Capítulo Seis

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Chegara o dia da viagem, a carruagem de Frederica parou em frente a casa de Tessa, que estava esperando-a ansiosamente. O cocheiro a ajudou a subir, e lá dentro ela encontrou a amiga, que sorriu ao vê-la.

Frederica era filha de um fidalgo inglês e uma dama bem vista, tinha duas irmãs mais novas que queriam crescer rápido demais, e estava apaixonada por lorde John, um belo jovem que conquistara o coração da moça.

— Estou ansiosa para ver, John. — ela levou a mão ao coração suspirando.

— Você precisa dizer a ele, amiga. — sugeriu Tessa.

— De maneira nenhuma. Mulheres não podem revelar seus sentimentos aos homens. Eles que precisam vir até nós primeiro. — ela explicou empolgada.

Restou a jovem concordar, já que não via grandes avanços em contrariar a amiga. Ela era fiel aos bons costumes. E não era como se Tessa não fosse, mas com seus pais, dois revolucionários que acreditavam no poder da leitura e no pensamento livre, ela tinha toda a liberdade possível baseada na relação de respeito mútuo.

— O que será que faremos lá? — perguntou a jovem de cabelos negros.

— Nos divertiremos. — riu Tessa, divertida.

A amiga concordou, acenando com a cabeça.

Olharam para fora para verem a paisagem verde e depois esticaram-se na confortável carruagem. Se não fosse por Frederica, a jovem loira não poderia ir ao evento, não conseguira alugar uma carruagem.

— A viagem até Chatham leva três horas, o que não é muito. — comentou a morena.

— Não sou acostumada a viagens assim. Minhas costas doem. — Tessa contou, fazendo uma careta.

Na verdade, a jovem pouco saíra de Londres durante a vida, algumas pequenas viagens aos arredores da cidade, mas nada muito longe. Ela acostumara-se a vida da cidade, mas dentro de si havia o desejo de morar no campo junto de Neil e ter filhos.

— E seu noivo não fica bravo de você sair assim?

— Neil é compreensível. Tenho a liberdade que preciso, e sei que isso choca a sociedade, mas é assim que as coisas são. — explicou Tessa orgulhosa de si.

— Sonho com isso, amiga. Queria que todos os pais pensassem como os seus. Será que um dia a sociedade permitirá que tenhamos tanta liberdade quanto os homens? — Frederica perguntou.

— Eu acredito que sim, se nós mulheres no unirmos conseguiremos nossa liberdade. — a jovem disse, crente naquilo.

A amiga abaixou-se e pegou uma cesta de palha, de onde tirou pedaços de torta de peixe, bolos e frutas. Ofereceu a Tessa, que aceitou de bom grado.

As duas comeram, entre crises de riso e conversas. Quando estavam satisfeitas guardaram os restos na cesta e acomodaram-se nos bancos, uma de frente para outra.

Mais tarde, notaram que a carruagem parara, e o cocheiro apareceu na janela para informar que haviam chegado ao destino.

As jovens sorriram uma para a outra, felizes. A porta se abriu, e Frederica desceu primeiro, seguida de Tessa, que ficou admirada com o tamanho da casa de lady Anne. A construção de cor terrosa era grande, com dois andares de janelas grandes com cortinas esvoaçantes.

— Ali está ela. — a loira disse ao ver a lady se aproximando.

— Vocês vieram. — a mulher as abraçou.

— Por certo que sim, não deixaríamos de vir. — comentou a jovem.

— Venham, meninas. — falou lady Anne, indicando a casa. — Os outros convidados já haviam chegado, e estavam em seus quartos, pois já era fim de tarde.

O calor dos teus beijosOnde histórias criam vida. Descubra agora