Tessa chorou a noite toda, na companhia da mãe, que tentava acalmar a filha, e lhe dizer que tudo ficaria bem. Mas até mesmo ela sabia que as coisas não terminariam bem, porque Neil não voltaria atrás, e o noivado estava mesmo acabado. Por quê? Ela se perguntava, socando o travesseiro com força tentando descontar um pouco da raiva que estava sentindo. Maldito Simon, planejara tudo, armara a situação para que o noivo a pegasse no flagra.
E quanto a ela, como pudera ser tão fraca ao aceitar o beijo do conde? Devia ter suspeitado que ele estava planejando alguma coisa má. O homem era diabólico, tinha destruído seus sonhos e suas chances de ser feliz ao lado do homem que amava. Jamais o perdoaria. E nunca mais desejava vê-lo novamente.
E o que aconteceria agora? Sua reputação estava manchada, àquelas horas todos em Londres deviam estar falando sobre o escândalo, e seu nome estaria nas piores línguas como se fosse qualquer uma.
Pela manhã, ela se lavou e trocou de roupa, e depois foi até a sala. Ao menos ainda tinha um pouco de dignidade.
— Onde está meu pai? — ela perguntou a mãe, quando sentaram-se no sofá.
A mulher hesitou um pouco, mas decidiu falar mesmo assim.
— Foi falar com o conde, filha.
— Para que? — quis saber Tessa.
— Para que ele se case com você. — explicou a mãe.
Como? Não podia ser real. Seu pai não faria aquilo.
Levantou-se, pronta para ir até a casa de Simon. Mas sua mãe a segurou pelo braço e a fez sentar-se de novo.
— Seu pai sabe o que faz, Tessa. Deixe-o. — ordenou ela.
A jovem se aquietou por um momento, mas por dentro estava um turbilhão de emoções, sentindo raiva, e também desesperada. A que sorte estava seu destino agora?
**
— Sei que sabe o motivo de eu estar aqui. — o senhor não queria saber de rodeios no assunto.
Simon sabia. Era pelo beijo da noite anterior em Tessa, e o fim do noivado dela com Neil. O conde entendia que o pai da jovem nutria grande apresso ao doutor, e que era de seu gosto que o mesmo se casasse com sua filha. Mas isso não ia mais acontecer e ele a moça precisavam aceitar.
Era preciso dizer que o conde não se sentia orgulhoso de ter de fato destruído o noivado de Tessa e Neil, e que, se houvesse outra opção ele teria feito. Ele na verdade se sentia mal por isso, mesmo que tenha sido um plano de vingança –o qual estava concluído, mas que tenha causado sofrimento na jovem. Ele tinha sentimentos suficientes por ela para não quer vê-la mal. Mas os meios justificavam os fins, ele precisara usar aquela tática para por fim ter a jovem para si. E pelo que ele desconfiava, isso aconteceria muito em breve.
— Diga para o que veio, senhor.
O homem pigarreou, e cruzou as pernas, como se testando a paciência de Simon.
— Todos estão cientes do escândalo da noite passada, sabemos o que fez com minha filha. — ele tinha muitas coisas a dizer ao conde, mas ficaria nas aceitáveis. — Sabe que doutor Neil cancelou o casamento, e está irredutível? A cada rua de Londres o que se fala é disso, de como vossa senhoria arruinou minha filha.
— Ainda não entendi o motivo de sua visita, senhor. — Mas Simon desconfiava, e se fosse isso mesmo, era o paraíso.
Ajeitando-se na cadeira, o homem se inclinou para Simon.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O calor dos teus beijos
Fiction HistoriqueSimon Comeford é o conde de Wessex, um viúvo que depois da morte da esposa decidiu viver apenas pelo filho. Em uma noite, quando deixava a casa da amante, ele salva duas mulheres de um assalto, mas a escuridão não o deixa ver seus rostos. Porém, ele...