*No Japão*
Kioko desembarcava no Aeroporto Internacional de Tókio, onde um carro a esperava para levá-la para casa. Pensou em pegar seu telefone, mas o motorista poderia contar para sua mãe, já que era vigiada o tempo todo. Faria isso em casa, quando chegasse em seu quarto.
Entrou em casa e sua mãe já a aguardava com uma cara não muito boa. Disse que várias noites ligava para o hotel, para o seu quarto e ela não atendia. Perguntou com quem estava e ela só disse que descia para jantar. Mas sua mãe, que não era nada boba, disse que ligava de madrugada. Sabia que Kioko tinha o sono leve e que, se não atendia, era porque não estava no quarto. A menina tentou arranjar uma desculpa, mas a mãe pediu seu telefone. Kioko tentou argumentar, mas não teve jeito: sua mãe tomou seu telefone e descobriu as mensagens que mandava para A.A. (como ela salvara). Disse que foi um rapaz que conheceu e que ficaram amigos, mas pelas mensagens sua mãe deduzira que fora muito mais que isso.
Em meio a uma discussão, onde Kioko argumentava que fazia tudo o que a mãe pedia e ela não lhe dava uma mínima liberdade em troca, sua mãe jogou seu celular no chão e pisou em cima, dizendo que ela só teria liberdade quando não estivesse mais sob seu teto.
A menina ficou desesperada! Não tinha o número de Adrien anotado em nenhum outro lugar! Sua mãe a deixou sem celular e sem internet como castigo pelo seu comportamento, o que impossibilitava qualquer tentativa de contato com A.A.
Kioko vivia vigiada: era levada de carro para os treinos de esgrima e acompanhada enquanto treinava. Sua vida tinha virado um inferno!
Adrien não entendia porque não conseguia falar com a namorada. Pesquisou na internet qualquer coisa sobre a família Tsurugui, mas apenas encontrou os esgrimistas do passado que ganharam torneios importantes. Nem uma linha sobre Kioko, parecia que ela não existia. Ele tentava ligar todos os dias e mandava 1000 mensagens, que nunca chegavam. Mais 1 mês se passou e ele sem nenhuma notícia dela. Por fim, resolveu acreditar que tudo tinha sido passageiro e que ela devia ter outro alguém que esperava por ela. Que aquele mês que passaram juntos tinha sido só uma aventura e que nunca mais se veriam.
Enquanto Adrien estava desolado, Kioko enjoava ao acordar. Como tinha banheiro em seu quarto, sua mãe não sabia de nada. Sentia-se estranha, ora com muito sono, ora com muito enjoo. Seus seios doíam e em um certo momento percebeu que sua menstruação estava atrasada. Com a desculpa que tinha de machucado na esgrima, pediu ao motorista na volta do treino que parasse na farmácia para comprar um curativo. Pegou o que precisava na prateleira dos curativos e discretamente um teste de gravidez. Pagou e colocou tudo na bolsa. Entrou no carro e foi para casa, indo direto para seu quarto.
Fez o teste e descobriu que estava grávida! Sua mãe a mataria! Ficou desesperada e desconsolada! Não sabia o que fazer! Resolveu que não abortaria aquele bebê, ele era fruto do seu amor com Adrien e ela enfrentaria o que precisasse por ele! Continuou seguindo sua rotina, tinha algum tempo para pensar enquanto a barriga não aparecesse.
Dois meses se passaram e a sorte lhe sorriu: sua mãe lhe informou que haveria um pequeno torneio em Londres no mês seguinte, apenas por um fim de semana e perguntou se ela não gostaria de ir. Espertamente ela disse que iria, desde que a mãe lhe desse um celular novo. Como a matriarca era obcecada pelos torneios, concordou com a filha e lhe deu novamente um celular, mas com um número novo. Kioko não tinha mais acesso a nada do seu número antigo. Pensou em procurar Adrien pela internet, mas tinha medo de sua mãe descobrir.
Então ela começou a bolar seu plano de fuga, já que sua barriga começava a ficar saliente em seu 3° mês de gestação: pegou suas joias de família e, escondida de sua mãe, vendeu todas. Precisava de dinheiro. Vendeu seus sapatos e bolsas de grife, sua coleção de relógios e de bonecas japonesas raras. Conseguiu levantar quase 5 mil euros, o que seria suficiente para viajar da Inglaterra para a França, para tentar encontrar seu amado.
O dia da viagem chegou e ela embarcou para Londres. Levou poucos objetos de recordação, disposta a nunca mais voltar para o Japão. Pelo pouco que conheceu de Adrien, sabia que ele aceitaria aquele filho com amor. Esperava que ele a perdoasse pelo sumiço depois que ela lhe explicasse tudo.
Desembarcou em Londres e avisou a sua mãe, como se tudo estivesse indo na mais perfeita ordem. Mas ao invés de ir para o hotel, foi para a estação St Pancras, no Centro de Londres, para pegar o Eurostar, trem que a levaria a Gare du Nord, no norte de Paris.
Pagou em dinheiro. Quebrou seus cartões de crédito para que não pudesse ser rastreada, mudou o chip do celular e foi para a França a procura do seu amor. Não fazia a mínima ideia de onde encontrá-lo, mas lembrava que ele estudava economia e administração na Pantheon Sorbonne University, então decidiu começar procurando por lá.
Conseguiu alugar um modesto quarto de hotel ali perto e passou a ir para a frente da faculdade todos os dias. Sentava e vigiava os alunos de manhã, de tarde e à noite, pois não sabia o horário que ele estudava e não queria pedir informação na administração da faculdade. No terceiro dia ela o avistou: estava lindo como sempre, com uma calça jeans e um moletom preto. Segurava a mochila e conversava com um grupo de rapazes. Ela se encheu de alegria e foi ao seu encontro. A menos de 10 metros de distância, quando ela pensou em chamá-lo, viu que uma morena de longos cabelos castanhos e olhos verdes se aproximou e o abraçou por trás. Kioko parou ao ver que Adrien se virou e beijou a garota como se fosse em um filme de Hollywood. Aquilo acabou com ela! Por pouco não desabou ali mesmo, no meio da rua! As lágrimas caiam sem controle e ela só conseguiu virar de costas e sair sem ser notada. Voltou para seu hotel e ficou no seu quarto, deitada na cama, chorando e abraçando seu pequeno corpo como se pudesse se consolar. Doía saber que ele não tinha esperado por ela, que ele já estava feliz com outra. Como poderia lhe dizer que estava grávida? Em meio a muitos pensamentos e tristezas, só tinha duas certezas na vida: teria seu bebê sozinha, sem falar para o Agreste...e nunca mais voltaria para o Japão.
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Nossa filha
RomanceAdotar uma criança talvez seja considerado um dos maiores atos de amor à vida! Marinette sabia que a felicidade dela estava só começando, assim como todos os seus problemas...