Nanda
Nunca pensei que fosse ter tanto medo de alguma coisa quanto eu estou de contar toda a verdade para Félix.
Sim, ele merece saber a verdade, e por ser psicólogo pode ser que me ajude. Mas meu real medo é que ele se distancie de mim por saber desse meu lado.
A ninfomania é uma coisa realmente séria, e muitos têm preconceito por causa disso, porque normalmente pensam que é apenas sexo, mas não é, é algo muito mais complicado.
Então, nesse momento, eu estou caminhando em direção ao portão da escola, onde marquei de me encontrar com Félix. Eu estou tentando juntar todas as forças possíveis para isso, e espero que quando eu começar a falar eu só termine quando acabar.
Um segundo de coragem, é tudo o que eu preciso.
Eu sigo com isso em mente, até o momento em que Félix chega, e então nós caminhamos até seu carro. Assim que entramos, ele dá partida e sai do estacionamento, e eu não faço ideia de para onde estamos indo. Mas isso não importa agora, tudo o que importa é a verdade, e eu vou contar, não importa como.
— Para onde estamos indo? — eu pergunto, depois de uma pequena quantidade de tempo, movida pela curiosidade.
— Para meu apartamento, é o único lugar onde sei que podemos conversar sem interrupções. Mas saiba, vamos apenas conversar, nada além disso.
— Claro — eu respondo, não totalmente satisfeita com isso.
Passado algum tempo, nós finalmente chegamos, e devo dizer que o prédio é realmente muito bonito e grande.
Sem dizermos uma palavra, nós descemos do carro e caminhamos lado a lado. Ainda estávamos em silêncio quando entramos no elevador.
Nós realmente só voltamos a falar algo quando entramos no apartamento, que é muito lindo e arrumado, a propósito.
— Okay, quer alguma coisa antes de começarmos a conversa? — ele pergunta.
— Não quero nada, só quero falar logo de uma vez, antes que eu perca a pouca coragem que consegui juntar durante o caminho.
— Tudo bem, então. Sente-se — ele disse, já se sentando. Escolhi me sentar no sofá à frente do seu, consequentemente ficando de frente para si.
— Eu tenho um problema, muito sério.
— Isso eu percebi, mas o que eu realmente quero saber é que problema é esse.
— Eu sei que já deveria ter te dito, mas eu não tinha coragem, e na verdade ainda não tenho, mas eu preciso. Eu só contei isso para meu amigo, nem minha mãe sabe.
— Pare de enrolar e conte logo, Nanda. Eu estou começando a ficar preocu....
— Eu sou uma ninfomaníaca — eu disse logo de uma vez, o interrompendo. Toda a euforia do momento me fez falar, me fez ter o segundo de coragem que precisava.
É isso, agora não tem volta.
— O que...? — ele ficou um tanto confuso, pelo que percebi, mas não está agindo de uma maneira tão negativa como eu havia imaginado. — Você está me dizendo que tem ninfomania? É viciada por sexo? Desde quando?
— Desde sempre, eu acho, não sei.
— Nanda, você deveria procurar ajuda de um profissional.
— Eu sei disso, Félix, mas eu não tenho coragem.
Nesse momento, o que eu menos queria fazer era parecer frágil, porém, sei que é exatamente assim que pareço, e não é por ter visto nos olhos dele minha fragilidade, e sim por me sentir assim.
— Não é uma coisa que eu tenho orgulho de ter, e é muito menos algo que eu queria ter. Eu não tenho culpa de ser assim, Félix — ele provavelmente deve ter percebido toda essa tal fragilidade.
— Ei, eu sei, não estou te culpando e muito menos te julgando. Eu entendo isso, já que sou um psicólogo, eu entendo você — ele se aproximou, me abraçando. E nesse momento, eu estou fazendo de tudo para não me excitar, porque mesmo não sendo uma situação apropriada, essa é a forma de meu corpo aliviar a tensão.
A forma em que ele me tratou, de alguma maneira, me causou um tipo de alívio, principalmente por ter contado para mais alguém. É como se eu tivesse ficado mais leve.
Mesmo assim, é impossível ignorar os sinais que meu corpo está dando, e nisso, é possível perceber que Félix também está percebendo, apenas por ter ficado mais atento em minhas atitudes.
E ele percebeu que meu vício estava começando a se fazer presente. Talvez tenha percebido por minha respiração começando a ficar descompassada, ou talvez por me perceber comprimir lentamente uma perna contra a outra. Não sei, só sei que ele percebeu, de alguma forma.
— Você está ficando excitada, não é? — ele perguntou, assim que constatou o óbvio, depois de já termos nos separado do abraço.
Levemente envergonhada, eu apenas assenti, desviando meu olhar para o chão.
— Vem, vou te ajudar com isso. Mas eu quero que você procure ajuda assim que possível, tudo bem? — eu apenas assenti mais uma vez, o seguindo pelo caminho que julguei ser o de seu quarto, e constatei que realmente era. — Eu só não te ajudo com isso porque psicólogos não podem atender quem conhecem, mas conheço alguém que pode te ajudar.
Então, mais uma vez no dia, Félix me satisfez muito bem, e não reclamou quando eu pedi por mais assim que terminamos a primeira vez.
No dia seguinte, eu acordei feliz, e devo isso ao fato de finalmente começar a trabalhar. Totalmente animada por saber que depois que sair do colégio meu destino será o escritório de psicologia infantil, eu me arrumo, seguindo até a cozinha depois de já estar pronta.
Nem mesmo meu padrasto me enchendo o saco pôde tirar minha alegria do dia de hoje.
E talvez minha alegria também seja válida pelo fato de eu ter conseguido contar toda a verdade à Félix no dia anterior. E eu tive coragem suficiente para isso, e com toda certeza não me arrependo nem por um segundo.
Então, depois de já ter saído de casa, eu caminho até a escola, isso depois de ter recusado a carona de Deric.
A primeira coisa que faço ao chegar em meu destino é contar a Tyler todo o que aconteceu no dia passado, o que o fez ficar totalmente indignado.
— Como assim? No único dia que eu falto você: consegue um emprego; transa com o gostoso na biblioteca; conta para ele sobre o seu problema e ainda transa com ele de novo, mais duas vezes! E detalhe: seu trabalho é com ele. Não acredito nisso.
— Fale baixo, Tyler, quer que alguém escute?
— Desculpe, é que é informação demais.
Depois de Tyler dar seu pequeno surto, nós fomos para a sala de aula, e com isso, o restante do dia se passou tranquilamente, pelo menos até o momento em que eu fui para o escritório.
As coisas lá são realmente corridas, e eu mal tive tempo de conversar com Félix ou com qualquer outro funcionário que tinha ali, tudo o que eu tinha para fazer me manteve muito bem ocupada até o final de meu expediente.
E com isso, a única coisa que eu tive vontade de fazer quando cheguei em casa foi tomar um banho relaxante e dormir, pois o dia foi realmente cansativo.
E foi exatamente isso que eu fiz, sabendo que no dia seguinte provavelmente seria tão corrido quanto o dia de hoje.
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Ninfomaníaca [Concluída]
Ficção AdolescenteNanda Sousa, uma simples estudante durante o dia, mas uma ninfomaníaca insaciável durante a noite. Seu problema começou a muitos anos atrás, quando era apenas uma criança. Não que ela tivesse transado com alguém quando pequena, mas ela já sabia tudo...