Alguns dias depois, Tessa decidiu que veria Charlie.
— Filha, você vai ver aquele menino de novo?
A jovem pensou por um momento se devia mentir para a mãe e lhe dizer que não, mas logo descartou a ideia. Tentava sempre ser sincera com as pessoas.
— Vou, mãe. Charlie precisa de mim. Eu volto logo. — disse a moça, indo para a porta.
Lá fora, a moça abriu sua sombrinha e se misturou com os outros andantes, caminhando tranquilamente pela rua principal para chegar a rua do conde. Ela sabia que havia decidido se afastar de Simon e do filho, e que faria isso em breve. E ela não mentia, faria mesmo, mas aquela era uma exceção para poder ver Charlie mais uma vez. Precisa terminar de ensiná-lo a ler.
Alguns minutos depois ela estava em frente a casa do conde, e bateu a porta, sendo atendida novamente pelo mesmo criado. Ele sorriu ao lhe ver, e abriu-lhe a porta.
— Obrigada. — ela falou ao passar por ele.
Dentro da casa, Tessa notou que havia uma mulher de vestido vermelho escuro sentada no sofá, e que, quando a viu, levantou-se, encarando-a dos pés a cabeça.
Devia ser a amante do conde, pensou ela, assustada. A mulher Ra linda, mas parecia bem brava também.
A jovem cumprimentou a mulher, que não devolveu o gesto.
Simon apareceu descendo as escadas, e sorriu ao ver a moça ali. Foi até ela e a tocou no braço. Ela se afastou sutilmente.
— É bom vê-la novamente, senhorita — ele disse quase sussurrando para que a outra não ouvisse.
— Vim ver Charlie. — explicou a jovem em alto e bom som.
— Ele está no quarto. Vamos, eu a levo. — Simon pousou a mão sobre o ombro dela, e a conduziu escadas a cima.
Enquanto isso, Susan mal podia se controlar de tamanha raiva do conde e da mocinha intrometida. Ela que mal pudesse esperar pelo que viria.
Quanto a Simon e Tessa, subiram para o segundo andar, e chegaram ao quarto de Charlie. Ele abriu a porta, ela estava pronta para ir até a criança, mas o conde a segurou pelo braço, e impediu.
— Ele está doente, senhorita. Varicela. — alertou Simon.
A jovem o fitou com pena, e se aproximou mesmo assim.
— Eu já tive quando era criança, não pego mais. — garantiu ela.
Sentou ao lado de Charlie na cama. O menino tinha centenas de bolhas vermelhas na pele, mas sorriu quando olhou para a moça.
— Senhorita, veio me ver? — ele perguntou feliz.
Tessa assentiu.
— Sim, querido. Estou aqui por você.
E por mim, mentalizou Simon.
— Eu estou aprendendo a ler, senhorita. Dê-me um livro pai. — o menino pediu.
O conde entregou um livro sobre animais, em que havia a figura, e uma descrição em baixo. Charlie passou o dedo pelas palavras e parou em uma, a qual recitou:
— Girafa. — leu devagar.
Empolgada, Tessa bateu palmas. Era isso mesmo que ela queria ver, o menino lendo, e aprendendo a ser mais independente em relação a isso. Eles tinham ido pelo caminho certo, e agora só faltava ele treinar.
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O calor dos teus beijos
Historical FictionSimon Comeford é o conde de Wessex, um viúvo que depois da morte da esposa decidiu viver apenas pelo filho. Em uma noite, quando deixava a casa da amante, ele salva duas mulheres de um assalto, mas a escuridão não o deixa ver seus rostos. Porém, ele...