ⅩⅠ

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Não foi difícil de encontrar o lugar. Logo que cheguei, um rapaz magro me recebeu dizendo que o proprietário logo iria falar comigo. Esperei lá, sentado, olhando a bagunça daquele estabelecimento. Me pareceu que aquelas prateleiras empoeiradas não viam uma boa faxina há muito tempo.

Enfim o homem chegou para me receber. Me perguntou o que eu fazia naquele momento ali, meio apressado nos modos. "Vim pelo anúncio" respondi. Ao que ele pareceu confuso. O rapaz permanecia no canto da sala, de braços cruzados.

Eles se entreolharam por alguns instantes, me deixando um misto de confuso e irritado. "Não podemos fazer nada por você agora, amigo" o proprietário disse "aliás, você precisa ir embora daqui agora". Que afronta! — foi o que tive pra mim, já pronto para deixar aquele lugar, sem vontade de trocar mais nenhuma palavra. Antes, porém, quis saber o motivo. Perguntei o porquê. Eu e minha velha mania de querer saber ao fundo a razão das coisas. Talvez minha vida tivesse um destino diferente se eu ignorasse coisas desse tipo.

"Bom, você não deve estar muito bem-informado então" disse o rapaz, sem me olhar. Antes que eu pudesse, o outro complementou — "não está sabendo que essa cidade está prestes a ser tomada pelas tropas alemãs?"

Cartas de Um MiserávelOnde histórias criam vida. Descubra agora