18h.
Campainha toca.
De um lado da porta, Marinette aflita. Do outro, Adrien nervoso.
Mari:—Oi, entra!
Adrien:—Oi...tudo bem? Como você está?
Mari:—Nervosa...
Adrien:—Eu também. Onde está Emma?
Mari:—Na banheira, brincando com os patinhos e os coelhinhos. Achei melhor que estivéssemos só nós dois ao abrir o envelope...
Adrien:—E o Luka?
Mari:—Teve que cobrir uma colega que faltou. Seremos só nós dois...
Adrien:—Tudo bem. Tá preparada?
Mari:—Sim, vamos logo acabar com essa angústia.
Adrien:—Toma, abre você.
Mari:—Não, abre você. Você é o pai...
Adrien:—Ta bom.
Adrien abre o envelope e lê o resultado. Então começa a chorar. Não consegue controlar os soluços dentro do peito e Marinette fica preocupada.
Mari:—Adrien, você está bem? Me fala!
Mas ele não consegue falar nada. Ele entrega o papel para que Marinette veja por si mesma o resultado.
Mari:—Deu positivo! Você é mesmo o pai da Emma!
Marinette olhou para Adrien, que mantinha a mão sobre a boca tentando abafar o som do próprio choro enquanto seus olhos não continham as lágrimas. Aproximou-se dele e o abraçou, sendo correspondida de imediato. Adrien a abraçou forte e se permitiu chorar. Marinette ficou abraçada a ele por uns minutos, não tinha coragem de afastá-lo. Na verdade, gostava daquele abraço: era confortável, cheio de ternura, de amor, de felicidade. Então ela o afastou e colocou suas mãos em seu rosto, usando os polegares para enxugar suas lágrimas. Aqueles olhos verdes eram tão lindos, tão intensos...seus lábios estavam úmidos e rosados. Era uma imagem linda.
Adrien:—Obrigado! Obrigado por esse presente! Hoje é sem dúvida o melhor dia da minha vida!
Mari:—Ei, não chore! Eu também estou muito feliz! Feliz em saber que, se um dia eu faltar, Emma terá quem a ame tanto quanto eu!
Adrien a olhou. Era mesmo uma mulher incrível. Além de linda e envolvente, era carinhosa, preocupada, dedicada, delicada e forte ao mesmo tempo...uma pequena lágrima escorreu pelo canto de um dos olhos azuis que o fitavam sem piscar. Adrien fez o mesmo, usou o polegar para enxugá-la. Ao seu toque, Marinette fechou os olhos automaticamente e deitou o rosto em sua mão, o que o fez querer muito beijá-la naquele momento. Era errado, muito errado. Ela era comprometida! Ainda mais porque era noiva do seu amigo! Mas por mais que seu cérebro ordenasse para que se afastasse, seu coração pedia aquele beijo. Estava tão perto, tão quente, tão frágil...
Então aproximou-se bem lentamente, dando a ela total chance de se afastar, coisa que ela não fez. Ela também queria aquele beijo? Ou era culpa da emoção do momento, afinal, os dois estavam completamente vulneráveis!
Emma:—MAMÃE, JÁ ACABEI O BANHO!
Num susto os dois se afastaram. Olharam-se como se tivessem sentindo que desperdiçaram uma oportunidade, mas ao mesmo tempo agradecendo por aquilo não ter acontecido, pois complicaria tudo!
Mari:—JÁ ESTOU INDO AMOR! Eu preciso tirar ela do banho...
Adrien:—Claro, eu espero aqui.
Mari:—Já volto.
Adrien:—Tudo bem.
Mari foi para o banheiro e Adrien sentou no sofá. Olhou mais uma vez o papel e sorriu. Agora ele era definitivamente pai! Seus medos de nunca ter um filho tinham ido embora. Ele tinha uma filha, uma princesinha, que foi fruto de um grande amor, mesmo que passageiro. Kioko foi uma pessoa muito importante para ele, a primeira a quem amou de verdade. Doía sentir que nunca mais a veria...
Mas agora tinha Emma, que parecia muito com ela. Não podia estar mais feliz. Ou podia? Talvez se tivesse Marinette consigo...aí sim, o mundo seria perfeito! Mas não podia ter tudo, não é? Ninguém tem tudo! Ter Emma naquele momento era muito mais do que poderia imaginar pra sua vida, e era muito grato por isso!
Emma:—Tio Adrien! - correu a pequena para abraçá-lo
Adrien:—Oi minha fi...florzinha!
Mari:—Emma, meu amor, senta aqui com a mamãe que eu tenho uma coisa muito importante pra falar pra você. Lembra naquele dia que a gente foi fazer um exame? Então...o tio Adrien também fez, né?
Emma:—Sim, ele foi com a gente.
Mari:—Então, meu amor. Há muito tempo atrás o tio Adrien conheceu uma moça muito bonita e se apaixonou por ela. E essa moça teve um bebê, o bebê mais lindo desse mundo! Só que essa moça queria fazer uma surpresa pro tio Adrien e não contou pra ele que ela ia ter um bebê e que o tio Adrien era o papai desse bebê...
Emma:—Ela fez segredo?
Mari:—É, ela fez segredo. Ela ia contar pra ele só depois que o bebê nascesse. Mas só que quando o bebê nasceu, ela virou uma estrelinha. Então o bebê foi pro orfanato e tio Adrien não sabia de nada!
Emma:—Esse bebê era eu?
Mari:—Sim meu amor.
Emma:—Eu sou a surpresa do tio Adrien?
Adrien:—Sim, pequena. Você é a surpresa mais linda que eu já ganhei em toda a minha vida!
Emma:—Então tio Adrien é meu papai?
Mari:—É sim, querida!
Emma tentava entender tudo aquilo. Ela só tinha 5 anos, mas Marinette sempre foi muito clara em relação a adoção, principalmente porque elas continuavam a frequentar o orfanato, para ajudar as tias e brincar com os bebês.
Emma:—A mamãe diz que foi no orfanato me buscar porque ela queria que eu fosse filha dela. Tio Adrien, você quer que eu seja a sua filha?
Adrien com lágrimas nos olhos:—Quero sim Emma, quero muito!
Dizendo isso, pegou a menina no colo e a abraçou forte, recebendo dela o mesmo carinho. Mas logo Emma se afastou dele.
Emma:—O tio Luka disse que quando casar com a mamãe vai ser o meu papai. Eu vou ter dois papais?
Mari:—Filha...você nasceu da barriga de outra mamãe , não é verdade? Mesmo assim você me chama de mamãe! O Adrien é seu papai de verdade, mas se você quiser chamar o Luka de papai não vai ter problema...
Emma:—Por que você não casa com o tio Adrien? Assim eu vou ter só um papai e uma mamãe...
Mari e Adrien se olharam. Na cabecinha de Emma aquilo era tão simples de se resolver, certo? Adrien sorriu para Mari, que olhou para a filha.
Mari:—Não é assim que funciona, filha. Eu vou casar com o Luka. Você pode chamar ele de papai ou de tio Luka, como já faz.
Adrien:—E pode me chamar de papai, eu vou ficar muito feliz!
Emma:—Tá bom então. Posso ir ver Frozen, mamãe?
Mari:—Pode meu amor.
Emma voltou pro quarto e Mari chamou Adrien para irem pra cozinha, ela faria algo para eles jantarem enquanto conversavam sobre como as coisas seriam dali por diante.
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Nossa filha
RomanceAdotar uma criança talvez seja considerado um dos maiores atos de amor à vida! Marinette sabia que a felicidade dela estava só começando, assim como todos os seus problemas...