↳ quinze

1.6K 177 445
                                    

POV S/N

Levanto na mesma hora da cadeira esbarrando na mesa e derrubando um copo, que por sorte, estava sem o conteúdo líquido. Na mesma hora meu choro cessou, estava tentando processar aquele momento que tinha a duração de segundos, mas que fez um estrago enorme em toda a barreira que havia feito para me acalmar.

— Mãe? O que faz aqui? — pergunto, com a voz trêmula.

Sinto seu olhar cada vez mais confuso, ele para em Louis e vejo sua expressão mudar de brava, para duas vezes pior.

— Você me enviou uma mensagem minutos atrás dizendo que estava se preparando para um teste importantíssimo...! Acho que quem deveria questioná-la por onde anda ou não sou eu! E ainda por cima com esse garoto? — as mãos de Louis apertam meus ombros levemente com a intenção de me apoiar, mas acho que nessa hora nós dois precisaríamos apoiar um ao outro.

— Mãe... vamos para meu quarto conversar como pessoas civilizadas! — foi a única coisa que consegui pronunciar antes de sair andando apressadamente até as escadas, não suportaria ficar presa em um elevador com minha mãe, mesmo que por segundos.

Louis chegou segundos depois meio ofegante, também havia optado pelas escadas. A mulher mais velha adentra meu quarto dois minutos depois.

— Exijo uma explicação, S/N. — Diz, de forma curta e grossa, enquanto arremessa sua bolsa em cima de minha cama desarrumada e cruza seus braços encarando-me de forma árdua.

— Se acalma, por favor! Eu sei que pra você parece impossível, mas ao menos uma vez tenta ouvir meu lado, ao menos uma vez nesses dezoito anos deixa eu explicar meu lado da história! — suplico, balançando os braços enquanto falo sentindo meu rosto arder e meus olhos marejarem.

A mulher de cabelos platinados substitui a raiva por uma expressão neutra, já foi um começo.

— Eu não estou fazendo faculdade, curso e nem nada desde que cheguei em Londres — não havia como falar isso de forma indireta, fui simples ao me expressar com palavras.

— V-você... você não fez isso... — não havia raiva expressada em sua face, mas tinha algo pior. Aquela típica cara de decepção que vejo desde que me entendo por gente. Nada que eu faço está bom.

Às vezes tirava um nove na escola e sempre tinha aquilo de "podia ter sido dez", o.k., eu me esforçava mais ainda e conseguia um dez, resultado: "não fez mais que sua obrigação". Querendo ou não, a decepção em seus olhos sempre estaria presente me fazendo ter dúvidas se minha mãe realmente me ama.

Depois de alguns longos segundos, ela finalmente abre a boca.

— O dinheiro que juntamos durante todo seu colegial, o que fez com ele?

— E é com o dinheiro que está preocupada? — minha voz falha.

— Óbvio, você tinha apenas um trabalho e era estudar e se formar em advocacia. Não foi capaz de nem ao menos fazer isso! — suas palavras formam uma órbita em minha mente, fazendo com que tudo gire cada vez mais e eu me sinta mil vezes pior. — Tenho certeza de que torrou o dinheiro em coisas que não presta e foi atrás desse garoto para lhe sustentar! Eu sempre soube que isso de te mandar pra outro país foi um erro, mas seu pai e sua avó nunca me escutam! E agora, só falta me dizer que está grávida!

Tudo foi muito rápido, senti meu estômago embrulhar e minha cabeça latejar cada vez mais. Minha própria mãe pensando aquilo de mim, não consegui me explicar, não consegui me mover. Apenas caí de joelhos no carpete macio e solucei feito uma criança. Eu sempre fazia isso quando tinha brigas com a minha mãe, porém antes era por eu não ter feito algo direito ou ter ido mal na escola, agora era algo muito pior, mas não acho que merecia ser tratada assim por ela. O que eu fiz para que me odiasse tanto?

↳ Living In London ✘ Louis PartridgeOnde histórias criam vida. Descubra agora