Capítulo 4

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Antes de tudo, preciso agradecer as 400 leituras!!! Vocês não sabem como me conseguem fazer feliz com essas coisas ♥
Também queria me desculpar (novamente) pelo atraso ao postar os capítulos e avisar que vou mudar o dia de postagem para domingo e me esforçar mais do que nunca para postar toda semana ;)
Uma ótima leitura, meus amores!

Henrique

Meu carro morreu. Já é a segunda vez que isso acontece hoje. Me esforço para não reclamar, enquanto eu estou aqui no meu regime consumista pensando quando terei dinheiro suficiente para comprar um carro do ano, pessoas estão morrendo de fome na África. Pelo menos era isso que minha mãe me dizia quando eu reclamava da minha vida para ela. Um leve sorriso passa pelo meu rosto assim que a lembrança dela chega em minha mente, faz tempo que eu não a vejo e bem que eu gostaria de ir visita-la todo feriado, porém além de muito estudo, eu não tenho dinheiro para ficar viajando o tempo todo. Ainda mais agora que estou sem emprego.

Desligo o carro e tento reanima-lo novamente, e por uma graça divina tenho um pouco de sorte dessa vez e ele pega. Demoro cerca de quinze minutos para chegar ao meu microscópico apartamento, porém nem consigo chegar a abrir a porta porque a Dona Margaret me para no meio do caminho com um decote um pouco ousado demais para a sua idade, provavelmente para mostrar os seus novos silicones importados.

– Ricardo!

– Henrique – corrijo automaticamente do modo mais educado possível, forçando um sorriso.

– Claro, Riquinho – diz, rindo e eu tento não fazer uma careta ao ouvir o apelido ridículo que ela acabou de me dar – Você viu a Lucinda? Toda vez que eu preciso dessa mulher ela desaparece! Ai, ai, essas empregadas de hoje em dia tem vida muito fácil... – ela reclama, revirando os olhos.

– A Neide não veio hoje?

– Aquela lá só está ganhando feriado prolongado com essas greves de ônibus, é um absurdo! – ela resmunga dando as costas pra mim assim que a Lucinda aparece no jardim com David no colo e Lana correndo na frente com suas perninhas gorduchas de dois aninhos de idade. Ela fala isso porque nunca tinha precisou pegar um ônibus na vida, o que provavelmente será meu destino caso meu carro resolva morrer de vez.

– Rique, Rique! – Lana corre em minha direção gritando com sua voz fininha que me faz rir e, só para variar, pedindo colo. Infelizmente eu não posso negá-lo já que (1) sua mãe está na minha frente e (2) é impossível negar qualquer coisa para Lana que consegue ser a fofura em pessoa.

– Tudo bem, Lana? – dou um sorriso pra ela que aperta minha cara com as suas mãos gordinhas assim que eu a pego em meu braços. Enquanto isso Dona Margaret discute com Lucinda que apenas revira os olhos. Lucinda é uma morena de meia-idade, que usa aquelas roupas exageradamente apertadas e coloridas, que apenas servem para esconder seu coração de ouro. Ela havia deixado sua filha com a avó no interior de Pernambuco para vir trabalhar em Brasília e conseguir um salário melhor para poder dar uma vida mais tranquila para elas.

– Sim – Lana responde me encarando com seus olhos enormes – Tenho aniverxário da amiguinha hoje na ecola! Vai ter bolo! – ela fala com um sorriso enorme.

– Legal! – respondo, achando graça da sua animação enorme – E você vai trazer um pedaço de bolo pra mim?

– Não! – diz com uma carranca – Bolo só meu! Bolo é da Lana!  – eu não posso evitar de rir, é muito egoísmo por apenas um bolo.

– Não, eu não posso, Dona Fonseca! – o grito de Lucinda chama minha atenção – Tenho dois filhos seus para cuidar, caso não tenha percebido. Lana ainda nem tomou banho e ela quer ir vestida de Elsa para escola hoje, além disso tenho que preparar o almoço de David. E a senhora ainda quer que eu vá buscar sua encomenda no shopping?

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