Meu pai anda pela sala enquanto alisa sua barba. Ele está visivelmente chateado, mas não bravo.
─ Eu sempre conversei tanto com você sobre os guardiões, sempre te guiei pra respeitar todos eles. Oque aconteceu, Any?
─ Eu não desrespeitei os guardiões, pai. Eu só... Eu sempre ouvi ofensas de outras pessoas por ser uma das poucas meninas negras carregando o brasão dos leões. Sabe o peso disso? Usarem minha cor pra me sentir diferente e não o suficiente pra carregar algo tão simbólico. ─ Suspiro levemente. ─ Eu não sou essa garota que a supervisora está pintando. Você me conhece como ninguém, acha mesmo que eu faria algo nesse nível se não fosse por uma boa razão? ─ gesticulo com aspas a palavra "razão".
O Sr. Isaac passa a mão pelo rosto exasperado e se senta do meu lado.
─ Any, não se repreende outra pessoa com um ato de violência. Você não prefere mostrar com um bom diálogo a essa pessoa que sua cor não te diferencia em nada? ─ sua voz é suave.
─ Eu não tenho que mostrar nada pra ninguém, papai. O google está ai, é só pesquisar e se aprofundar no assunto. Desde os primórdios da terra qualquer pessoa deveria saber que minha pele não me torna divergente de outras pessoas. ─ engulo seco e sacudo a cabeça. ─ Não é minha função ensinar a outra pessoa o básico, entende? Ninguém nasce racista, vem de família, e sinceramente, se adultos são tão leigos a esse ponto não posso fazer nada. Não está dentro da minha capacidade mudar o mundo.
─ Ah Any, você está tão enganada. O mundo está nas suas mãos. ─ sua expressão é angelical e ele brinca com uma mexa do meu cabelo. ─ Só precisa ser coragem o suficiente pra enxergar isso.
─ O mundo está nas mãos de líderes cegos, papai. ─ sorrio.
─ Não por muito tempo. ─ ele sussurra. ─ Vamos esperar.
Ele se levanta indo até a cozinha e eu o sigo.
─ Oque quis dizer? ─ questiono.
─ Any, já conversamos sobre isso. Tudo tem o seu tempo certo, tudo bem?
─ Então pare de falar entrelinhas, quando finalmente vai ser o tempo? Porque você e a mamãe vivem escondendo as coisas de mim? Oque tem de tão misterioso que eu não posso saber?
─ Você conseguiu fazer três perguntas em uma única frase, sua curiosidade está me surpreendo. ─ ele ri e eu reviro os olhos.
─ Pai... ─ choramingo.
─ Vou finalizar o assunto com... ─ ele procrastina. ─ Não vai mais usar os guardiões pra ofender outras pessoas e sem mais questionamentos. Eu sou seu pai e eu sei a hora que devo falar algo pra você, ok? ─ abaixo a cabeça e brinco com meus pés. ─ Eu vou mesmo ter que repetir, Sra. Any?
─ Ok, papai... ─ sussurro.
Meu pai é meu ponto seguro. Nós temos uma relação invejável. Ele que me ensina tudo, das aulas de piano a qual o melhor bourbon da cidade. Minha mãe e ele escolhem um dia da semana que podem ficar bêbados. Eu subo pro meu quarto e tranco a porta. Oque acontece na sala já não é mais problema meu. Quero dizer que, ele é um homem sensacional. Um pai excepcional e eu o amo mais do que a mim mesma. Nossa ligação é inquebrável. Ele me incentiva a ser uma mulher independente, corajosa e destemida.
Me lembro das aulas de luta com nove anos, eu cansada, com o corpo dolorido e ele trabalhava minha mente, dizendo que eu sou capaz de vencer meus próprios limites. E pronto, eu realmente vencia o cansaço. Nunca foi um peso pra mim treinar ao lado do meu pai, eu me divertia e me sentia empoderada. Depois de anos, com os meus dezessete anos, sei que posso me virar e que ele sente orgulho de mim. Isso é tudo oque me importa.
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Fênix ─ A revelação
FantasyAny George nasceu em New Orleans, uma cidade cultural e cheia de magia. Como regra anual, todos os alunos devem decidir qual será seu guardião pro resto da vida, mesmo após sair da escola. Any se vê perdida ao não se encaixar em nenhum deles, se sen...