Capítulo 5- "-Foi a minha decisão!"

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💓"Em cada escolha
arriscas a vida que poderias ter;
em cada decisão,
perdê-la."💓


Christynne.

— O que devemos fazer doutora?— Ainda um pouco assustada, pergunto a doutora que estava atendendo a minha avó.

A alguns minutos, a minha avó foi diagnosticada com câncer no cérebro, o que muito me assustou, por ser o câncer, motivo de muitas mortes por todo o mundo. A doutora me informou que ela estava com um tumor cerebral astrocitoma de grau dois. Ela também me perguntou se minha avó vinha tendo dores de cabeça fortes e frequentes, eu afirmei que estava mas que ela dizia estar tudo bem, que era normal, que não era nada  grave e que por isso não ia ao médico ver esse problema . Então parei de insistir por um tempo.
Mas hoje vi que não era algo normal.

— É necessário uma cirurgia Christynne. No entanto, esse hospital não tem recursos para uma cirurgia tão delicada como essa. Teria que ser feito em um hospital capacitado, um hospital particular por exemplo.— Dizia enquanto escrevia  algumas  anotações em uma prancheta.

Lembro-me que não tenho condições para bancar um hospital como esse. Com o salário que ganho na pousada, mal dá pra ajudar nas contas de casa imagina pagar um hospital particular.

— Não tem uma outra maneira doutora? Um tratamento mais em conta.— Ela olha da prancheta para mim.— Eu e a vovó não temos condições suficiente para um hospital particular.— Esbravejo e ela me fita um pouco preocupada.

— Não tem outra forma Christynne. Ou sua avó é levada para mesa de cirurgia o mais rápido possível ou ela pode não resistir.— A médica coloca uma de suas mãos em meu ombro, e logo me deixa sozinha indo em direção à sua sala.

Sento-me em uma das cadeiras de couro barato que tem pelos corredores do hospital e ponho as duas mãos em meu rostos. Penso em como poderia ajudar vovó, e logo vem a proposta do mordomo da realeza em minha mente. Descarto. Seria demais para mimo fingir ser a futura rainha de Findarvia. Paro para pensar novamente e decido ir atrás do Zacc.
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Depois de alguns minutos, me encontro na frente da casa do Zacc, que é a mais ou menos quinze passos da minha. Bato na porta e o mesmo me atende. Me olha um pouco surpreso mas me permite entrar. Sento-me no grande sofá que está na sala e o mesmo ainda parado na porta com as mãos no bolso, me questiona:

— Me fez sair da sua casa quase que à ponta pés. O que quer aqui?— Me fita e eu peço que se aproxime. Ele se senta em uma poltrona um pouco distante de mim e fica de cabeça baixa.

— A vovó foi internada.— Digo brincando com os dedos por  causa do nervosismo e ele ergue a cabeça pelo susto da notícia.— Ela precisa ser operada. A médica disse que ela tem um câncer cerebral e se não for removido o tumor...— Paro um pouco e sou vencida pela emoção.

Começo a chorar e então ele se aproxima. Levanto-me para evitar qualquer contato com ele e fico andando de uma lado para o outro.

— Como posso ajudar?— Se levanta também e fica atrás de mim.— É a mamãe não é?— Viro-me.

— A tia Susan  trabalha no banco. Achei que ela podia me ajudar.— Enxugo o rosto com o dorso da mão.— A vovó não pode mais tirar empréstimos ainda, e eu não tenho idade para isso.

Ele me fita por um estante e vejo a sua mãe adentrar a casa. Ela fecha a porta, se volta para nós e dá um sorriso ao me ver, já que fazia umas semanas que não nos víamos. Ela se aproxima e me abraça me desejando feliz aniversário, então começo a chorar novamente e ela cessa o abraço para me fitar.

Vejo em seu rosto um olhar de assustada por não entender o motivo pelo qual eu estou chorando. A mesma me pede para me sentar e então conto tudo à ela que fica extremamente nervosa pela notícia. A vovó era como uma mãe para ela.

No mesmo instante que conto à ela que preciso da sua ajuda, ela procura o seu celular em sua bolsa e tenta negociar com o banco para ver se ela conseguia tirar um empréstimo, o que falha miseravelmente porque ela já havia tirado um empréstimo antes para terminar de pagar a última parcela de sua casa. Choro mais ainda quando ela me diz que não pode me ajudar e então me vejo ajoelhada no chão da sua casa completamente perplexa pois não sabia o que fazer.

— O que eu vou fazer agora tia?— Digo ainda de joelhos e ela vem até a mim me acolhendo em um abraço.— Não sei mais a quem recorrer.— Agarro um de seus braços e permito que as lágrimas desçam.

O Zacc olha de sua mãe para mim e tia Susan  faz o mesmo. Logo entendo no que estão pensando.

— Não pensem que eu vou atrás deles. A vovó não tem muito tempo.— Levanto-me bruscamente ficando de pé.— Não vou arriscar qualquer tempo que seja com pessoas que nem sei quem são e que nos abandonaram.— Cruzo os braços e ando de um lado para o outro.

— Chris...— Tia Susan se levanta e se aproxima. — Você tem que encontrá-los.

— Não tia!— Digo alto e os dois me fitam.

Ando de um lado para o outro pela casa, pensando em outra maneira de ajudar a vovó e não me permito aceitar que minha única alternativa no momento é ceder a proposta.

— Eu tenho que achar outra maneira.— Digo para mim mesma e o meu celular.
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— Vai ficar tudo bem!— O Zacc diz tentando me acalmar enquanto andamos apreçados pelos corredores do hospital.

Corro ligeiramente até a área reservada para a vovó e encontro a doutora junto a ela.

— É necessário que ela seja transferida para um hospital capacitado urgentemente ou ela não vai resistir.— A doutora me alerta e eu assinto para a mesma que logo depois sai do quarto, deixando eu e o Zacc junto à vovó na sala.

Toco o rosto da vovó que está desacordada. O hospital havia me ligado para me avisar que o estado dela havia se agravado, então corri para cá junto ao Zacc que se ofereceu.

— Vou deixar vocês duas à sós.— Diz saindo do quarto e eu apenas assinto.

— O que vamos fazer vovó?— A pergunto chorando pela milésima vez.— Eu sei que não pode me ouvir mas eu preciso que você fique aqui comigo. Eu preciso de você!— Digo segurando em umas de suas mãos e as lágrimas saem pesadas como nunca.

Minutos em silêncio e nenhuma resposta. Pela primeira vez em minha vida eu me sentia sozinha. Sem a vovó seria impossível viver sozinha nesse mundo porque ela é tudo para mim. Ela é o que mais importa, e não interessa o que eu terei que fazer para manter ela viva, e sim, o motivo pelo qual eu vou fazer o que tem de ser feito.



Era uma vez, Minerva.Onde histórias criam vida. Descubra agora