Era uma tarde calorosa e Charlie havia pedido ao pai para levá-lo a confeitaria porque desejava comer um delicioso pedaço de torta. Não vendo mal algum, Simon saiu com o menino, os dois conversando enquanto andavam em frente a vitrine das lojas. Eles pararam em frente a livraria, e o pequeno olhou fascinado para os livros expostos.
— Quando eu aprender a ler, quero ler livros assim, pai. — disse o menino, empolgado. As palavras saíram um pouco erradas, devido a dificuldade de fala da criança.
O pequeno era especial. Esforçava-se para falar corretamente, tinha medo do escuro, não conseguia usar o quarto de banho sozinho e o que mais o deixava mal, não podia ler, já tentara aprender diversas vezes, mas nada adiantava.
— Isso logo acontecerá, Charlie. — animou-o Simon.
A criança abaixou a cabeça e pareceu ficar triste de repente.
— Não sei, pai, eu tento aprender, mas eu não consigo formar as palavras. — reclamou o pequeno.
Simon agachou-se no meio da rua, para ficar mais perto do filho.
— Eu prometo que no ano que vem você estará lendo. Vou encontrar uma maneira mais fácil de ensiná-lo. — falou, passando a mão da cabeça do menino.
Charlie concordou, em seguida deu a mão ao pai, e os dois foram até a confeitaria que ficava mais a frente. Ao entrarem foram recebidos por Laura, a dona do local, uma senhora de mais de sessenta anos, que sorria para eles.
— Tem uma mesa livre aqui. — ela indicou aos dois o local ao lado. — O que vão querer?
Charlie ergueu a mão para responder.
— Torta com creme e framboesas. — o menino disse com um grande sorriso nos lábios.
— Vou providenciar. — Laura deu as costas e entrou no corredor à direita.
— Enquanto você come, vou resolver um problema. Tudo bem? Não vá a lugar nenhum, e coma sua torta. Eu volto logo. — O conde falou, passando a mão pela cabeça do pequeno.
— Sim, pai.
Simon olhou uma última vez para o filho, e deu as costas a ele, enquanto o deixava para ir até a livraria. Precisava comprar um livro para Charlie, para ler para ele. Talvez assim o pequeno não ficasse triste.
E do outro lado da rua, caminhava Tessa e uma amiga, olhando as vitrines.
— Eu preciso de um vestido novo. — contou a jovem.
Passaram em frente a confeitaria, e as duas pararam ao ver a vitrine de doces.
— O que acha de um pedaço de bolo? — sugeriu a amiga.
Tessa concordou de pronto.
— Eu adoraria. — segurou a outra pelo pulso, e caminhou rumo a confeitaria.
Logo na entrada notaram que alguma coisa estava acontecendo. Três pessoas estavam tentando confortar um menino, que não parava de chorar. Tessa se aproximou, curiosa com a cena.
Com pena da criança, a jovem se colocou ao seu lado, e fez um carinho em seu ombro.
— O que foi meu amor? — perguntou ela.
Ele parou de chorar e olhou para cima, para Tessa.
— Meu pai me deixou aqui sozinho, e não voltou mais. — explicou Charlie com os olhos vermelhos.
Ela enfureceu-se de imediato. Estendeu a mão para ele, que colocasse a mãozinha sobre a sua, e de mãos dadas deixou a confeitaria.
— Seu pai disse aonde iria?
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O calor dos teus beijos
Historical FictionSimon Comeford é o conde de Wessex, um viúvo que depois da morte da esposa decidiu viver apenas pelo filho. Em uma noite, quando deixava a casa da amante, ele salva duas mulheres de um assalto, mas a escuridão não o deixa ver seus rostos. Porém, ele...