Capítulo 6- Conhecendo a madrugada.

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Christynne

DIAS ATUAIS.

Não sei ao certo que palavra se encaixaria para definir o que eu estou sentindo nesse exato momento, andando por um dos enormes quartos do castelo de Findarvia. Poderia ser um sonho ou até mesmo um pesadelo, por ser uma situação completamente inusitada da qual eu realmente nunca esperei em minha vida.

É inquietante pensar que deixei vovó entregue à sua própria sorte para tentar ajudá-la.
Apesar de pedir que tia Susan e o Zacc a fizesse companhia à todo momento
enquanto eu estivesse fora, eu ainda sinto que a abandonei mesmo que as minhas intenções tenham sido as melhores.

A tia Susan chegou no hospital pouco tempo depois de mim e Zacc, trazendo em mãos um belíssimo bolo para simbolizar o meu aniversário, que no meio de toda aquela confusão, eu havia, pela primeira vez ,esquecido.
Ela me abraçou e me entregou o bolo me fazendo derramar lágrimas por tudo o que havia acontecido e por ela ter se lembrado do meu aniversário quando até mesmo eu havia esquecido.

Não os disse para onde iria ou ao menos quando voltava. Apenas os pedi que tomassem conta do meu bem mais precioso e que qualquer notícia poderiam ligar para o meu número de sempre.

Então saí andando apressada pelos corredores do hospital atrás da única chance de salvar a vida da minha avó, e fui acompanhada de gotas grossas de água que caíam do céu logo que me apercebi andando pelas calçadas da cidade, o que muito me pareceu uma cena de filme.
Poucas horas depois eu já estava dentro de um quarto no Palácio de Findarvia, o que me deixou ainda mais insegura em relação ao que eu estava fazendo.

O Ariel havia arrumado roupas e me permitiu tomar um banho para que eu pudesse me encontrar com a Duquesa Virgínia e o rei Roudofh à sós, o que não me surpreendeu tanto quanto ao adentrar o banheiro do meu quarto que por sinal era ao todo, do tamanho da minha casa inteira.
Arrumei-me e fiquei a esperar pelas suas presenças.

Andando em passos leves e rápidos ao redor do enorme espaço, percebo a maçaneta do quarto se mecher e logo a porta se abrir. De princípio vejo em minha frente Ariel que, ao tentar pronunciar a chegada da duquesa e do rei, é interrompido pela mesma que me fita dos pés à cabeça ainda parada na entrada do local.

Ela adentra o quarto em passos leves e me analisa como quem vai comprar um cavalo em um leilão, para ver se vale a pena dar um lance maior que o anterior. Logo depois, vejo que o rei também entra no quarto e me estuda. No entanto o seu olhar me transmite curiosidade.

Fico parada de braços cruzados, e percebo o olhar de Ariel se pesar contra mim. Entendo o que quer, mas não faço a reverência ou ao menos me movo da minha posição atual, e logo posso ouvir os risos abafados da Duquesa que me fazem assustar.

— Ela é ótima, Ariel. Não se parece nem um pouco com Minerva, mas é tão bela e temperada quanto ela.— A Duquesa diz se aproximando mais ainda de mim e toca delicadamente em meu rosto me fazendo arrepiar. Olho na direção de Ariel que balança a cabeça em sinal de agradecimento.

Ela se afasta um pouco dando um espaço "seguro" entre nós duas, e indo em direção ao rei, que ainda me fita curioso. O mesmo questiona algumas coisas para ela em um tom baixo no qual eu não consigo entende-los muito bem, e se vira para mim.
Ao longe ele me fita e em segundos assente para mim como se também tivesse aprovado a escolha de Ariel.
Então ele se retira deixando apenas a Duquesa Virgínia e o Ariel no quarto juntos comigo.

— Peço que não saia do quarto essa noite. É melhor que o Príncipe não a veja até amanhã.— Diz por fim me atribuindo um olhar que confesso ter me dado medo, e se vira para atravessar a porta, mas a impeço de continuar o seu trajeto.

— Não acha que eu aceitei esta loucura de graça não é mesmo!?— Falo a fazendo cessar os seus passos e Ariel me encara como se eu tivesse cometido um crime. — Só estou aqui porquê a minha avó precisa ser transferida para um hospital particular e eu não tenho como pagar. Ariel disse que fariam o que tivesse ao alcansse de vocês em troca de tudo isso aqui. — Digo por fim e a Duquesa se vira para me olhar. Ela se aproxima novamente e sinto um arrepiar outra vez.

— Sabe que posso arranjar outra garota para ocupar o lugar da minha filha em minutos ,não sabe? — Ela me atribui um olhar desafiador dessa vez e vejo que ela realmente não é um doce como muitas pessoas ainda pensam que é.

Ela para por segundos novamente, fazendo jogos com o olhar e por fim sorri de lado, mostrando alguns de seus dentes visivelmente saudáveis.

— A sua avó terá um belo hospital capacitado ao amanhecer, em sua disposição.— Ela começa a andar em círculos em minha volta.— No entanto, você não poderá visitá-la nem ao menos quando ela estiver com a saúde intacta.— Ela diz e eu tento rebater mas ela me interrompe.— Sua avó  terá tudo o que precisa, e você será tudo o que precisamos a partir de hoje. Fará o que dissermos.— Ela para em minha frente e analisa os meus traços de raiva.— Temos total influência Christynne. Não iremos pagar o hospital até encontrar minha filha, e se você tentar nos trair  receberá a conta do hospital e poderá ser presa e ficar sem ver a sua avó até quando quisermos, e se depender de mim não será em breve.

A Duquesa finaliza me fazendo derramar lágrimas de indignação. Olho ao meu redor e analiso o rosto de Ariel me olhando como se estivesse com dó de mim. Relutante, aceito oficialmente a proposta que com certeza mudaria a minha vida, e logo em seguida Virgínia atravessa a porta juntamente a Ariel.

Deito-me na cama perdida em pensamentos e tentando me certificar se havia feito o correto, e principalmente se a minha avó ficaria orgulhosa da minha atitude.
Aconchego mais ainda em um dos vários travesseiros desnecessários da grande cama em que estou deitada e acabo adormecendo por algumas horas, mas logo acordo e não consigo voltar ao sono.

Verifico o horário no relógio da parede e certifico-me que ainda é muito cedo. Na verdade ainda é madrugada e chego a conclusão que esse meu costume de acordar à esse horário não vai me trazer coisas boas mas mesmo assim decido levantar da cama e sair do quarto, contrariando o que a Duquesa havia me mandado mais cedo.

"— ....Peço que não saia do quarto essa noite. É melhor que o Príncipe não a veja até amanhã."— Foi o que ela me disse mas não estou disposta a seguir as suas ordens, definitivamente.

Então abro a porta do quarto delicadamente para fazer menor barulho possível. Dirijo-me aos grandes corredores do castelo e resolvo ver a vista da cidade em um dos pontos que havia fitado mais cedo logo quando cheguei. Aproximo-me e admiro o quanto é belo a vista daqui de cima e começo a pensar até onde pode chegar toda essa proposta que será parte da minha história assim quando amanhecer totalmente.

Não é lindo tudo isso?— Uma voz um pouco distante de mim, me perguta me fazendo  dar um pequeno salto pelo susto. Ponho a minha mão direita sobre o meu peito e viro o rosto para fitar quem quer que seja, e logo percebo que a tentativa de conhecer a madrugada falhou miseravelmente.

Era uma vez, Minerva.Onde histórias criam vida. Descubra agora