Capítulo dez.

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Estar perto dos meus amigos me deixa muito mais feliz que o normal, eles são a parte boa que carrego comigo, que me faz esquecer os problemas e que vão deixar memórias impagáveis.

Meus pais falaram a mesmas regras de sempre e logo em seguida saíram. Me sento no sofá ao lado de Sabina e meu coração não se contém em deitar minha cabeça no seu ombro e agradecer mentalmente em todos estarem ali.

Krystian se levanta sorridente e caminha até sua mochila, tirando dela uma garrafa de tequila. Eu sorrio. Nunca fui de beber, na verdade nem gosto, mas acho que por hoje está tudo bem.

– Acho que todo mundo precisa um pouco. – Krystian balança a garrafa transparente no ar.

– Tô dentro. – respondo e todos me encaram incrédulos. – Que foi? As circunstâncias não me deixam outra opção. – dou de ombros.

Eu sinto os olhos de Joshua penetrando minha pele como fogo. Ele não disse uma palavra desde que chegou. Está bonito, com uma tshirt de frio preta de manga comprida, o cabelo levemente empinado e uma calça de linho off white. O ar está misterioso, como se pudesse sentir seu coração acelerado exalando pelo ar. Não consigo manter meus olhos nele por muito tempo, como sempre, Josh soa muito intimidador.

– Eu nunca? – Bailey pergunta e todos confirmam.

– Eu nunca... beijei meu melhor amigo.

Sabina diz e eu vejo olhares se cruzando pela sala. Olho pra Bailey e ele balança a cabeça com um olhar de repulsa. Eu entendo, somos melhores amigos desde infância, isso nunca passou pela minha cabeça. Mas ai eu me lembro do Noah, ele também era meu melhor amigo antes de tudo desandar, meu confidente.

– Vou beber pelo Noah. – digo e deslizo o líquido forte pela garganta.

Savannah, Bailey e Joshua bebem.

– Eu nunca tive um sonho quente com alguém que está aqui. – Krystian pergunta e eu sinto que a brincadeira começa a ficar mais pesada.

Bailey, Savannah e Joshua bebem. Sinto Sabina virar o rosto imediatamente pra mim. Eu não sei oque aconteceu a partir dai, mas tudo pareceu se voltar pra mim.

– Eu nunca me apaixonei por outra pessoa enquanto estou em um relacionamento. – foi a vez de Sabina perguntar e eu sinto meu rosto pegar fogo.

O clima fica tenso. Sinto como se meu coração fosse sair pulando pela minha boca. Todos me olham. Merda. Porra. Eu vou matar a Sabina.

– Prefiro não responder. – digo e cruzo os braços.

– Você sabe das regras quando não se responde. – Savannah diz e eu engulo seco.

A regra consiste em vendar os olhos, escrever em papéis o nome de todos os jogadores e nome dos lugares do corpo em que o sorteado poderá beijar. Balanço a cabeça exasperada e me rendo.

– Tudo bem, não vou ser a chata da brincadeira. – respondo um pouco irritada.

No meu coração eu só clamava pro sorteado não ser o Joshua. Há dias estou tentando enganar minha mente e coração, desejando que esse sentimento fosse reprimido, que meu desejo por ele fosse exterminado, mas tudo sem sucesso. Joshua sabe brincar, ele sabe oque fazer, oque dizer. É como se ele calculasse cada movimento do seu corpo, tudo é sempre esquematizado pra me deixar sem ar.

Um beijo em um lugar "inapropriado" faria eu me render bem ali, na frente dos meus amigos.

Todos se levantam. Savannah passa a venda nos meus olhos e eu já não consigo enxergar mais nada. Como uma tortura sem fim, demoram bons minutos pra terminarem de escrever os nomes e as partes do corpo. Fico ali, imóvel, ofegante e ansiosa.

– Pronto, pode sortear o felizardo. – Sabina brinca e me ajuda a colocar a mão dentro do potinho.

Dou uma leve mexida dentro e puxo o papelzinho com as mãos trêmulas. Entrego o papel, ela pega o outro o potinho e me pede pra sortear novamente. Pronto.

Silêncio. Só ouço a respiração dos meus amigos envolta e a lareira queimando no fundo. Meu peito sobe e desce freneticamente. Sinto alguém se aproximar. Quente, tenso e tórrido. A boca macia deposita um beijo suave no meu pescoço. É ele, não existe dúvidas.

Meu pescoço se contorce em um ato involuntário. Meu corpo se arrepia por inteiro e ali mesmo eu me perdi. Se existia dúvida alguma, não existe mais. Joshua tem total controle sobre meu corpo, sobre mim e sobre meus pensamentos.

/

A parte menos pior de tudo isso acontecer é que nenhuma palavra foi dita sobre. Algumas horas depois estavam todos bêbados, inquietos e alegres. Exceto Joshua que mantém a postura a qualquer custo.

Subo pros quartos e termino de ajeitar as camas. Todos precisam estar quietos e dormindo antes dos meus pais chegarem. Termino tudo e Joshua me ajuda a arrastar cada um pro seu devido lugar.

Depois de fechar a última porta com o grupo em segurança, em suas respectivas camas e cobertos, respiro aliviada. Desço pra cozinha e encontro Joshua lavando a louça.

– Não precisa, me viro aqui amanhã. – falo enquanto me encosto do seu lado na pia.

– Acho que me conhece o suficiente pra saber que gosto de ajudar. – ele diz me olhando.

– Você acha que eu sou uma puta?

Joshua gargalha e se vira pra mim.

– Do que você está falando George?

– Você sabe do que eu tô falando, Christopher. Eu cansei dos seus jogos. – esbravejo.

– O jogo já acabou faz tempo. – ele diz e me fita. – Eu não brinco na vida real.

– Eu estou apaixonada por você.

As palavras saem, sem ao menos eu permitir, simplesmente saem. Minha boca se abre um pouco e segundos depois eu me dou conta da merda que acabei de fazer.

– Não, não está!

– Por que não? – pergunto incrédula.

– Me dê um motivo.

– Porque meu coração queima toda vez que eu vejo você.

Fênix ─ A revelaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora