New Orleans estava estagnada. A população se recusava a acreditar em tamanha brutalidade. Cinco jovens cheios de vida, com um futuro até que promissor, alguns pertenciam ao time de futebol americano da escola e outros já planejavam suas faculdades em Havard.
Dois dias depois de descobrir o assassinato do Noah, criei coragem pra ir até a casa dos seus pais, meus ex's sogros. Toquei a campainha e aguardei um minuto até que Joane, a empregada doméstica abriu a porta. Ela abriu um pouco a boca em me ver e caiu aos prantos. Fiquei desconcertada, apenas a abracei e ficamos ali por alguns segundos, sem dizer uma palavra, só sentindo a dor.
Algum momento depois fomos para a sala de estar, os pais de Noah me receberam de coração aberto. Sua mãe estava desolada, com os olhos inchados e o rosto vermelho.
– Any, é muito bom te receber aqui, de certa forma trás algum conforto... – O Sr. Urrea disse baixo.
– Ele tinha tantos planos, eu realmente não consigo entender essa barbaridade. – suspiro. – Minhas condolências.
A Sra e o Sr. Urrea voltam a chorar copiosamente, Noah tinha problemas com o pai, problemas graves, mas seu pai o amava e queria apenas que ele entrasse em um caminho mais correto. Ele certamente deixou um buraco no coração de todos.
[...]
Entro no carro junto com meus pais, está a noite e mais cedo a população se juntou pra enfeitar a cidade em homenagem aos cinco jovens.
Hoje é o velório do Noah, a cidade toda caminha pro local que foi escolhido pelos seus pais no Quartel Francês. Eu estou assustada, desde que descobrimos a tragédia não consegui soltar uma lágrima se quer, deve ser pelo fato de acreditar vou ver ele amanhã, minha ficha ainda não caiu.
Chegamos no local, Sabina corre ao me ver. Ela chora como uma irmã mais nova que perdeu o irmão. A relação de ambos era muito bonita antes do Noah mudar completamente. Meu coração se parte. Sabina soluça e grita desesperada. Nossos amigos se juntam e ficamos ali por um tempo tentando acalmá-la.
Me aproximo do caixão, deixo uma rosa branca em cima do seu peito. Ele está sereno apesar das marcas do crime.
– Eu não sei como fazer isso, não sei como despedir. Parte de mim ainda acredita que vamos nos ver na escola semana que vem e que provavelmente íamos brigar. Brigar... – travo. – Você se foi irritado comigo, eu sinto muito... – As lágrimas finalmente vieram de forma avassaladora. – Eu te amo, Noah. Se de algum lugar estiver me escutando, eu te perdôo, tá bom? Pode descansar agora.
Uma mão repousa na minha. É Joshua. Ele coloca uma rosa preta ao lado do rosto de Noah. Eu olho, ele está chorando e os lábios travados, a certa raiva em sua expressão. Ele se abaixa até ao ouvido do Noah e sussurra.
– Pode ir em paz irmão, quem fez isso com você vai pagar, e acredite, eles vão desejar nunca ter cruzado nossos caminhos.
Eu me arrepio.
– Do que está falando? – o questiono.
– Do óbvio, isso não vai ficar impune. – Josh diz indiferente.
– Joshua, não se paga o mal com o mal, essas pessoas vão sofrer as consequências perante a lei, não a você. – digo irritada.
– Que pena, minha decisão já foi tomada.
Ele sai e se mistura em meio a multidão.
[...]
É cerca de 21:00 quando chego em casa, retiro as luvas e pego a chave do meu carro.
– Ou, pensa que vai aonde? – meu pai para em frente a porta.
– Krystian e Bailey vão estar comigo, não vou a floresta e tem carros de polícia a cada perímetro. – digo rápida.
– Eu não te questionei com quem vai estar e eu não ligo se tem carros de polícia por todo o Quartel. Tem assassinos lá fora e você podia estar acompanhada do Capitão América, não vai sair. – o Sr. George diz firme.
– Meus amigos precisam de mim, não vou deixar um deles cometer uma besteira. – suspiro impaciente.
– Any, qual é? Pro seu quarto, quer minha versão mais chata?
– Eu quero que me dê espaço pra passar, não vai me prender dentro de casa!
– Já está presa. – ele joga a chave da porta pra minha mãe e ela enfia no sutiã sorrindo. – Sei que está zangada e magoada pelo últimos acontecimentos, mas não pode sair por aí achando que pode salvar todo mundo.
Grito abafada e subo pro meu quarto. Arrasto minha cama até a porta bloqueando a passagem. Pego minhas botas de neve e guardo a chave do carro no meu bolso. Abros a janelas e começo a descer devagar, encaixando meus pés de forma que eu não deslize sobre a neve, oque não adianta já que eu caio do segundo andar na frente de casa, minha sorte é que a neve amaciou a queda.
Meu pai escuta o barulho e olha pelas janelas transparentes da sala de estar.
– Any, não se atreva!
Ele grita irritado e começa a gritar minha mãe. Me levanto meio tonta e começo a andar rápido até a garagem. Chego no carro e me jogo dentro do mesmo. Saio da garagem e dou ré, meus pais me olham pela entrada e eu solto um sorriso de quem sabe que vai levar um esporro depois.
– Você não sabe dirigir na neve, sai agora do carro! – a Sra. George berra.
– Eu amo vocês, mas um amigo precisa realmente de mim!
– A gente vai te matar! – meu pai rosna a palavras.
– Eu sei... – sorrio e acelero o carro.
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Fênix ─ A revelação
FantasyAny George nasceu em New Orleans, uma cidade cultural e cheia de magia. Como regra anual, todos os alunos devem decidir qual será seu guardião pro resto da vida, mesmo após sair da escola. Any se vê perdida ao não se encaixar em nenhum deles, se sen...