Capítulo 11

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 - E fui na casa do vovô ver o Snow...

- Eu te avisei que ela agora ia viver te mandando áudios – disse Can entrando no trailer

Demet pausou o áudio e baixou o celular, abrindo um enorme sorriso ao ver Can

- Não tem problema, eu acho fofo – Demet levantou a cabeça para receber o beijo de Can

- Se você diz...

Já fazia uma semana desde que Yıldız esteve no set e desde então a pequena vivia trocando mensagens com Demet, o que era bom, pois ficava menos ansiosa para ir ao set de filmagens. Can não tinha esquecido da promessa que havia feito a ela naquele dia, mas havia sido uma semana corrida, as gravações estavam em ritmo intenso e a equipe estava a todo o vapor para que pudessem viajar dali a alguns dias, no final de semana. Eles normalmente passavam o dia gravando e entrava madrugada a dentro.

Apesar do cansaço Demet se sentia ansiosa para aquela viagem. Era como se houvesse uma carga de energia a rodeando. Ela sentia isso dentro de si, arrepiando-a de forma positiva e sentindo uma energia que a revitalizava e se sobrepunha ao cansaço, quase como se tivesse tomado uma cápsula de cafeína – ou algumas cápsulas, na verdade.

- Ela estava me falando sobre a visita as visitas a casa do avô e sobre o gatinho, até me mandou umas fotos dele. Olha... – Demet abriu o celular e mostrou a tela para Can – Ela gosta muito de animais, não é? – perguntou Demet ainda olhando no celular e passando as fotos – Eu acho que são uma companhia maravilhosa, você nunca fica sozinho...

Demet começou a pensar nos dias que passava naquela casa enorme sozinha, nas vezes que se via sem ninguém e sua única companhia eram seus gatos e o cachorro.

Can olhou para Demet com mais atenção e percebeu que uma sombra de tristeza a rodeava e, em um gesto de carinho e consolo, passou a mão pelo cabelo dela, tomando uma mecha macia nas mãos.

Ele sempre a observava com cuidado. Tudo nela o fascinava e ele queria saber tudo sobre ela. Suas conquistas, suas derrotas, suas alegrias e tristezas, assim como suas fortalezas e fraquezas. Can sabia que Demet tinha uma carência dentro de si. Era como uma fome que nunca havia sido saciada. Ela se doava, dava tudo de si, derramava tudo de si, mas jamais havia sido retribuída como queria, como precisava. Eram poucos os que passavam por sua vida e ficavam, não importava o quanto ela desse de si. Então pra ela acabava também e ela partia para a próxima. Ela havia sido tão abandonada, de forma tão repetida, que hoje ao menor sinal ela saia, ia embora sem olhar pra trás. Era uma forma de se proteger, Can entendia, mas ao mesmo tempo era algo que a impedia de viver muitas coisas.

Ademais, o mundo que ambos viviam era capcioso, e Can sabia disso. Muitos se aproximavam apenas para tomar um pedaço. Mas eles eram humanos, tinham sentimentos, e tais atos tinham consequências também. Cada um agia de uma forma, claro: uns se tornavam mais seletos e desconfiados, outros iam migrando de grupo em grupo, procurando.

Ao passo que Can se encaixava no primeiro grupo, Demet se encaixava no segundo. Cada um sobrevivendo a sua maneira, lutando para vencer os traumas, dificuldades, tristezas e necessidades.

- Na verdade ela se queixou de não poder ter o gato no apartamento

Can se acomodou melhor no sofá e puxou Demet mais para si, para que ela pudesse deitar a cabeça em seu ombro

- Eu já conversei com ela sobre isso e ela tinha entendido – Can soltou um suspiro cansado e Demet começou a passar a mão de forma delicada na coxa dele, próximo ao joelho – Não acredito que ela está voltando com isso

- Ela é uma criança Can, e está sentindo sua falta... Na verdade eu acho que vocês não teriam problema com o gato no apartamento.

Can já ia abrindo a boca para argumentar, mas Demet continuou:

A twist in my storyOnde histórias criam vida. Descubra agora