Capítulo 1 - Passos molhados

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          A chuva caía com força na cidade de Alberich

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          A chuva caía com força na cidade de Alberich. A grande metrópole vinha sendo castigada pelas águas que caiam do céu havia alguns dias. As janelas das casas e prédios permaneciam fechadas enquanto as calçadas ficavam alagadas e as ruas e vielas vazias. Aqueles que ali moravam já estavam acostumados com esse clima melancólico, se tornando uma rotina nestes tempos chuvosos.

          As únicas exceções que mantinham os ritmos da cidade como sempre foram eram as grandes veredas. Mesmo encharcadas, viviam frenéticas e cheias de vida, tanto em virtude de serem rotas para toda a Alberich quanto concentrarem boa parte do comércio.

          Se caminhasse por alguma delas, mesmo em dias de chuvas, conseguiria ver o porquê do título da capital ser "A Cidade das Mil Portas". Uma diversidade de legados, oriundos de todos os cantos de Opath eram visíveis em suas rotinas, indo desde pequeninos fazendo compras até sanguires negociando equipamentos com comerciantes locais.

          E em meio a este caos organizado, com tantas coisas acontecendo, ninguém notaria aquele elfo encapuzado que se lançava dentre os transeuntes, passando por cada sombra para com objetivo de não ser percebido. Mesmo com a população achando comum capas e mantos, por estarem acostumados com viajantes usando tais tipos de vestimentas, se colocar em risco não era uma opção.

          De travessa em ruela, de passagem em beco, Kain caminhava, fazendo um trajeto irregular. Estava nesse ritmo há algumas horas, desde que saíra de uma estalagem no lado oeste da capital.

          Se sentia cansado, afinal, mal dormira nas últimas duas noites, quando chegou na cidade. Viver em alerta e trocando de pousada em pousada, o tempo todo, não eram seus planos. Ainda mais quando o fez quatro vezes em um intervalo de pouco mais de um dia.

          Havia ponderado pedir abrigo para algum amigo, mas decidira não atrapalhar, muito menos colocar alguém em riscos desnecessários. Além disso, os últimos anéis foram difíceis demais e os contatos com colegas e conhecidos acabaram afetados, e sabia que se aparecesse pedindo ajuda, o estaria fazendo por puro interesse.

          Agora, sentado em um pequeno beco, a três quadras da Vereda Coríntia, apenas observava as gotas que caiam do céu nublado, acertando algumas caixas de madeira e escorrendo pelas paredes. Tentava se recuperar da fuga que teve que fazer da última estalagem, quando chegou após uma longa noite de tocaia, dando de cara com o quarto que alugara revirado.


          "Quanto tempo se passou desde aquela época em que podia andar por essas ruas com calma e sem preocupações?", pensara. 


          Foram pelo menos seis longos meses longe daquela correria que era Alberich, e isso o deixou desacostumado. Sentia-se deslocado, como um ser vindo de outro mundo, parecendo fazer que apenas ele sabia das verdades fora destes enormes muros.

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