Capitulo quatro

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Josh estaciona o carro em frente minha casa, as luzes estão acesas indicando que meus pais estão acordados. Ele me olha com ternura.

─ Você foi uma ótima companhia hoje, Josh. Obrigado! ─ sorrio.

─ Quando vai conversar com seus pais sobre oque está acontecendo com você? ─ ele pergunta e eu engulo seco.

─ Como assim? ─ questiono e ele sorri sarcástico.

─ Any, por qual motivo gosta tanto de mentir pra si mesma?

O clima no carro fica tenso. Eu me encolho no banco e encaro a neve caindo lentamente sobre o carro.

─ Medo da realidade. ─ suspiro. ─ Talvez não seja um assunto que eu queira conversar no momento. ─ dou de ombros.

─ Como quiser, mas saiba que se não entende oque está acontecendo com você e seu corpo, existe uma coisa chamada internet obscura, pode achar respostas por lá.

─ Acho que minha cota de obscuridade já foi preenchida nos dois últimos anos. ─ sussurro. ─ Olha, eu acho que você bebeu demais e está imaginando coisas, nós sentamos perto do fogo e ele refletiu nos meus olhos, foi só isso.

─ Eu vou fingir que acredito, Sra. George. ─ Josh brinca. ─ Vou precisar de um dicionário pra te decifrar. ─ ele sorri com os olhos.

─ Sou previsível, Sr. Christopher, a pessoa mais comum que pode ter conhecido em New Orleans. ─ mordo meus lábios. ─ Não tem nada de novo por aqui. ─ dou de ombros.

Josh me analisa com os olhos cerrados.

─ Precisa se conhecer melhor.

─ Me conheço o bastante. ─ encaro meus pés.

─ Não o suficiente. ─ ouço Josh engolir e suspirar exasperado. ─ Nos vemos amanhã?

─ Claro, tenha um ótimo resto de noite, Josh.

─ O mesmo para você, Any.

Saio do carro e aceno quando já estou na minha varanda. Quando Josh dá partida no carro deixando pra trás só o rastro na neve, respiro aliviada. Ele me deixa tensa, mas não incomodada. Sinto que posso lhe contar as coisas e o máximo que ele fará é me ajudar ou explicar. Josh exala auto confiança, é um adolescente com muita maturidade, apesar da brigas. Acredito que ele tenha algum problema com a raiva, mas nada tão assustador.

As palavras ditas por ele em questão do Noah oscilam no meu pensamento. Noah é um bom garoto, só está passando por uma fase difícil, mas isso não lhe dá o direito de me tratar como uma qualquer. Preciso me valorizar e colocar um basta em toda essa situação. Preciso me impor.

Quando entro em casa, meu pai está na poltrona lendo livro enquanto bebe vinho e minha mãe no seu computador teclando.

─ Ah, oi querida, como foi? ─ minha mãe questiona e eu tiro minha touca colocando sobre o cabide.

─ Podemos conversar? ─ pergunto.

Meu pai tira o óculos e fecha o livro junto de minha mãe que se desliga do seu computador. Me sento na poltrona de frente pra eles os encarando.

─ Any, sabe que pode falar qualquer coisa pra nós. ─ meu pai diz e eu respiro fundo.

─ Tem duas coisas que eu quero colocar em questão, mas hoje só tenho coragem pra dizer uma. Estou em processo de descobrimento, a cada dia é um aprendizado e eu colho as pequenas coisas porque vocês me ensinaram que tudo faz diferença lá na frente. ─ suspiro. ─ Sei que sempre apoiaram meu namoro com o Noah, ele é como um segundo filho pra vocês dois e eu o amo, mas não mais desse jeito, o jeito de namorados. Ele está em uma fase conturbada e eu preciso rever oque é o melhor pra mim, me colocar como prioridade.

Fênix ─ A revelaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora