Josh estaciona o carro em frente minha casa, as luzes estão acesas indicando que meus pais estão acordados. Ele me olha com ternura.
─ Você foi uma ótima companhia hoje, Josh. Obrigado! ─ sorrio.
─ Quando vai conversar com seus pais sobre oque está acontecendo com você? ─ ele pergunta e eu engulo seco.
─ Como assim? ─ questiono e ele sorri sarcástico.
─ Any, por qual motivo gosta tanto de mentir pra si mesma?
O clima no carro fica tenso. Eu me encolho no banco e encaro a neve caindo lentamente sobre o carro.
─ Medo da realidade. ─ suspiro. ─ Talvez não seja um assunto que eu queira conversar no momento. ─ dou de ombros.
─ Como quiser, mas saiba que se não entende oque está acontecendo com você e seu corpo, existe uma coisa chamada internet obscura, pode achar respostas por lá.
─ Acho que minha cota de obscuridade já foi preenchida nos dois últimos anos. ─ sussurro. ─ Olha, eu acho que você bebeu demais e está imaginando coisas, nós sentamos perto do fogo e ele refletiu nos meus olhos, foi só isso.
─ Eu vou fingir que acredito, Sra. George. ─ Josh brinca. ─ Vou precisar de um dicionário pra te decifrar. ─ ele sorri com os olhos.
─ Sou previsível, Sr. Christopher, a pessoa mais comum que pode ter conhecido em New Orleans. ─ mordo meus lábios. ─ Não tem nada de novo por aqui. ─ dou de ombros.
Josh me analisa com os olhos cerrados.
─ Precisa se conhecer melhor.
─ Me conheço o bastante. ─ encaro meus pés.
─ Não o suficiente. ─ ouço Josh engolir e suspirar exasperado. ─ Nos vemos amanhã?
─ Claro, tenha um ótimo resto de noite, Josh.
─ O mesmo para você, Any.
Saio do carro e aceno quando já estou na minha varanda. Quando Josh dá partida no carro deixando pra trás só o rastro na neve, respiro aliviada. Ele me deixa tensa, mas não incomodada. Sinto que posso lhe contar as coisas e o máximo que ele fará é me ajudar ou explicar. Josh exala auto confiança, é um adolescente com muita maturidade, apesar da brigas. Acredito que ele tenha algum problema com a raiva, mas nada tão assustador.
As palavras ditas por ele em questão do Noah oscilam no meu pensamento. Noah é um bom garoto, só está passando por uma fase difícil, mas isso não lhe dá o direito de me tratar como uma qualquer. Preciso me valorizar e colocar um basta em toda essa situação. Preciso me impor.
Quando entro em casa, meu pai está na poltrona lendo livro enquanto bebe vinho e minha mãe no seu computador teclando.
─ Ah, oi querida, como foi? ─ minha mãe questiona e eu tiro minha touca colocando sobre o cabide.
─ Podemos conversar? ─ pergunto.
Meu pai tira o óculos e fecha o livro junto de minha mãe que se desliga do seu computador. Me sento na poltrona de frente pra eles os encarando.
─ Any, sabe que pode falar qualquer coisa pra nós. ─ meu pai diz e eu respiro fundo.
─ Tem duas coisas que eu quero colocar em questão, mas hoje só tenho coragem pra dizer uma. Estou em processo de descobrimento, a cada dia é um aprendizado e eu colho as pequenas coisas porque vocês me ensinaram que tudo faz diferença lá na frente. ─ suspiro. ─ Sei que sempre apoiaram meu namoro com o Noah, ele é como um segundo filho pra vocês dois e eu o amo, mas não mais desse jeito, o jeito de namorados. Ele está em uma fase conturbada e eu preciso rever oque é o melhor pra mim, me colocar como prioridade.
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Fênix ─ A revelação
FantasyAny George nasceu em New Orleans, uma cidade cultural e cheia de magia. Como regra anual, todos os alunos devem decidir qual será seu guardião pro resto da vida, mesmo após sair da escola. Any se vê perdida ao não se encaixar em nenhum deles, se sen...