Assim que finalizo meu banho depois do jantar, ouço duas batidinhas na porta, é a mãe do Josh.
– Posso entrar? – ela pergunta gentilmente.
– Claro, fique a vontade. – respondo.
– Any, só vim te agradecer pelo zelo com o Joshua, ele saiu de uma época complicada de sua vida e agora finalmente consigo ver alguma esperança lá no final. – a Sra. Christopher suspira. – Ele não é um menino ruim, só tem que aprender a lidar com a vida.
– Não precisa agradecer, Sra. Christopher. O Josh tem sido um amigo muito incrível pra mim e pro meu ciclo de amizades. Oque eu puder fazer pra ele se sentir incluído e feliz, tenha certeza que farei. – sorrio com os olhos.
– Sei que vai. Você é uma menina indescritível, Any. Saiba que sempre será bem vinda a minha casa.
A Sra. Christopher sai do quarto e segundos depois Joshua entra. Ele está com o cabelo molhado e com uma calça de moletom, agora consigo ver nitidamente suas tatuagens. São lindas, com traços finos e marcantes.
– Não está com frio? – pergunto enquanto tento desviar meu olhar.
– Nenhum um pouco. – ele cruza os braços e se escora na porta. – Teve uma conversa produtiva com minha mãe?
– Nada demais, ela é muito simpática. – respondo.
Eu encontro seus olhos de novo e minha boca se abre um pouco.
– Ela sabe ser. – Josh em gesto rápido fecha a porta e as trancas. Agora somos só nós dois, jovens, inquietos e cheios de sensações. – Sabe Any, eu não gosto de demonstrar minhas fraquezas, e parece ser imaturidade da minha parte querer sempre demonstrar meu lado mais forte, o meu lado mais sombrio. – ele cruza os braços enquanto me encara.
Sinto meu peito subir e descer freneticamente.
– Eu jamais usaria nada contra você ao meu favor, já devia saber disso. – respondo e engulo seco.
– Eu sei que não. Confio em você. Até mais que deveria.
– Não acha que sou uma pessoa confiável? – pergunto exasperada.
– Não tem haver com confiar e sim em como lidar.
– Do que está falando? – questiono confusa.
– Precisamos dormir. Quero te levar cedo pros seus pais e tentar explicar toda a situação.
Joshua curva seu corpo depositando um beijo com ternura na minha bochecha. Suspiro baixinho e sinto seu toque quase como uma onda enérgica correndo por cada centímetro do meu corpo.
– Odeio assuntos inacabados. – digo suave.
– Mas ainda temos muito oque conversar. Boa noite, Sra. George.
Então ele sai do quarto me deixando sozinha, ansiosa e desconcertada.
/
Voltar pra escola depois que tudo aconteceu foi devastador. Não vejo Sabina e o resto do grupo há dias. Está tudo sem cor, sem vida. Parte de nós foi com o Noah e não estamos sabendo lidar.
Escoro na parede enquanto aguardo minha primeira "vítima". Bailey sai do banheiro masculino arrumando o cabelo.
– Te achei. – digo o assustando.
– Merda! – ele xinga baixinho. – Oque está fazendo?
– Te procurando, procurando a todos na verdade. Qual é? Vai esquecer que eu existo? – falo chateada e seus olhos murcham.
– Não, claro que não, é só que... – Bailey suspira e me abraça. – Eu não imaginei que fosse doer tanto...
Fico abraçada ali com ele, de certa forma compartilhando a dor. Bailey é oque eu chamo de um dos meus pontos seguros. Sei que se eu desabar ele vai estar lá pra me ceder seu ombro e conselhos.
/
Depois de achar Krystian e Savannah pela escola decidimos subir uma floresta que fica perto da nossa escola. Sempre vamos lá pra conversar e se destrair, achei que seria um ótimo lugar pra nos reunimos e conversamos.
– Antes de tudo eu quero me desculpar. Sei que a maioria deve estar chateada comigo e com a forma que eu venho lidando com tudo, talvez seja minha auto defesa. Não posso salvar a todos. – suspiro. – Eu não salvei ele e nem poderia. – as lágrimas começam a escorrer involuntariamente e eu puxo a manga do meu casaco pra secá-las. – Eu o amava, muito!
– Nunca duvidamos disso.
Ouço a voz da Sabina ecoar atrás de mim. Me viro pra lhe encarar. Os olhos estão fundos, o cabelo sem vida e o rosto sem cor. Do lado dela está Joshua, apenas me encarando.
– Achei que não ia ser uma reunião completa sem ela. – Josh sorri de canto e cruza os braços. – Quis fazer uma surpresa.
Sorrio de volta agradecendo.
– Eu pensei muito, por dias na verdade. Então tomei uma decisão que queria compartilhar com vocês. Podemos pegar toda essa dor e deixar que ela tome conta de nós ou fazer dela nossa maior força, eu escolhi me reerguer, e vocês?
Quase como uma cena de filme, cada um se levanta. Não precisamos dizer uma palavra, sabemos que mesmo com todo esse turbilhão de sentimentos, temos uns aos outros e isso é nossa maior força.
[...]
Estou enfretando grandes consequências depois de ter dormido no Joshua contra a vontade dos meus pais. Da escola pra casa e de casa pra escola. Como o maior ato de vingança, o Sr e a Sra. George tiraram meu Kindle e notebook. Eu os deixei bastante chateados, ultrapassei a linha da confiança e fugi. Eu os entendo, por mais que não quisesse.
– Any?
É minha mãe.
– Pode entrar.
A Sra. George entra no quarto e ela está deslumbrante.
– Vim te falar que seu pai e eu estamos indo jantar fora. – ela sorri como uma adolescente indo pro seu primeiro encontro.
– Você está linda, mãe! – digo enquanto admiro sua beleza inquestionável.
– Obrigado, filha. – ela retira de dentro do seu sobretudo pesado meu Kindle e me entrega. – Não somos tão ruins assim. – ela brinca. – Bom, não temos hora pra voltar e depois das ultimas semanas vim te pedir e apelar pro seu lado mais... emocional, eu diria, não saia de casa, pode ser?
– Eu não vou. Pode ficar tranquila, mamãe.
– Ótimo. – ela deposita um beijo na minha testa. – Tem visita lá embaixo.
Desço as escadas correndo e dou de cara com Joshua, Sabina, Krystian, Bailey e Savannah. A noite vai ser longa e... divertida. Mordo os lábios e olho sorrindo pro meus pais.
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Oiee, quanto tempo hahahaha. Como estão? Bom, queria falar que minha criatividade ainda está voltando, ou seja, me perdoem se a escrita não está como nos capítulos anteriores :(
Amanhã eu vou viajar e eu espero voltar mais inspirada.
Se cuidem e tenham uma ótima noite!Xoxo, beá <3
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Fênix ─ A revelação
FantasyAny George nasceu em New Orleans, uma cidade cultural e cheia de magia. Como regra anual, todos os alunos devem decidir qual será seu guardião pro resto da vida, mesmo após sair da escola. Any se vê perdida ao não se encaixar em nenhum deles, se sen...