Capítulo 9

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Bernardo
- Eu não acredito! - Mariana exclama assim que abre a porta e dá de cara comigo e Henrique. Para a minha própria surpresa, eu tinha conseguido convencê-lo a ir à festa. Ainda bem que ela gritou porque a música está tão alta que eu não a teria ouvido se tivesse apenas falado - Agora eu estou te devendo 20 pratas? Que bosta - ela ri, empurrando nós dois para dentro.

A casa é enorme e tem gente pra todos os cantos dançando com copos na mão e derrubando bebida por todos os lugares. Sem querer tropeço num casal que está sentado no chão, fumando narguilé. Grito um pedido de desculpas, mas eles não parecem ter ouvido. Olho para Henri, que está com a cara de bosta que sempre fica em festas.

Sou cumprimentado por pessoas que nunca vi na vida. Elas devem ter bebido demais e agora estão me confundindo com o Brad Pitt ou algo do gênero.

Vamos para o andar de cima que está bem mais vazio e as pessoas estão deitadas no chão ou sentadas no sofá, bebendo, fumando e jogando coisas como buraco e batalha naval. Reconheço algumas caras da biblioteca, mas a maioria é desconhecida para mim. Henri se junta ao pessoal do buraco e, como eu sou um terror com cartas, me sento no sofá com Mariana.

Nós passamos um bom tempo conversando sobre coisas como sexo na idade média e bandas asiáticas. Nada que fizesse sentido, como sempre. Em algum momento Mariana foi embora com algumas outras pessoas e depois de algum tempo, eu fiquei no sofá porque não sou um grande adepto das danças, uma menina me ofereceu um "milk-shake".

- Isso é mesmo um milk-shake? - perguntei, analisando o copo.

- Só tem um jeito de descobrir - ela deu ombros e riu, desaparecendo pelo corredor.

A curiosidade acabou me vencendo e eu bebi. Era a coisa mais gostosa que eu já tinha experimentado.

Fico um bom tempo rindo de coisas absolutamente sem graça com pessoas que eu nem sei o nome. Quando Joana chegou à festa - eu nem sabia que aquela doida também tinha sido convidada - a pele dela parecia estar brilhando. Ou talvez fosse apenas a minha visão. Ela se sentou do meu lado, emburrada como sempre, e começou a mexer no celular. Eu olhei para o vestido curto dela e me perguntei mentalmente se aquele era realmente o peito dela ou se ela tinha enchido o sutiã com papel higiênico.

- O que você está fazendo? - encosto minha cabeça no seu ombro e tento ler suas conversas no celular.

- Conversando com gente mais interessante que você - ela responde, revirando os olhos. Eu finalmente consigo focar e ler o título da conversa: Eric.

Eric, Eric, Eric... Esse nome é engraçado, me lembra alguma coisa. Me lembra... Selene. Ah meu Deus, essa garota. Aqueles olhos que parecem que vão te comer vivo e... Henrique. Ele não sabe ainda. Tenho que avisá-lo.

- Aonde você vai? - Joana me pergunta assim que eu me levanto no sofá em um pulo e acabo chutando a batalha naval de alguém.

- Eu vou... - digo, apontando para as escadas.

- Cuidado pra não cair - ela me alerta e volta a atenção para o celular.

Eu não caio da escada, obviamente. Onde está Henri? Passo no meio da multidão dançante e sinto mãos em mim. É Mari.

- Senhor Jesus! O que eles te deram? - ela ri, eu rio junto porque é engraçado.

- Milk-shake - respondo, sem entender a sua pergunta. Nunca estive melhor.

- Ah! - ela exclama e ri ainda mais - Vem, vou cuidar de você, você vai precisar - Tento acompanhar seus passos de dança, mas não consigo. Então tento beijá-la.

- Ei, ei, ei - ela coloca a mão na frente rindo e impedindo o nosso beijo - Tenho mesmo cara de ser fácil assim?

- Tem - respondo sem pensar. Ela me encara por um momento, mas depois ri.

SeleneOnde histórias criam vida. Descubra agora