Ela tinha tomado uma decisão nos últimos dias. Havia decidido afastar-se de Simon e Charlie definitivamente. Era por isso que estava sentada no sofá da sala do conde, esperando pelo menino que o criado disse que logo desceria, enquanto Chocolate mordia seu sapato.
Notou quando Charlie apareceu caminhando devagar, e como lhe sorriu ao vê-la. Carregava uma folha de papel, que ao chegar perto dela, entregou-lhe.
— É um presente. — ele disse com dificuldade.
Era um desenho. Havia Tessa, Charlie e Simon de mão dadas em um campo de girassóis.
— Onde fica este lugar? — ela perguntou apontando para o desenho.
O pequeno deu de ombros.
— Eu não sei, vejo este lugar nos meus sonhos. — mostrou as três pessoas desenhadas. — Vê? Somos uma família. — a criança falou, sonhadora.
A jovem engoliu em seco.
— Charlie, por favor...
— Case-se com meu pai, senhorita. E poderemos ser felizes para sempre. — ele pediu, segurando o braço dela.
— Eu não posso me casar com seu pai, meu querido. — ela disse, passando a mão pelo rosto dele.
— Por que não? — o menino perguntou triste.
Porque havia coisas demais entre os dois, porque havia... Neil.
— Por que eu amo meu noivo. — Quantas vezes já dissera aquilo?
Charlie murchou, saiu de perto dela e foi sentar no outro sofá.
— Eu queria que você fosse minha mãe. — ele disse já chorando.
Tessa foi até ele, e segurou-o nos braços, fazendo-o sentar em seu colo.
— Charlie, ouça o que tenho para dizer, sim? Eu não vou me casar com seu pai, mas... — parou, fechando os olhos, pensando por um momento em tudo aquilo. — É a ultima vez que nos veremos.
— Não. Senhorita Tessa, não. — o pequeno falou em soluço.
Ela o embalou em seu colo, e tentou consolá-lo, sussurrando coisas bonitas no ouvido dele. Até que a criança adormeceu em seus braços.
Mesmo com o peso de Charlie, a jovem conseguiu subir as escadas e ir até o quarto dele, acomodando-o na cama Ele se moveu, mas não acordou. Olhou pela última vez para o menino, e deu-lhe um beijo na testa.
Tessa se foi com o coração despedaçado, sentindo uma profunda tristeza. Sentia-se como se tivesse perdido algo valioso e que não pudesse mais recuperar. Por um instante desejou voltar até lá e abraçar o menino e não soltar mais.
Mas não podia. Neil já havia marcado a data de casamento, pra dali um mês e já não era mais certo continuar com aquilo. A dor de dizer adeus era grande, mas ela viveria uma vida de felicidade ao lado do noivo, e quem sabe dali não muito tempo pudessem ter um filho
Ela andou rápido até sua casa, porque prometeu a sua mãe que não demoraria naquela tarde.
Mas de qualquer maneira, não tinha ânimo para nada.
**
O conde desconfiou que havia algo errado assim que chegou. Charlie não estava na sala e o cão estava sozinho mordendo o pé do móvel. Ele foi até o quarto do menino, e encontrou-o debruçado sobre a cama, chorando.
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O calor dos teus beijos
Historical FictionSimon Comeford é o conde de Wessex, um viúvo que depois da morte da esposa decidiu viver apenas pelo filho. Em uma noite, quando deixava a casa da amante, ele salva duas mulheres de um assalto, mas a escuridão não o deixa ver seus rostos. Porém, ele...