Era uma vez, Minerva.

Capítulo 14-

Christynne

Eu e o Zacc nos falamos durante horas, queria saber tudo sobre o estado de saúde da minha avó e ele queria saber por onde eu estava e o por quê de ter sumido esses dias e não ter dado nenhuma notícia. Soube que ela estava sendo bem cuidada em um ótimo hospital da Suíça e que já havia feito a cirurgia e iria passar um bom tempo se recuperando no hospital. Porém, obviamente, eu não podia lhe dar muitas informações sobre mim e aonde eu estava – ele com certeza surtaria – mas o tranquilizei e afirmei que estava bem. Ele não poderia ligar para mim, eu é quem teria que fazer isto ou a duquesa não ficaria nada feliz em saber.

A ligação foi interrompida quando o Ariel entrou em meu quarto, de feição nada agradável, me notificando de que no final do dia eu teria aulas junto ao príncipe, para o Dia da Aliança – o dia em que seria oficial o nosso noivado (o noivado do príncipe Edgar com a princesa Minerva). Desliguei o celular rapidamente antes que o Zacc pudesse ouvir qualquer coisa do outro lado da chamada.

Tentei o pedir que interferisse nisto usando a minha queda do cavalo como desculpa para não ir, pois era uma coisa que eu não queria fazer – Deveres de uma princesa preste a oficializar um noivado não é para mim – mas ele se recusou dizendo que eu estava ótima.

— Pensei ter ouvido você me dizer, em uma de nossas aulas de etiqueta, que a senhorita sabia dançar valsa e entre outras danças, muito bem. Então, não há problema algum. Vocês vão receber aulas para aprenderem a ter uma boa sintonia no dia do baile da Aliança.— Disse como se fosse simples.

— Ariel, eu sei dançar. Fiz balé quando era mais nova e ainda tomei algumas aulas no decorrer dos anos para não perder a prática, mas não sei nem a metade do que uma princesa deveria saber sobre essas danças.

— Isso não tem muita relevância. A princesa Minerva nunca teve o dom para a dança. Ela praticou muito quando criança mas depois de crescida, nunca fez questão. Como a senhorita já está cansada em saber....

— ...ela não gostava de se expôr.— Digo concluindo a sua frase.— Mas eu não entendo. Achei que não ia mostra meu rosto em público, e em um baile eu precisaria mostrar.

— Você não vai mostra seu rosto, querida. Estará o tempo todo com ele coberto de forma sútil, afinal, a princesa Minerva nunca gostou de se expôr, isso sempre será uma boa desculpa.— Percebo, de forma quase escondida, um sorriso.— A família real apenas vê o seu rosto porquê não há maneira de escondê-lo, afinal, você se casará com o príncipe. Ele tem que vê o seu rosto.

— Não irei me casar, isso quem fará é a princesa Minerva. Que fique claro.— Digo tentando lhe lembrar de algo que pra mim é bem óbvio e ele apenas me olha discretamente e volta a me ignorar. — E por falar nisso, como ficará quanto a família real descobrir que eu não sou Minerva? Porque, uma hora ou outra, a Minerva de verdade vai ser encontrada e toda essa farsa vai ser descoberta.

Ele parecia ter se atentado para o que eu disse mas msm assim fingiu não se importar.

Ele se direciona, então, à um enorme guarda roupa que fica aqui em meu quarto, e começa procurar por algumas roupas até encontrar o que queria. Era um vestido rodado sem exageros e um par de salto alto da mesma cor do vestido. Ambos cabinavam muito.

— Você vestirá um vestido longo como este e bem rodado, no dia da aliança. Ficará mais fácil se ensaiar com um quase semelhante. Não queremos que a senhorita manche mais a imagem da princesa Minerva quando for se apresentar no grande salão.— E dizendo isto ele se afastou, mas não antes de dizer:— Esteja pronta antes do sol se pôr.

— Mas como que eu vou dançar com esse salto?— Disse quase ao gritos mas o mesmo não me respondeu e em seguida vi a porta do meu quanto se bater.— Aí que raiva!

Toda aquela situação me deixava completamente estressada mas depois de ter notícias da minha avó e ter falado com o Zacc, eu estava excepcionalmente animada.

Então, antes de dar o horário dito pelo Ariel, vesti o vestido e calcei, relutante, o enorme salto que eu tinha certeza que ia me fazer cair. Verifiquei a minha aparência no espelho e atravessei a porta do meu quarto em direção ao salão aonde iria ensaiar com o Príncipe.
Ao chegar, notei que não havia ninguém no lugar e que eu sou a primeira a chegar.

Noto em um canto, um piano em madeira pintada de branco que parecia me chamar para sentir os meus dedos.
Sempre foi eu e a minha avó, nunca tivemos muito dinheiro mas o pouco que tínhamos dava para nos manter e fazer algumas coisas à mais. Uma dessas coisas era aula de balé e piano. A minha avó sempre fez questão de me ver feliz, e quando eu tinha uns 11 anos ela me matriculou em uma escolinha de balé que também dava aulas extras de piano. Eu adorava. Era o meu momento preferido do dia. Mas com o tempo, fui percebendo que não poderia deixar que ela continuasse a bancar essas coisas para mim. Era muito gasto. E então, parei com as aulas e comecei a trabalhar para ajudá-la nas despesas.

Me sentei em um banquinho confortável de frente para o piano e comecei a tocar. Era uma música de Ed Sheeran, Afterglow. Estava um pouco enferrujada mas conseguia ouvir agradavelmente o som da música sair facilmente.

— Impecável, querida.— Ouvi uma voz doce e delicada e logo soube que era a rainha Alice. Parei de tocar no mesmo instante.

Em seu encalço estavam a duquesa, Arial, um homem alto que vestia uma roupa elegante e um pouco justa e o Príncipe Edgar.

— Isso? Não foi nada demais. Nem sei tocar muito bem.— Disse envergonhada, nunca gostei que me ouvissem tocar piano.

— Não diga isso. Você foi excelente.— Disse novamente a rainha Alice.

Já o príncipe Edgar me olhava vidrado, como se estivesse vendo um fantasma ou algo do tipo. Ele estava parado me encarando com os olhos fixos em mim e parecia estar perdido em pensamentos.