Capítulo 3

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Meus amores, primeiro vou me desculpar pelo (gigantesco) atraso em postar esse capítulo, estou de mudança e por esse motivo além da vida ter ficado uma loucura só consegui internet hoje. Agora eu posso agradecer pelas 300 leituras!! Vocês não sabem como me fazem feliz com cada estrelinha e cometário ♥ ♥ E agora vou tentar (ênfase em tentar ok?) postar toda semana, provavelmente todas as sextas, então espero que vocês continuem gostando e aproveitem mais esse capítulo ;D

Selene

Posso dizer que não me importei com o emprego de Henri. Na verdade se passaram duas semanas para que eu realmente me tocasse de que ele podia ter perdido o emprego dele depois do que fiz naquela noite e mais uma para eu perceber que eu deveria ter me importando com isso na hora. Três semanas. Quase um mês e ele não veio atrás de mim, não veio tirar satisfação, ele simplesmente não veio. Eu queria falar que me importava, que estava me sentindo culpada, mas a verdade era que eu estava mais preocupada pelo fato dele não ter vindo atrás de mim do que com a culpa em si que não era nenhuma para mim. Foi quando eu percebi que eu estava me sentindo mal por não estar me sentindo mal.

Essas três semanas que se passaram foram o mais absoluto tédio. Talvez fosse por isso que eu pensei tanto no assunto para chegar nessa conclusão inútil. Eu não estava sentindo nada. E eu tentei, tentei mesmo. Falei com Julia, toquei meu piano, afinei meu violino e ensinei Fur Elise para as crianças na escola de música. Mas não senti nenhum remorso, apesar de ter levado uma bronca gigantesca do meu pai e outra da minha mãe. Meu pai realmente tinha achado que eu havia subido para me pegar, como ele mesmo disse, com um dos garçons. Meu pai conseguia ser hilário às vezes, ao invés de se preocupar se eu estou com alguma DST ou algo do tipo, ele simplesmente fica preocupado sobre o que as outras pessoas pensaram de mim. Isso sim é o mais puro amor paternal, sem falar que ele havia ameaçado de tirar o dinheiro da minha gasolina. Realmente, tudo o que eu precisava agora era ficar sem carro, o que significava que eu teria que ficar quietinha pelo menos até o fogo abaixar em casa.

Por fim, segunda foi o dia em que recebi meu – pequeno – salário. Estive contando nos dedos o dia desse dinheiro chegar por um simples motivo: gastar me fazia bem. Passei muito tempo da minha vida sendo anticapitalista até descobrir as maravilhas que uma boa compra fazem para a alma. Assim que saí da faculdade peguei meu carro e fui com Julia até o Iguatemi, passamos na Gucci e eu dei adeus para o meu dinheiro, apesar de ter conseguido salvar algum restinho graças à minha amiga pão-duro. Então tomamos um café na Cultura, uma coisa que sempre fizemos, principalmente quando os meus curadores de alma eram os livros e não as compras. Ela me contou sobre o Sandro, que estava dando em cima dela fazia séculos, mas Júlia é daquelas garotas que tem orgulho de dizer que são difíceis.  O que era péssimo porque fazia tempo que ela era louca por ele e não queria dar o braço a torcer, já ele conseguia ser apaixonado o suficiente para continuar insistindo nela sem parar. Eu continuava apenas esperando que finalmente chegasse o dia em que um iria machucar o outro e eles iriam desistir de ficarem juntos. Melancólico, eu sei, mas é o que acaba acontecendo com todos os casais uma hora. Depois disso a mulher nos expulsou de lá porque Júlia havia acendido um cigarro.

Já na terça, depois de praticar no meu teclado por horas, resolvi visitar meu avô. Fui andando, era uma caminhada relativamente longa, mas eu não me importei em trocar meus saltos por um velho all-star e ir. No meio do caminho passei pela casa dos Fontana e de longe vi George conversando com alguém de costas que eu não consegui identificar. Ver George me dava vontade de rir, ele beijava bem e eu havia quebrado seu coraçãozinho perdidamente apaixonado. Absolutamente superável, até porque ele nem estava tão apaixonado assim. Continuei no meu caminho pensando em como não tinha passado protetor solar e se o sol iria queimar a minha pele perfeita, o que me fez atravessar a rua sem nem olhar para os lados, mas lugar onde moro é tranquilo o suficiente para que eu não morra atropelada toda vez que atravesso a rua pensando mais na vida do que nos carros.

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