Nossa filha

13 - Artimanhas

Mari:—Eu adotei a Emma faz 5 anos. Ela era recém nascida e a mãe morreu no parto. Fui levar umas roupinhas que fiz para um orfanato e me apaixonei por ela. Foi 1 ano até conseguir levá-la para casa.

Chloe:—E o que aconteceu com ela?

Mari:—O pai biológico apareceu e quer tirá-la de mim.

Chloe:—Mas ele só apareceu agora?

Mari:—Também não entendi isso. Um advogado apareceu na minha loja e perguntou quanto eu queria para abrir mão dela, que eu podia fazer o meu preço que ele estava autorizado a pagar o que eu quisesse.

Chloe:—É uma pena que existam pessoas assim denegrindo nossa profissão. Mas, para fazer essa proposta, ele teria que ter muito dinheiro...

Mari:—Família Agreste, conhece?

Chloe:—Gabriel Agreste, o estilista?

Mari:—Sim.

Chloe:—Nossa, tenho várias peças dele...são fantásticas, se me permite o comentário. Mas Gabriel já deve ter quase 60...será que ele é o pai da Emma?

Mari:—Eu não sei...só sei que o advogado veio de lá.

Chloe:—Olha Mari. Se o seu processo de adoção foi todo certinho, se não fez nada fora da lei, temos uma boa chance de que você permaneça com a guarda definitiva da menina. Por outro lado, Gabriel Agreste é uma pessoa muito influente e rica...ele pode usar certas "artimanhas" para ganhar de você. Não vou mentir que vai ser um processo difícil...

   Sabrina nesse momento chegou com a água e com o café das visitas. Marinette olhou para Chloe, desolada com o que acabara de ouvir.

Mari:—Nossa! Acho que agora vou aceitar aquele whisky agora...

    Chloe sorriu condescendente e olhou para Sabrina, que entendeu o recado e logo voltou com a garrafa numa bandeja e quatro copos, além de um baldinho com gelo. Chloe mesmo serviu as amigas. Luka não quis beber, pois estava dirigindo.

Mari:—E quanto isso vai me custar, Chloe? Sabe, eu tenho minhas reservas, mas não sou rica...

Chloe:—Pra você eu farei de graça!

Mari:—Não Chloe, eu não posso aceitar isso...

Chloe:—Claro que pode! Fica como um pedido de desculpas por tudo o que eu fiz você passar! Além do mais Mari, eu não advogo por dinheiro, tenho muito mais do que preciso! Vai ser um prazer enorme encarar esse desafio!

Mari:—Nossa...nem sei como te agradecer!

Chloe:—Imagina! Mas vamos ter que nos encontrar com frequência, pode ser aqui ou na sua casa, ou em qualquer lugar que você escolher. Preciso de todos os documentos que tenha da Emma e quero muito conhecê-la, acima de tudo. Sabe, quando eu achei que seria mãe, tudo desmoronou. E estou sozinha desde então.

Alya:—Por que não se casou novamente? Você é muito nova, e é muito linda! Pode ter o homem que quiser aos teus pés!

Chloe:—Acho que depois do que eu passei, eu fiquei mais exigente. Não quero um rostinho bonito, sabe? Quero alguém que me complete, que me escute e me abrace forte. O Kim era bonito e gostoso, não vou negar. Mas era só isso. Era a própria estátua do Oscar: ouro por fora, oco por dentro.

Mari:—Isso é realmente terrível. Durante muito tempo eu só tive olhos para Emma, até que conheci o Luka. Aí tudo mudou...minha vida ficou mais feliz depois dele. - disse olhando para ele com carinho

Chloe:—Você teve muita sorte mesmo - disse olhando para Luka

Luka:—Eu que tive sorte de encontrar a Mari e poder ter ela e Emma na minha vida - disse olhando para a noiva

Chloe:—E você, Alya? Casou?

Alya:—Casei com o Nino, lembra dele?

Chloe:—Claro! O moreno de boné que queria ser DJ!

Alya:—E ele é, um dos melhores da França!

Chloe:—Bom saber! Posso contratá-lo para minha festa de aniversário, que será em 35 dias...aliás, vocês 3 estão convidados!

Mari:—Obrigada, Chloe, será um prazer!

Chloe:—Imagina! Quero chamar toda a galera da escola, relembrar os velhos tempos! Alya, depois me passa o contato do Nino, gosto de fazer tudo com bastante antecedência!

Alya:—Chloe, desculpe a minha curiosidade, mas como estão seus pais hoje?

Chloe:—Ah sim, não terminei a história, né? -riu. Depois que papai ficou como prefeito por 12 anos, ele se candidatou ao senado e ganhou. Só então ele deu o divórcio pra minha mãe numa boa. Estão separados no papel, mas vivem saindo juntos. Mamãe foi pra Nova York morar lá, mas não aguentou e voltou para Paris. Acho que no fundo aqueles dois se amam...de um jeito torto, mas se amam...

Mari:—Que bom que no final tudo deu certo. Espero que um dia você encontre alguém também.

Chloe:—É, eu também espero. Já estou cansada de viver sozinha nessa casa. A Sabrina mora aqui e é uma grande amiga, mas eu queria um grande amor, sabe? Desses de fazer a gente suspirar...

    O celular de Alya apitou e ela viu a mensagem de Nino, que já estava do lado de fora da casa de Chloe.

Alya:—Nino chegou. Bom, tá tarde, melhor a gente ir, né Mari?

Mari:—Sim.

    Os 4 se levantaram e caminharam até a porta. Mari deu um abraço em Chloe e agradeceu mais uma vez pela ajuda dela.

Chloe:—Que isso! Vai ser um prazer entrar nessa briga por você! Foi muito bom rever vocês meninas, e foi um prazer te conhecer Luka. Cuida bem dessa menina, ela vale ouro!

Luka:—É, eu sei! Foi bom te conhecer também e obrigada pelo que está fazendo pela Emma. Também está convidada para nosso casamento!

Alya:—Vocês já marcaram data e nem me avisaram?

Mari:—Que eu saiba não. Marcamos, Luka? - perguntou sorrindo

Luka:—Não marcamos, mas não vai demorar - riu

Chloe:—Bom, me mandem o convite que terei o maior prazer em ir! Alya, mande um abraço pro Nino por mim e avise a ele do meu aniversário! Quero ele tocando na minha festa!

Alya:—Pode deixar!

   Os amigos se despediram e deixaram Chloe. Alya encontrou com Nino no carro deles e foi pra casa. Luka foi com Mari no carro dele buscar Emma na casa da avó e logo depois as levou em casa. Mari perguntou se ele queria ficar, mas ele tinha provas para corrigir e teve que ir para casa. A mulher subiu com a filha, que já tinha jantado e estava de banho tomado. Mari ligou a tv do quarto e deixou Emma vendo um pouquinho de desenho enquanto tomava um banho. Depois foi até a cozinha e fez um chá. Voltou para o quarto com a caneca e Emma já estava dormindo em sua cama. Ela então terminou seu chá, escovou os dentes e se deitou ao lado da menina. Cobriu-a e ficou deitada olhando para ela. Dormiu ali, pertinho da sua pequena, vigiando seu soninho, sentindo uma espécie de inquietação, como se alguém pudesse roubá-la enquanto dormia.