Capítulo 7

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Daniel

Assim como eu havia previsto, meu pai reagiu muito mal diante a situação do Caio e se negou a interna-lo. Segundo ele, a noticia do filho do “grande Dr. Medeiros” internado por vicio em drogas, não faria bem a imagem dele associado com a negação de Caio a procurar ajuda, eu fui voto perdido nessa batalha.

Minha semana foi tensa, pois, além de ter que resolver as coisas para que meu escritório começasse a funcionar eu tinha que me dividir e cuidar do meu irmão, durante as três primeiras noites depois que ele voltou para casa eu fui dormi na casa do meu pai, para ficar com ele.

Foram três noites terríveis, a abstinência o deixou agressivo, três noites que vi meu irmão quebrar as coisas da casa, ter tremores e crises de choros incontroláveis, isso me deixava arrasado. Tudo isso, conciliando com o trabalho que acabou me desgastando totalmente. A minha sorte é que encontrei um estagiário muito bom, Guilherme, e apesar da pouca idade, é muito disciplinado e interessado, já na entrevista gostei dele, sabia que nos daríamos muito bem.

Com essa turbulência toda, fiquei dias sem ir ao clube, chegava em casa e a única coisa que pensava era dormir, o que não me impedia de pensar em Marina o tempo todo. Ela sempre estava lá, presente em meus pensamentos, nos meus sonhos, à imagem da menina mulher, com o rosto angelical e um corpo tentador estava me enlouquecendo, tanto que na quarta e quinta feira fui até o clube, mas nada dela. Segundo o barman, já havia alguns dias que ela não aparecia por lá, o que me deixava feliz e triste ao mesmo tempo, triste porque queria encontra-la, mas feliz pelo fato de saber que ela não estava frequentando aquele lugar. Tudo ali transpirava perversão e sexo. Não que sexo fosse ruim, mas ali era tudo muito  impessoal, agressivo. Ela não combinava com aquele ambiente e mesmo com sua desinibição, havia algo que não se encaixava. Marina usava roupas recatadas, nada que a deixasse sensual como a maioria das mulheres que circulavam por ali e tinha em seu olhar, um olhar triste. Mesmo ali, em cima do palco dançando e tirando a roupa, eu conseguia ver a dor nela.  E esse misto de ingenuidade e sensualidade, me deixaram fascinado.

A grande questão é: como eu a encontraria? Com a aproximação do final de semana a minha esperança de encontra-la se renovava, quem sabe não a encontrava por ali.

O escritório foi muito bem na primeira semana, mesmo não tendo casos grandes o movimento foi satisfatório, eu optei por usar o sobrenome da minha mãe no meio jurídico. Não queria nada que me associasse ao meu pai, então ali, seria Daniel Ferreira.

No fim do expediente de sexta, Guilherme estava animado com o trabalho, era gratificante trabalhar com alguém que se empolgava com a profissão, tenho certeza de que ele será um grande advogado.

- Dr. Ferreira, a semana foi muito produtiva, estou aprendendo muito com o Sr.

- Guilherme, pode me chamar apenas de Daniel, em breve seremos colegas de profissão, não precisa de toda essa formalidade. E eu também estou gostando muito do seu trabalho.

- Oh, sim, claro.

- Fico muito feliz que esteja animado, acho que faremos uma boa dupla.

- Obrigado Dr... quer dizer, Daniel.

- Por nada, você tem feito por merecer e se prepare que na segunda, começa tudo outra vez.

- Com certeza, não vejo a hora! Bom, Daniel, sem querer ser intrometido, mas sei que você voltou há pouco tempo para o Brasil, não sei o que faz para se divertir, mas essa noite vou a uma nova boate que inaugurou, é aniversário de uma colega de trabalho da minha namorada, se estiver livre  apareça por lá, é uma turma bem animada.

- Hum, agradeço pelo convite, mas a semana foi puxada para mim e eu quero mesmo descansar. Caso eu animar, apareço. – Meus planos incluíam ir para o clube a procura de Marina, mas isso era algo que ele não precisava saber.

- Ok, o convite está feito, qualquer coisa só me liga. - aceno com a cabeça.

- Tudo bem, obrigado!

- Então vou indo nessa, até mais!

- Até mais, Guilherme.

Saio do escritório e passo na casa do meu pai para ver o Caio, e o encontro extremamente estressado. Meu pai contratou segurança reforçada e ele estava proibido de sair de casa, não era a melhor maneira de consertar as coisas, mas não iria me intrometer. Caio precisava crescer e assumir seus atos, por mais que o amasse, não podia concordar com a vida que ele vinha levando,  ele precisava de ajuda e tinha que enxergar isso. Me permiti um momento egoísta e me neguei a ficar com ele em casa.

***

Quando chego ao clube percorro todo o local e nem sinal de Marina, passo pouco tempo  ali e realmente aquilo não é para mim. O único motivo de estar neste lugar é ela, apenas ela. Algumas mulheres se insinuam, tentam puxar conversa, mas eu me esquivo e quando vejo percebo que ficar aqui, será inútil, resolvo ir embora.

No caminho para casa, me vem à mente o convite que Guilherme  me fez e decido ir a tal boate, passar um tempo com pessoas da minha idade. Afinal, conhecer gente nova não me fará mal algum.

O local está lotado, e seria quase impossível encontra-lo ali, tento seu celular, mas com a música alta duvido que ele escute. Ando em meio as pessoas e vou até o bar e peço uma água, vejo que tem uma escada que dá acesso ao segundo piso e que dali, terei a visão de toda a pista de dança. Subo para ver se consigo encontra-lo, mas para minha total surpresa e alegria assim que enconsto na  grade de proteção meus olhos encontram algo muito melhor e que eu definitivamente não esperaria ver. Sim, avisto Marina, linda! Ela está dançando alegremente com suas amigas, e não penso duas vezes e desço invadindo a pista em direção a Marina.

A música da Adele que está tocando retrata tudo que eu sinto quando vejo aquela mulher, quente, fervendo que nem mesmo a chuva seria capaz de acalmar. Aproximo-me dela e toco seu braço. Ela não se vira, mas sinto seu corpo reagir ao meu, assim como o meu ao dela. Sua pele se arrepia e me deixa completamente louco, enlaço sua cintura e me movo com meu corpo colado ao dela no ritmo da música, nos acordes finais ela se vira e nossos olhares se fixam, neste momento, eu estou rendido, eu faria tudo que fosse necessário para tê-la pra mim. Marina seria minha! O homem possessivo que eu nem sabia que existia entra em jogo quando eu estou perto dessa mulher.

- Marina... – Digo e toco seu rosto, ela fecha os olhos saboreando nosso contato, e quando volta a abrir os olhos, vejo neles tudo o que eu venho sentindo. Paixão, desejo, luxuria, aproximo ainda mais nossos corpos e ela respira descompassadamente  e quando vou beijá-la sou interrompido por uma voz.

- Daniel, que bom que veio. – Guilherme diz e Marina se afasta quebrando nossa conexão

- Uh, sim está animado aqui né. – Respondo enquanto Marina sai de perto me fazendo entrar em pânico. 

- Sim, muito, vejo que já conhece a Marina, ela é a proprietária da indústria que minha namorada Manuela trabalha. Vem, estamos em uma mesa reservada, vamos lá conhecer o pessoal!

Aceno positivamente e sorrio.

E eu achando que o destino estava lutando contra mim e ele me traz exatamente onde eu deveria estar.

Ah Marina, dessa vez você não me escapa!

Destinos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora