022

3.5K 339 89
                                    


Sabina Hidalgo

O sábado finalmente havia chegado, devo admitir que as coisas começaram a melhorar. Talvez pelo fato de eu ter me acostumado com a rotina ou por minha relação com Joalin ter mudado bastante comparado ao dia em que cheguei.

Joalin passa a maior parte do tempo fora, e quando está em casa aproveita esse tempo para transarmos até não aguentarmos mais. Ainda não acho que isso tenha sido a coisa mais inteligente a fazer, cá entre nós, estamos falando de Joalin Loukamaa! Com essa garota ninguém pode, não importa o quanto eu tente me controlar e não cair em seu jogo de provocações ela sempre vai vencer, de forma suja, claro.

Bom, eu tenho visitado Johanna desde então, escondidas de Joalin obviamente. Ela não teve consideração por mim quando me trouxe para cá e me separou da minha família, então não vou ter por ela escondendo isso da mesma.

Conforme os três dias se passaram, tudo se complicou para mim. Ao acordar todas as manhãs encarei o calendário na parede enquanto suspirava pesado lembrando que o dia do leilão estava cada vez mais próximo. Agora ele infelizmente havia chegado. Não me conformava de que aquele seria o futuro de Shivani, a garota sempre deu tudo de si, trabalhou mais que todas e agora é retribuída com isso...

Eu poderia facilmente acabar com isso se a mulher dona da porra toda fosse alguém mais compreensível e calma. Mas Joalin é totalmente o contrário disso, então já poderia descartar a ideia de pedir sua ajuda. O mínimo que ela faria para me ajudar era rir da minha cara ou lançar aquele sorriso de canto se aproveitando da situação.

Passei a manhã inteira pensando em algo que eu pudesse fazer à quilômetros de distância para tirar Shivani dali, mas nada me veio à cabeça. Cheguei a conclusão de que não conseguiria fazer nada de onde estou, então irei eu mesma até lá.

Sabe quando amamos tanto alguém que seríamos capazes de arriscar a própria vida para salvar-lo? É isso que farei. Não me importo com a consequência de minha ação, não quando está em jogo a felicidade das minhas irmãs.

Desci as escadas com pressa quase tropeçando nos meus próprios pés para encontrar e falar com Heyoon antes que Joalin chegasse em casa. A baixinha me olhou com as sobrancelhas franzidas quando sentei-me em uma das banquetas ao redor da bancada e lhe lançei um olhar digno de um cachorrinho caído do caminhão.

Ela revirou os olhos e soltou a colher que estava utilizando para mecher uma panela com sua maravilhosa sopa de salmão.

- Fala logo.

- Yoon, preciso da sua ajuda. - falo.

- Isso eu sei, quero saber para quê. - ela disse e se aproximou.

- Eu... eu preciso fugir. - digo e Heyoon suspira me olhando com pena.

- Menina, você ainda está tentando isso? Pensei que já estivesse desistido dessa ideia absurda. - me repreendeu.

- Heyoon, por favor me esculte. - peço e ela assente sem muita fé. - Preciso sair por apenas alguns minutos, o suficiente para salvar minha irmã.

- Salvar sua irmã?

- Meu pai colocou Shivani para o leilão de mulheres, o mesmo que eu participei antes de Joalin me tirar de lá. Não posso deixar que nada aconteça com ela, pelo menos não mais.

- Ao que se refere?

- Hernandez é alcoólatra, e está bêbado na maior parte do tempo. Fui o motivo de sua raiva por muito tempo apenas por não prestar para nada do que ele queria, e por isso descontava sua frustração em mim todos os dias, não importava o horário. Shivani me socorria, interrompia a seção de murros e tapas, mas em troca se colocava em meu lugar. Eu nem sei se estaria viva caso ela não tivesse dividido esses momentos de tortura comigo... por isso eu preciso salva-la, retribuir por toda ajuda que ela me deu.

- Oh Sabina... as coisas não são tão fáceis quanto acha que é. A casa é rodeada de seguranças, e você só pode estar ficando maluca em tentar tirar Shivani de lá, sabe o quão sério eles levam aquela brincadeira horrível.

- Por favor, Yoon. - choramingo a vendo fechar os olhos.

- Onde eu entro nessa história? - ela se deu por vencida me fazendo ficar aliviada.

Contei para ela tudo o que eu havia planejado para aquele momento. Ela ficou receosa a maior parte da explicação, e eu também estava. Não queria mesmo colocar Heyoon no meio de tudo isso correndo o risco de acabar com seu emprego. Mas ela era a única pessoa que poderia me ajudar à sair daqui.

Quando deu oito da noite Joalin chegou um pouco molhada por conta da chuva que estava caindo lá fora. Veio até mim e selou nossos lábios como se acostumou à fazer, disse ela que precisávamos treinar para quando o dia do casamento chegasse.

Joalin subiu para o quarto e minutos depois retornou à cozinha vestida com roupas secas. Sentou-se na mesa à minha frente e começou a comer, meus olhos estavam presos à cada movimento que a mesma fazia. A taça de cristal ao seu lado repleto de suco de laranja estava intacta, o desespero estava começando à bater, aquela era nossa única chance. Minhas pernas tremiam em baixo da mesa, mas relaxaram assim que a vi dar o primeiro gole. A bebida desceu pela sua garganta formando uma pequena onda.

Rezava para que aquela droga fizesse o efeito esperado naquela muralha que ninguém conseguia derrubar.

Comecei a comer logo após, em silêncio. Quando terminamos, Heyoon recolheu os pratos e me olhou apreensiva ao sair. Joalin pelo contrário já se levantava e seguia para seu quarto com os olhos baixos e sonolentos.

Aparentemente tudo corria bem, a segui até o andar de cima e pela brecha da porta a assisti se deitar e apagar em seguida. Agora era hora de pôr o restante do plano em ação. Heyoon me esperava no final da escadaria com seu olhar preocupado e estampado por medo.

- Vai dar tudo certo. - susurro a confortando e tentando convencer a mim mesma.

Abrimos a porta e saímos pelo jardim até o outro lado sem nenhum guarda à vista. Aparentemente Heyoon havia executado sua parte do plano muito bem.

Estávamos chegando ao portão quando algo aconteceu.

- Eu deveria estar dormindo, não é? - a voz rouca bastante conhecida soou atrás de nossos corpos.

Gelei dos pés a cabeça e não consegui sair do lugar. Heyoon fechou os olhos com força possivelmente rezando.

Eu torcia para que fosse um espírito.

Mas não era.

...

Oq acharam?

Não se esqueçam de votar!

Não se esqueçam de votar!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


A Chefe da Máfia - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora