↳ três

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POV S/N

Passei os quase dez minutos sem abrir meus olhos, em nenhum momento deixei de focar em minha apresentação. E, no final, ainda meio receosa, sorri enquanto ouvia as palmas das pessoas que estavam ao redor, inclusive a do diretor que sorria satisfeito.

— Muito bem, senhorita. Posso dizer que tem futuro — solta uma piscadela, eu faço uma referência leve e me preparo para voltar ao local onde outros atores ansiosos aguardavam.

No entanto, assim que direcionei o meu olhar para a platéia ali presente meu coração parou. Uma onda de ansiedade e surpresa tomaram conta de meu corpo como se fosse uma descarga elétrica, meus pés grudaram no piso de madeira do palco assim como meus olhos permaneceram fixos na figurinha à poucos metros de mim. Ele sorria enquanto sustentava meu olhar, como podia sorrir? Louis Partridge. Louis Partridge estava em minha frente, ele deve ter percebido meu humor quando me viu, afinal não retribuí seu sorriso e muito menos acenei.

— Senhorita Mendes? — uma voz grave faz com que eu saia do transe e desvie meu olhar para o dono da mesma.

— D-desculpa — percebo que ainda não havia saído do palco.

Sentindo minhas bochechas arderem, saio às pressas dali enquanto trato de pegar minha bolsa em um dos armários que havia guardado próximo à saída.

Com as mãos tremendo por conta da raiva que consumia meu peito, tento virar o objeto várias vezes na entrada, porém nada de abrir. Depois de várias tentativas consigo recuperar minha bolsa; suspirando aliviada preparo para sair, porém sinto um toque em minha mão e sou puxada delicadamente até estar de frente para o indivíduo que agora me encarava.

— S/N... — sua voz sai suave e baixa.

— Louis — disse de forma curta e ríspida.

— Eu... eu estou sem palavras, jamais imaginei que iria lhe encontrar aqui — tenta se aproximar com os braços abertos, mas fui mais rápida e me esquivei.

Por mais que sentisse falta de me aconchegar no abraço desse garoto, não podia fraquejar.

— Por favor, não se aproxime. Quer falar sobre algo do trabalho? Porque se não for importante, não tenho tempo — falo, mordendo meu lábio inferior enquanto o observava.

Louis, em resposta, apenas fica em silêncio e de cabeça abaixada.

Me viro seguindo pelo corredor, não estava com paciência para falar com ele. Não queria vê-lo. A única coisa que sentia era vontade de desferir tapas e socos, queria descontar minha dor e tudo que passei nele. Porém, ao mesmo tempo sentia vontade de desfrutar de seus lábios outra vez, de sentir seus dedos deslizando sobre minha pele exposta e de inalar seu perfume inesquecível.

— Desculpa... — me viro rapidamente, só que agora estava mais afastada do mesmo. — Fui um covarde; por mais que eu entenda que está magoada e sente ódio de mim, não espero que vá me perdoar tão facilmente... Mas, saiba que estou feliz em vê-la novamente.

O vejo soltar um sorriso sem jeito. Eu suspiro pesadamente e relaxo meus ombros. Sentia vontade de chorar, desde que o vi só queria me desfazer em lágrimas.

— Que bom que sabe que não irei lhe perdoar tão cedo — começo, tentando ser o mais fria possível. — Sabe, se queria se livrar de mim era só ter dito. Doeria bem menos...

— Nunca quis terminar com você, S/N.

— Você nem ao menos ligou para terminar, Louis! Esse que é problema! — o interrompo, com a voz embargada. — Eu passei um ano todo esperando por você, me iludindo achando que iria retornar. Despertava todas as manhãs com a esperança de ter uma mensagem de bom dia sua, ou então lhe encontrar no portão do colégio com cara de sono enquanto tinha em mãos a típica maçã verde.
"Mas não. Você não voltou. E vejo que entendo o porquê. Olha para tudo isso, está famoso agora, fazendo o que gosta... Por que trocaria tudo isso, todo esse luxo por uma garota que não lhe significa nada? Eu fui tão... tola!"

Meu rosto se encontrava encharcado, fiquei surpresa ao observar que o de Louis não se encontrava diferente. Seus olhos — assim como os meus — inchavam aos poucos e ganhavam cada vez mais a cor vermelha, a ponta de seu nariz se encontrava do mesmo jeito.

— Acha que eu também não sofri? Ficar longe de você foi uma tortura, S/N! Ser enganado pelo seu próprio pai, ter toda essa pressão em volta de você... Acha mesmo que foi fácil? Cogitou mesmo a ideia de que eu escolhi ir embora do Brasil? Lhe deixar? Achei que me conhecia... Nem sequer perguntou o motivo de eu ter feito isso! Nem se importou, porque o mundo gira apenas em torno de você, afinal.

Seu peito largo subia e descia acelerado. Louis apertava o lábio entre os dentes alinhados enquanto tentava controlar seu choro.

— Agora eu é que sou a egoísta? O.k., eu sinto muito por isso, Partridge. Desculpa se eu fiquei preocupada, lhe mandei centenas de mensagens todos os dias mesmo que seu número já nem pertencesse mais a você; tentei lhe ajudar, tentei me comunicar... Até que um dia desisti, porque sabia que não iria mais lhe ter. Ver você na televisão e nas redes sociais estava sendo uma tortura, mas não pense que não torci por seu sucesso durante todo esse tempo. Fico feliz que tenha realizado seu sonho, Louis. Espero que seja feliz. — Respiro fundo enquanto seco o canto de meus olhos. — Saiba que já esqueci você, foi um processo doloroso, lhe garanto, mas acho que consegui.

— Acha? — a voz grave de sempre sai aguda.

— Não vou negar que você ainda me deixa uma bagunça, mas não de forma positiva — engulo seco, e me viro para sair.

— Me deixe ao menos lhe explicar... por favor — suplica.

Penso por alguns instantes, todo esse drama me deixou abalada demais.

— Tudo bem... Mas não pense que iremos voltar com nossa amizade ou algo assim, não quero me aproximar novamente, entende? — sentindo meu peito doer, saio dali em passos lentos.

— Quando?

— Preciso processar tudo isso de forma lenta, lhe aviso quando estiver preparada para enfrentar tanta informação. Tchau, Partridge.

— Eu nunca te esqueci, S/N... Nunca parei de pensar em você — mordo meus lábios sentindo as lágrimas inundarem meu rosto novamente.

Saio correndo dali finalmente saindo do grande prédio, me sentia sufocada mesmo estando ao ar livre. Meus sentimentos estavam bagunçados outra vez, pelo mesmo autor de antes... Louis Partridge.

NOTAS DA AUTORA

sla eu quase chorei escrevendo kkkkkkkk não me sinto muito inspirada ultimamente :( me sinto meio desmotivada, só não sei o por quê.

INTERAÇÃO: filmes

dançarina imperfeita ou a barraca do beijo?

crush à altura ou feel the beat?

a cabana ou quatro vidas de um cachorro?

sempre ao seu lado ou felizes para sempre?

milagres de um paraíso ou Deus não está morto?

recomendo todos os filmes, chorei igual uma desgraçada em muitos daí.

↳ Living In London ✘ Louis PartridgeOnde histórias criam vida. Descubra agora