Treze

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Meu telefone me acordou. O meu telefone de trabalho com setenta temas de música pornô absurda. Bow-chicka-wow-wooow. Mal levantei da cama e procurei na minha mesa de cabeceira onde geralmente o deixava. Mas quando o sono desapareceu do meu cérebro, percebi que estava vindo da sala de estar. Tropecei, olhando minha porta com o remendo improvisado e notei meu telefone na pequena mesa de correio onde deixo as chaves e a carteira. O que era estranho. Porque nunca o colocaria lá.

Alcancei-o, percebendo a hora com um olhar de soslaio. A maioria dos meus clientes sabia para não ligar antes das onze. E era pouco depois das dez. Toco o botão de chamada. — Está um pouco cedo, querido, — eu disse, parecendo cortante, talvez um pouco cansada. Todo homem era querido ou docinho ou amor. Todo homem era um doce e doce coisa nenhuma.

— Pensei que você poderia abrir uma exceção para mim, — disse uma voz familiar.

Você já ouviu falar em ficar chocada. Bem, eu fiquei chocada quando percebi quem estava ligando para meu número de trabalho. Na minha linha de sexo por telefone. É por isso que meu telefone estava fora de lugar. Ele havia mudado na noite passada. Provavelmente depois de entrar e descobrir meu número.

Coloquei uma mão para cobrir meus olhos, sem reconhecer o sorriso grande e bobo que estava no meu rosto. Oh, Alfonso.

— Você está aí, Dezesseis? — ele perguntou por um momento, soando perfeitamente à vontade. Como se estivesse fazendo uma coisa normal.

— Sim, — respondi, balançando a cabeça.

— Por que você não volta para seu quarto, — ele sugeriu e meus pés se moveram.

— Tudo bem, — falei, olhando minha cama como se fosse estranha.

— E suba na cama, — ele sugeriu, sua voz soa quase divertida.

— Okaay, — eu disse, colocando minha cabeça de volta em meus travesseiros. Juro que eu poderia sentir sua presença atrás de mim. Através da parede. Apenas a quinze centímetros de distância.

— O que você está vestindo?

— Você sabe o que estou vestindo, — eu digo rindo.

— Como eu saberia isso? Eu sou Dan... de... Vermont. Nunca vi você antes na minha vida.

Eu resmunguei, sorrindo para o meu teto. — Certo, — disse. — Bem, eu estou usando calças de moletom enormes, largas e maltrapilhas, e blusa de moletom.

— Vamos, Dezesseis, — ele gemeu.

— Bem. Estou usando calcinha cor-de-rosa e um top preto e branco.

— Isso não combina, — ele provocou.

— Bem, eu não esperava sua ligação, querido. Eu não tive a chance de me vestir para você, — ecoei no meu tom usual que guardava para meus clientes. — Tanga, não é? — perguntei, sabendo que era.

Houve uma risada baixa e profunda. — Sim. E eu quero uma. Percebi que é um novo serviço. Tanga azuis. Para combinar com esses belos olhos.

Oh, maldição. Nem fodendo ele conseguiria uma calcinha minha.

— Você não parece um cheirador de calcinha, — eu disse.

— Não sou, — ele concordou. — Só estava vendo se conseguiria irritar você. Você é muito profissional, — ele disse e soou como um elogio.

Mal sabia ele que eu estava uma confusão de ansiedade por dentro. O que era novidade para mim. Nunca me senti nervosa com uma ligação. Nem mesmo a minha primeira ligação. Fiquei de pé diante de um espelho de banheiro por dias antes, dizendo palavras sujas para meu reflexo. Acostumando com elas. Pau. Vagina. Boceta. Bolas. Clitóris. Gozar. Pênis. Amava as palavras juntas, tentando chegar com a coisa mais imunda que poderia dizer. Apenas tentando aliviar qualquer desconforto ou choque possível sobre o que pode vir de um cliente. Então eu estava preparada para qualquer coisa.

For a good time, call...Onde histórias criam vida. Descubra agora