Nossa filha

23 - Esclarecimentos

    A cerca de 3 meses, eu precisei contratar uma nova secretária. Mylene está comigo até hoje, ela é excelente no que faz. No dia da entrevista, quando nos despedimos, ela me disse que Kioko tinha razão, que eu era melhor pessoalmente. Então eu gelei: ela conhecia Kioko! Conversamos e ela me disse que Kioko tinha vindo para Paris fugindo da mãe e grávida! Fiz as contas e eu poderia muito bem ser o pai, já que ela engravidou no período que estávamos juntos em Sidney! Então contratei dois detetives para descobrir o paradeiro dela. Eles descobriram que ela tinha ido para Londres, com a desculpa que participar de um torneio, mas nunca chegou a ir. Ela veio para Paris, acho que para me procurar, mas nunca veio falar comigo. Eles desconfiam que ela possa ter me visto com Lila e desistido. Então ela dividia um quarto na casa de uma senhora com a Mylene. Era muito calada e pouco falava da sua vida. Nunca disse a Mylene quem era o pai do bebê, mas mantinha uma pasta com fotos minhas e recortes de revista. Mylene dizia que ela olhava aquilo todas as noites. Eu acho que ela me amava, sabe?

Mari:—Que loucura! Imagino a barra que essa moça passou! Grávida e sozinha! - disse com os olhos marejados

Adrien:—Sim. Me dói saber que ela passou por isso sozinha, enquanto eu estava ali, tão perto. Mas eu não sabia de nada, não tinha como saber. Ela sumiu da minha vida! E de acordo com Mylene, ela sumiu no dia 1 de junho de 2015. Mylene disse que ela saiu pra ir ao mercado e deixou o celular em casa, já que era pertinho. Quando voltou à noite, Kioko não tinha voltado e tudo estava no mesmo lugar. Nunca mais ela voltou. Mylene juntou as coisas dela numa caixa: ela já sabia que o bebê era menina, tinha comprado umas roupinhas e outras coisas. 

Mari:—Meu Deus! Foi o dia que Emma nasceu!

Adrien:—Sim. Ela estava fazendo pre natal em uma maternidade pública e com nome falso, provavelmente com medo da mãe descobrir. Mas ela acabou indo para outra maternidade. Chegou lá com a bolsa estourada e passando muito mal. Desmaiou na recepção e morreu no parto. Por isso ninguém a procurou, ninguém procurou pela bebê. Ninguém sabia dela, nem que estava ali. Imagina quando os detetives me contaram isso há mais ou menos 2 semanas. Eu quase pirei! Eles rastrearam a bebê até o orfanato e depois até você. Eu tenho a possibilidade de ter uma filha, senhorita Cheng! Eu acredito que sou o pai da Emma!

Mari:—Mas eu sou a mãe dela! Senhor Agreste, eu cheguei naquele orfanato porque era pra ser! Eu nunca tinha ido lá e fui justamente pouco depois que a Emma chegou! Eu a peguei no colo e ela segurou meu dedo. Ela sorriu pra mim de olhos fechados! Ela ficava no meu colo sem chorar! Eu fui àquele lugar todos os dias por 1 ano! Todos os dias, senhor Agreste! Eu ia dar bom dia ou boa noite para a minha filha, porque o processo de adoção era demorado. Sabe o que é ter que esperar 6 meses sem saber se alguém vai aparecer para buscar a menina? Eu vivia por ela! Eu fazia bolo todo mês para comemorar sua vida! Emma é a luz do meu coração, ela é minha, o senhor entende isso? - disse enxugando as lágrimas que rolavam em seu rosto enquanto Luka apertava sua mão

Adrien:—Eu entendo. Me desculpe, mas ela pode ser minha filha também e eu preciso ter certeza disso.

Mari:—O senhor pode se casar e ter mais filhos...deixe a minha menina comigo, é só o que eu te peço...-disse tentando se acalmar

Adrien: —Não é tão simples assim...quando eu fui para o torneio em Dubai, eu peguei uma infecção por um vírus que é popularmente conhecido como caxumba. Sabe, eu sou muito resistente à dor e achei que aquilo era uma dor de garganta ou algo parecido. Não dei importância... Eu participei do torneio e vim embora. Cheguei em casa urinando sangue e com muita dor nos...você sabe.

Mari:—Oh meu Deus! Isso quer dizer que...

Adrien:—Os médicos disseram que tem 99% de chance de eu ser estéril. Eu não posso mais ter filhos, senhorita Cheng. Só por um milagre.