Como você deveria começar? Como você conta a alguém toda a história de sua vida? Como você encontra esses tipos de palavras?
Como se estivesse sentindo meu dilema, ele abaixou sua mão, segurando a minha. — E sobre sua mãe. Conte-me sobre ela.
Minha mãe. Eu tinha tanta culpa por minha mãe. Lembrei-me quando fui embora, como aprendi a odiá-la. Quase tanto quanto meu pai. Mais às vezes. Porque ela deveria me proteger. Ela deveria me salvar de meu tormento. E eu a odiava por me deixar sofrer enquanto ela ficou parada e não fez nada.
Demorou muito tempo, talvez um ano depois de refletir sobre o que aconteceu e perdoá-la. Para entender. — Minha mãe era sofrida. Ela foi criada com um pai abusivo. Acho que foi fácil para ela... continuar o ciclo, curvar-se diante de outro homem abusivo. E ela nunca foi bastante boa para o meu pai. Ele sempre a estava repreendendo. Como ela cozinhava, como ela limpava a casa, como nos criava. Mas, acima de tudo, como ela não era uma mulher religiosa o suficiente.
— Mas ela deve ter tido uma veia rebelde para ensinar você a ler, — Alfonso disse, acariciando seu rosto no meu pescoço.
— Sim. E ela me deu o nome de Anahí. Eu deveria ser Mary, mas como meu pai não entrou na sala de parto... minha mãe me chamou de Anahí. Igual a sua mãe. E... — eu disse, pensando nela quando estava correndo com os pés descalços na neve, seus olhos selvagens. — Quando meu pai estava fazendo isso, — eu disse, acenando em direção à minha virilha. — Ela... incendiou a sala de estar.
— O quê? — ele disse, levantando a cabeça.
— Sim. Eu acho que ela sabia que nunca conseguiria fazê-lo parar. E ele parecia que estava feliz em me retalhar até que não restasse nada, estava tão irritado. Então ela pegou uma tora e ateou fogo ao lado da cadeira ao lado da lareira. Ela esperou até que estivesse queimado bastante e gritou por meu pai.
— Uau, — Alfonso disse, estendendo a mão e esfregando meu quadril.
— Sim. Fiquei tão mal por não ter percebido o que tinha feito por mim enquanto eu estava crescendo. As pequenas maneiras como ela olhou por mim. Me protegendo...
— Você vê isso agora, — ele disse, encolhendo os ombros.
— Tarde demais, — falei. — Estava tão brava quando fugi de casa. Assim, com tanta raiva. Fui espancada naquela manhã por não ter feito minhas tarefas com antecedência. Eu tinha que ir tomar café da manhã com minha avó e meu pai estava irritado. Nem conseguia me sentar quando cheguei à casa de minha vó com minha mochila que disse que estava cheia de minha costura, mas na verdade eram roupas extras e o dinheiro que eu tinha roubado da Bíblia do meu pai. Quando minha avó entrou na cozinha para tomar o chá, eu corri. Corri, corri e corri, a cada passo xingando meu pai e minha mãe.
— Nunca é tarde demais para dizer a ela que você viu o que ela fez por você, Annie.
— Mas é, — eu disse. — No dia em que fugi, poucas horas depois que ela soube que eu tinha ido embora, ela sabia que eu nunca mais estaria de novo com ela, pegou a faca de caça do meu pai, a mesma que me cortou, saiu na floresta e se matou.
— Jesus, — Alfonso sibilou. — Annie... sinto muito.
Eu balancei minha cabeça. — Não. Não sinta. Descobri depois de ter ouvido falar... dois anos depois... que era tudo o que ela quis fazer por vinte anos. Vinte anos que ela passou sendo menosprezada, espancada e forçada a sexo humilhante com meu pai. Pensou sobre a morte todos os dias. Mas ela suportou. Por mim. Porque ela precisava me proteger. Ela precisava me preparar para o dia em que eu escaparia. Como ela nunca conseguira. E uma vez que eu fugi, ela também teve seu próprio tipo de fuga.
Alfonso se aproximou mais, envolvendo seus braços ao meu redor e me aproximando. — Então, o que aconteceu depois que você fugiu?
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For a good time, call...
Fiksi PenggemarAlfonso está fugindo de um passado que quer esquecer. Ele se instala em sua nova vida, em uma nova cidade, com uma vizinha nova e sexy que sai para beber todas as noites e parece ter muito sexo safado e fantástico todos os dias. Anahí tem mais do qu...