus dezenove anos, tive a honra de assumir o importante papel na máfia que meu falecido pai ocupava antes de morrer. Quando soube disso me tranquei no meu quarto e não sai por uma semana, nem para sequer comer, o que me ocasionou um desmaio e em seguida agulhas em minhas veias durante três dias. Eu estava em fase de negação, havia perdido meu pai e no mesmo dia recebi essa notícia, não esperava menos de qualquer pessoa que estivesse em meu lugar. Lembro de rejeitar isso nas primeiras décimas insistências, minha mãe teve de me fazer assinar o papel passando a herança quando eu estava dormindo, o que foi inteligente, vamos ser sincera.

Hoje em dia quando lembro-me disso sinto vontade se socar a cara daquela Joalin estúpida, inocente e sem graça. Fala sério, olhem o que isso me proporcionou; poder, dinheiro, bajulações e o direito de fazer o que eu bem entender com quem eu quiser. Sim, isso foi uma indireta para a morena que tomei para mim.

Não fiquem bravos, aquela garota era um anjo em meio à demônios. Os olhos cor-caramelo eram tão puros e inocentes que quis protege-la do que iria ter de enfrentar naquela noite. A levei para minha casa, devo dizer que não pensei que fosse tão fácil querer mata-la. Odeio que me irritem ou que me desafiem, e isso é o que Sabina parece mais gostar de fazer, juro que se fosse uma garota qualquer ela já estaria à cinco palmos abaixo da terra. Só não fiz isso ainda porquê aquele olhar sonhador e limpo acaba com meu psicológico.

Não sou uma pessoa herdeira de paciência, odeio até mesmo a palavra. Eu já disse que odeio ser desafiada? Isso também é um problema quando alguém que você odeia faz como se tivesse a intenção de cutucar o leão com uma vara quase inexistente.

Havia acabado de acordar quando Savannah me ligou, avisando que novamente Hanagami estava tentando vender drogas proibidas por mim em meu território. Da outra vez que isso aconteceu, dei uma chance para ele e atirei apenas na perna. Mas parece que ele realmente não se importa com a vida. Deduziram o que ele fez? Sim, ele me desafiou. E devo dizer, estou em um humor exageradamente péssimo hoje. Que sorte a dele.

Cheguei ao porto onde provavelmente é o ponto de encontro para transporte das drogas até aqui. Josh, Sina, Savannah e Krystian me esperavam e assim que me viram, apontaram em direção ao navio de carga que se aproximava das margens do porto. Sorri de canto e esperei o garoto estacionar. Assim que desceu, amarrou forte as cordas para que o navio não escapasse para longe. Ele estava de costas quando me aproximei, terminava o último nó nas cordas grossas e pesadas.

- Acho que o aviso da última vez não foi o suficiente. - falo e o garoto se vira rapidamente me encarando com seus olhos prestes a pular das órbitas. - Então deixe-me revisar novamente.

Puxei minha arma da cintura em um movimento rápido e aperto o gatilho, disparando em sua coxa. Seu grito soou alto e sofrido. Quase tive pena, se não fosse seu abuso contra minha boa vontade.

- Ops, esqueci que odeio repetir minhas ordens. E justo no meu dia de maior mau-humor você decide provocar... - estalei a língua. - Que maldade Hanagami.

Sorri provocativa e apertei o gatilho mais uma vez disparando em sua testa. Observei em câmera lenta o sangue respingar em meus coturnos pretos, se ele não tivesse morrido eu teria atirado mais uma vez apenas pelo sangue em meus sapatos preferidos.

Guardo a arma de volta em minha cintura e vou de encontro com parte dos meus irmãos.

- Limpem isso e façam alguma coisa com essas drogas. Queimem se preciso, e por favor, não façam como Josh fez da última vez. - minha última fala gerou risadas entre nós.

- O Josh ficou drogado por uma semana. - Krystian gargalhou, tirando sarro com o loiro que observava tudo de cara fechada. - O mesmo idiota que bota medo em todo mundo, esqueceu de usar os protetores de nariz quando queimou as drogas. Cheirou tanto pó que nem sabia mais o próprio nome.

- Por favor, alguém acompanha ele, por precaução. - falo entrando na onda de zuações.

- Babacas. - Josh falou, revirando os olhos.

Acenei para eles antes de tomar rumo de volta para casa. A relação entre eu e meus irmãos é quase perfeita, somos unidos e sei que dariam a vida pelo outro. Mas quando discordamos temos diferentes maneiras de lidar, na maioria das vezes ficamos sem nos falar por quatro dias, fingindo que nada aconteceu. E em outras vezes, quando o assunto é realmente sério eu sou a primeira à explodir e atirar pro alto. Mas fora isso, fazíamos de tudo para permanecermos em uma harmonia agradável. Sofya e Savannah são as mais novas, Krystian e Josh seguem logo depois, e eu e Sina ficamos na posição de mais velhas e mais responsáveis, bom, Sina está longe de ser responsável, então podem cortar ela desse elogio.

Recebi um SMS de Heyoon perguntando se eu quem iria levar a comida para o bichinho selvagem que resolvi prender no quarto. Acabei respondendo que eu mesma iria fazer aquilo, por mais que eu me estresse fácil na presença de Sabina, adorava suas provocações, ela era diferente de qualquer um, percebi isso ao compara-la com as putas em cima daquele palco implorando para serem escolhidas. Ela estava claramente incomodada, não era aquele seu desejo. Suas mãos tremulas atrás das costas entregava seu medo e nervosismo. Além disso, seu visual era comportado e simples. Sem batons ou roupas exageradas.

Quando cheguei em casa, Heyoon estava terminando de colocar a comida de Sabina na bandeja. Me aproximei e beijei sua testa de forma carinhosa e ela retribuiu com um sorriso sincero e um abraço de lado. Heyoon era a pessoa mais respeitada por mim após minha mãe, é uma mulher doce e amável que trabalha aqui desde que eu tinha quinze anos. Uma segunda mãe, mesmo não sendo muito mais velha.

- Se quiser, já pode levar. - ela disse lavando as mãos.

- Tudo bem.

Pego a bandeja em mãos e subo as escadas seguindo até o quarto onde Sabina estava. Foi complicado abrir a porta ao mesmo tempo em que seguro uma bandeja enorme cheia de comida. Assim que consegui, adentrei o cômodo, me surpreendendo com uma cena inesperada. Sabina estava saindo do banho, com uma curta e pequena toalha em volta de seu corpo. Assim que me viu, assustou-se e deu dois passos involuntários para trás.

Eu não conseguia me concentrar com aquelas pernas à mostras e as gotas de água deslizando pelo vale de seus seios quase aparentes. Larguei indelicadamente a bandeja em cima da mesa próxima à porta e saí dali praguejando todos os palavrões possíveis como forma de controlar meu subconsciente impuro.

Tentação do diabo.

...

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A Chefe da Máfia - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora