CAPÍTULO 33

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A gravidez de Hayley foi muito tranqüila. Elijah era medico e ela levava uma vida ajudando-o a administrar o hospital, de forma que não entrava em pânico com nada, e sempre sabia reagir aos sintomas. Enjoou pouco, teve muitos desejos, pés inchados, tudo no previsto. Tinha crises histéricas de vez em quando, mas nada comparada as de Caroline. Um verdadeiro sonho comparado com a de Elena, que dormiu todo o período. No aniversário de dois anos de Nate, após o menino assoprar as velinhas, a bolsa de Hayley estourou. Não houve pânico, foi tudo muito calmo, e horas depois a pequena Juliet nasceu, totalmente saudável, de um parto normal, para alivio de todos. Hayley recebeu a menina pouco tempo depois, dando de mamar a ela, entre lagrimas.
Hayley: Juliet Eve. – Disse, como em uma adoração, tocando os cabelinhos da menina. Tinha o mesmo tom de cabelo de Elijah.
Caroline: Pensei que a chamaria Elena ou Katherine. – Comentou, distraída, com um sorriso bobo.
Hayley: Considerei seriamente isso, mas nossa Elena vai acordar. – Disse, em ênfase – Então ficaria muito confuso. Elijah escolheu o nome dela. – Disse, satisfeita. Falando em Elena
... Quando ficou declarado que o parto havia acabado e que Hayley e Juliet estavam bem, ele levou Nate até o quarto da mãe. Agora que o menino estava crescendo, visitava Elena com muito mais freqüência. Ao entrar no quarto tudo era silencio e as luzes estavam baixas, o único som eram os batimentos cardíacos de Elena. Damon aumentou as luzes, revelando uma Elena imóvel como uma boneca de cera, os cabelos longos caindo sobre os ombros por cima do peito e pelo braço.
Nate: Porque ela não acorda? – Perguntou, quietinho no colo do pai.
Damon: Ela está muito cansada. Exausta. – Disse, ajeitando uma mecha do cabelo de Elena.
Nate: Ela não gosta de mim? – Perguntou, com um biquinho.
Damon: Eu tenho total certeza que você foi a pessoa que ela mais amou na vida. – Disse, convicto. Nate sorriu. Ele se esticou e Damon o colocou sentado na cama com Elena – Cuidado. - Nate apanhou a mão da mãe entre as mãozinhas, enlaçando os dedos. Elena permaneceu quieta. Ele apanhou um cacho do cabelo da mãe,
tocando-o com cuidado.
Nate: É macio. – Disse, com um sorriso fofo, arrumando o cabelo de Elena.
Damon: Você tem os olhos dela, sabia? – Disse, e Nate olhou Damon, surpreso – Se parece muito comigo, exceto pelos olhos. Tem os olhos da sua
mãe. E o riso também. – Lembrou, sorrindo de canto. – Foi ela que escolheu seu nome.
Lydia: Irmão. – Chamou, na porta do quarto. – Vamos fazer um brinde. –
Damon sorriu, assentindo, e se abaixou pra pegar o filho.
Nate: Não, papai. – Damon franziu o cenho – Deixa eu ficar com ela? Ela tá
sozinha. – Disse, os olhos inocentes preocupados, olhando a mãe. – E se ela acordar e tiver escuro e ela tiver sozinha? Ela vai se assustar. – Ponderou, aflito. Damon hesitou. Não fazia bem deixar Nate ver Elena desse modo, como se precisasse de alguém lá o tempo todo. O menino podia criar a necessidade de ficar lá o tempo todo, o que não seria saudável... Damon
suspirou, acariciando o cabelo do filho.
Damon: Só um pouco. Não mexa nos aparelhos dela, não mexa em nada.
Tome cuidado, ela é frágil, mais fraca que nós. – Nate assentiu – Não saia do
quarto. Se você sair, um dos seguranças... – Ele apontou os dois seguranças na porta – Vão me avisar. Vou ficar bravo, e não deixo mais você ficar. – Avisou – Promete?
Nate: Prometo. – Assentiu, solene. Damon sorriu.
Damon: Não demoro. – Ele beijou a testa do filho e após falar com os
seguranças, saiu. Ao ficar sozinho Nate olhou Elena por minutos. Damon disse pra ele não mexer em nada, mas ele se esticou, abrindo a pálpebra da mãe. O olho de Elena não tinha reflexo, a pupila sem movimento, focada no nada, e isso assustou o menino, que soltou.
Nate: Acorda, mamãe. – Pediu, tristonho, balançando Elena de leve. O corpo dela balançou brevemente, logo voltando ao estado inicial – Tudo bem. Vou cuidar de você. - Ele alisou os cabelos da mãe, ajeitando-os como se a aprontasse pra dormir. Puxou o cobertor dela, entrando debaixo da coberta e abraçando-o. Quando Damon voltou ao quarto, 20 minutos depois, Nate dormia, abraçado ao corpo inerte de Elena. Nate não sabia o que era um abraço, um carinho de mãe. Nunca provoi. Ele apanhou o braço livre dela e colocou em volta de si próprio, segurando, e caiu no sono, encolhidinho. Damon suspirou, torturado, se encostando na porta e pondo a mão na cabeça. Não sabia o que fazer: Nate estava crescendo, estava começando a dar por falta de uma mãe e Damon não queria que ele sofresse isso (ele sempre poupava o menino de todo e qualquer tipo de sofrimento), mas por outro lado não havia o que fazer para trazer Elena de volta. Era uma situação limite.

Faltavam semanas pro terceiro aniversário de Nate e algumas poucas
mais pros 4 anos de coma de Elena. Damon já estava organizando a
festa do menino... E Jennifer estava ficando impaciente.
Damon: De criança, só da família, temos Clair, Greg e Juliet. – Disse,
pensativo, escrevendo algo. Jennifer estava sentada do lado dele.
Jennifer: Juliet é muito pequenininha e Greg já se diz adolescente. – Greg, com 14 anos, estava chegando a fase das garotas. Damon achava graça.
Damon: Greg se diz adolescente mas volta a ser criança só com um pedaço de torta na frente dele. O bufê já se assegurou de nada ter lactose. – Disse,
marcando algo no papel – Juliet é grandinha o suficiente. No primeiro
aniversário de Nate ele não entendia, mas adorou. – Ele sorriu de canto.
Jennifer: Você e suas soluções pra tudo. – Ela o abraçou pelo ombro e Damon sorriu, satisfeito.
Damon: Não sei se mantenho a festa privada ou se chamo outras crianças. Já é hora de Nate começar a conhecer outras pessoas, no próximo setembro ele já vai pra escola. – Devaneou e Jennifer suspirou. Sempre Nate. Nate o tempo todo. Ela precisava tirar o menino da conversa.
Jennifer: Escute, deixando o aniversário de Nate de lado um pouco. – Damon ergueu os olhos e franziu o cenho brevemente. Não tinha notado que ela estava tão próxima – Precisamos fechar o contrato de Darfur. – Damon
suspirou e Jennifer sorriu internamente, vendo-o se afastar do tema do menino.
Damon: Os números ainda não batem? – Perguntou, puxando a pasta que ela oferecia.
Jennifer: Não. – Ela própria franziu o cenho. O problema era real – Talvez um de nós precise ir lá. Pensei em marcar um vôo pra nós dois na quinta e... – Interrompida.
Damon: Não. – Dispensou, lendo, absorto.
Jennifer: Não? – Perguntou, surpresa, acariciando o cabelo dele.
Damon: Não. Nate é muito pequeno pra viajar de avião, não é pra ele ainda. – Dispensou, virando a folha. Que merda eles tinham feito com aqueles números?
Jennifer: Bem, eu tinha pensado em deixá-lo com Grace, ou Caroline, ou
Hayley tem Lydia também ela adora o Nate. – Sugeriu, e Damon negou de novo.
Damon: Eu sou o pai dele, ele fica comigo. Nunca me ausentei por períodos maiores que algumas horas, ele estranharia. – Disse, calculando algo na cabeça, e suspirou – Minha mãe tem Greg, Caroline tem Clair, Hayley tem Juliet. E Lydia tem Stiles. Não, Nate fica comigo. – Ele passou a folha de novo – De qualquer forma, prometi que o levaria pra alimentar os patos no sábado de manhã, se o
tempo estiver bom. Ele gosta. – Jennifer suspirou. Nate, Nate,Nate.
Jennifer: Ok então, o que fazemos com Darfur? – Perguntou, se forçando a se
acalmar.
Damon: Vou recalcular tudo. – Disse, decidido – Tendo minha palavra dizendo que as contas não batem, eles vão ter que dar uma solução pra isso.
Jennifer: Recalcular tudo? Damon, são meses de relatório. – Disse, exasperada.
Damon: Então é bom eu começar logo. – Disse, se esticando.
Jennifer: Quer ajuda? – Perguntou, toda prestativa.
Damon: Por favor. – Disse, e ela sorriu, virando o laptop dele pra ela e abrindo a tela. O papel de parede era uma foto dele com um Nate radiante no colo, com um sorriso enorme e um algodão doce gigante na mão. Jennifer ignorou, abrindo uma planilha. As próximas horas foram silenciosas. Números foram checados atentamente, cálculos foram refeitos um por um. A madrugada se instalou
novamente, o tempo esfriando, o que Jennifer aproveitou pra se aconchegar perto do primo, que pra azar dela não dava a devida atenção.
Damon: 650 está pra 23 mil. – Chamou a atenção, apontando um papel onde
ela anotou errado. Jennifer assentiu, corrigindo.
Jennifer: Agora só falta um mês. – Disse, satisfeita, sorrindo pra ele.
Damon: Com sorte acabamos antes de amanhecer. – Disse, retribuindo o
sorriso dela. Se essa não era a hora, ela não sabia qual seria. O encarou por um instante, deslumbrada por seu sorriso como sempre, então se aproximou ainda mais, os rostos ficando próximos. Damon parou de sorrir. Não tinha contato com uma mulher há 4 anos, é claro que sentia falta. Ela colocou uma das mãos no cabelo dele, tocando-o em um carinho
saudoso e se inclinou, beijando-o.
Os lábios dela eram macios, se moldavam aos dele, eram doces... E ele se sentiu sujo fazendo aquilo. Imundo. Jennifer não entendeu quando ele, sutilmente, interrompeu o beijo, se afastando dela.
Jennifer: O que foi? – Perguntou, vendo-o pegar uma das canecas de café na mesa e tomar um gole.
Damon: Melhor não. – Disse, sem se demorar.
Jennifer: Porque? Eu sou livre, você é livre, somos adultos. – Disse, obvia.
Damon: Jenny, eu sou casado. – Lembrou, mostrando a mão esquerda onde a aliança dourada repousava, as sobrancelhas erguidas.
Jennifer: Você é viúvo. – Disse, amarga.
Damon: Elena não está morta. Não gosto que fale desse jeito. – Repreendeu – E você disse que estava namorando, você seguiu em frente, o que houve?
Jennifer: Eu, namorando? – Perguntou, irritada.
Damon: John? – Lembrou, franzindo o cenho. – Você me apresentou ele. –
Concluiu.
Jennifer: Quem?! Ah sim, John. – Disse, se lembrando – Não deu certo.
- Então era isso. Jennifer entrou no escritório de Damon, anos atrás,
sorridente, e anunciou que estava namorando. Ele gostou de saber não
via futuro pros dois. Ela marcou um almoço, toda feliz, onde o apresentou
o rapaz, John. Ele foi educado, representou a família, foi um almoço
tranqüilo. O cara era normal. Exceto de que John podia ser apelido pra
Jonathan, e disso Damon não fazia idéia.
Damon: Eu sinto muito, eu... – Ele respirou fundo – Não podemos levar isso adiante.
Jennifer: Porque não? – Insistiu, e ele balançou a cabeça.
Damon: Eu tenho um filho. – Suspirou, obvio. O centro do seu mundo era o pequeno Nate agora.
Jennifer: Filho que vai precisar de uma mãe! – Damon a encarou, pensativo – Damon, você não sabe quando nem se Elena vai acordar, e eu estou aqui. Eu posso ser a mãe que Nate precisa, assim ele não vai sofrer por algo que nenhum de nós pode fazer nada.
Damon: Elena é a mãe dele. – Cortou, duro.
Jennifer: E ela está em coma há 4 anos. A vida dela acabou quando aquele carro caiu daquela ponte, mas o tempo passa e você ainda está em negação. Ela não o viu andar, ela não o viu aprender a falar, ela não esteve lá em momento algum! – Lembrou. Damon tinha o semblante fechado – O que você está fazendo, levando o menino lá o tempo todo, deixando-o se apegar a um corpo que nada mas é que um cadáver? - Damon ia responder, então um choro baixo os alcançou. Nate acordou, tinha fome. Jennifer suspirou, irritada, se largando na cadeira, e Damon
balançou a cabeça negativamente, se levantando e saindo dali. As palavras de Jennifer eram duras, e ele não gostava nem da idéia. Não estava levando o filho pra ver um cadáver – estava levando-o pra ver a mãe dele. Ela estava viva, e ele insistiria nisso até o ultimo minuto, até que Elena  desistisse definitivamente.
Damon: Pronto. – Disse, ligando a luz do próprio quarto. Nate tinha um quarto, mas preferia dormir com o pai, e esse deixava, rodeando o garoto de travesseiros na cama de casal. – Estou aqui, pronto. – Disse, acariciando o cabelo do menino, que o abraçou pelo pescoço.
Nate: Onde você tava? – Perguntou, manhoso. Damon sempre estava lá
quando ele acordava durante a noite. Damon sorriu, beijando o cabelo do
menino.
Damon: Trabalhando com a sua tia. – Disse, paciente, secando o rostinho do
menino – É tarde. Que tal eu te preparar um suco, e depois voltamos pra dormir? – Propôs.
Nate: De maçã? – Perguntou, parecendo considerar. Damon riu.
Damon: É, hoje é de maçã. – Disse, carregando o menino, que riu, todo
bonitinho em seu pijama listrado de azul e branco. Damon voltou ao escritório e Jennifer havia voltado a trabalhar, revisando o ultimo mês que faltava nos cálculos. Damon trouxe Nate, colocando o menino na sua cadeira (após colocar almofadas na cadeira, pra ele ficar na altura certa) e lhe entregou alguns lápis e folhas de oficio.
Damon: Desenhe o que você estava sonhando, pra que eu possa ver. – Disse, ajeitando os papeis na frente do menino, que sorriu, animado – Maçã com leite, tudo bem? – O menino assentiu e ganhou um beijo estralado na bochecha, antes de Damon sair.
Jennifer: Tudo bem, Nate? – Perguntou, observando-o. O menino ergueu os olhinhos castanhos, sonolentos, o cabelinho escuro e liso alvoroçado e olhou a tia.
Nate: Tudo. – Disse, já apanhando um lápis amarelo.
Jennifer: Aconteceu alguma coisa? – Perguntou, irritada pela interrupção, e Nate a olhou, confuso – Você chorou.
Nate: Papai não tava lá. – Disse, acanhado, segurando o lápis – Eu me
assustei.
Jennifer: Porque acordou? – Insistiu. O menino meio que se encolheu.
Nate: Estou com fome. – Disse, quieto, e Jennifer suspirou, ignorando-o.
Nos próximos 5 minutos nada foi dito. Nate começou seu desenho, algo
bastante colorido, e Jennifer continuou os cálculos da empresa, irritada. Todo o café que bebia não ajudava. Estava quase lá! Depois de 4 anos, finalmente chegou o momento e foi interrompido porque o santo Nate
tinha fome. Então aconteceu.O menino estendeu a mão pra pegar outro lápis e Jennifer estendeu a
dela pra pegar a caneca de café, as duas se bateram e o café virou na
mesa, ensopando o trabalho que levou a noite inteira. Nate olhou, quietinho em seu canto. Jennifer ficou lívida.
Nate: Desculpa, tia. – Pediu, desejando que Damon voltasse.
Jennifer: Que... – Ela puxou a pasta, erguendo-a, tentando salvar, mas o papel já havia sugado o café, estava todo empapado – Que diabo, Nathaniel, olhe pra isso! – Exclamou, furiosa. E se descontrolou, no meio do ódio que sentia da situação inteira,
apanhando o menino pelos braços, levantando-o da cadeira e sacudindo-
o, os cabelos do menino balançando no ar. Nate, pequenininho e indefeso, se assustou. Nunca nem sonhou com o que quer que fosse violência, nunca passou por isso. Damon o criou cercado de carinho, de amor, e quando ele precisava ser repreendido nunca era com gritos ou com agressão, e sim com conversas calmas, onde o pai, sério, o mostrava que ele fez de errado e explicava que ele não podia repetir. Falando em Damon...
Damon: HEY! – Gritou, alarmado, na porta do escritório com uma mamadeira de suco na mão. Nate já havia caído no choro, apavorado. Damon cruzou o escritório feito uma flecha, largando a mamadeira e tomando o filho dos braços da outra – Pronto, meu amor. – Ninou. Nate estava agarrado ao pescoço dele,
e tremia enquanto chorava – QUE DIABO FOI ISSO?!
Jennifer: Eu... – Ela suspirou, exasperada, tirando o cabelo do rosto. Merda! – Eu me...
Damon: Eu nunca levantei a mão pro meu filho, Jennifer! – Disse, se contendo pra não gritar. Nate não gostava de gritos. Ele se sentou, colocando o menino no colo, ninando-o – Nem uma vez! E se alguém teve motivos pra se cansar,
se irritar ou perder a paciência nos últimos 3 anos, esse alguém fui eu! – Disse, lívido, ninando o menino.
Jennifer: Eu perdi o controle, eu não sabia o que estava fazendo, eu... –
Articulou em vão. Damon estava tomado de raiva. Nada adiantaria.
Damon: Foi um acidente, ele não quis fazer isso, e você... É repulsivo. –
Repreendeu, a vontade de gritar fazendo sua garganta coçar – Nunca mais... Em hipótese alguma... Nem sonhe com isso. Ou eu vou me tornar um problema pra você, Jennifer, eu juro por Deus!
Jennifer: Tudo bem. – Disse, mortificada. Nate ainda chorava, agarrado ao pai. Damon soltou o menino com cuidado do pescoço, olhando-o.
Damon: Pronto, meu filho. Já acabou. – Ele secou o rosto do menino, que
soluçou, coçando o olhinho – Papai ta aqui, já acabou. – Tranqüilizou – Olhe,
eu trouxe o seu suco. – Disse, ignorando Jennifer completamente. O menino
negou com a cabeça.
Nate: Não quero. – Disse, a vozinha quebrada.
Damon: Vamos lá, tome só um pouquinho. É de maçã, o seu preferido. Eu estou aqui, nada vai te acontecer. – O menino o olhou, em duvida, ainda abalado. Damon era a pessoa que ele mais amava no mundo, a que ele mais confiava, e ele se sentia seguro com o pai ali – Tome, beba o seu suco. – Nate apanhou a mamadeira, levando-a a boca e começou a beber. Damon beijou a
cabeça dele, secando-lhe o rosto – Pronto. Estou com você. - Nate afundou a cabeça no peito do pai, segurando a mamadeira com as
duas mãos enquanto bebia e Damon o abraçou com os dois braços, ninando-o. Jennifer observava a cena com desgosto. A adoração que
Damon tinha com aquela criança, o amor incondicional... Ao filho de Katherine. Era revoltante. Nate foi se acalmando aos poucos, mas ainda olhava Jennifer, inquieto. Damon notou.
Damon: Ele está assustado. Por favor, saia. – Jennifer ergueu as sobrancelhas, surpresa - Não vou mais fazer nada hoje. E nem vou pra
empresa pela manhã. Vou acalmar meu filho, vou colocá-lo pra dormir e vou passar um tempo com ele. – Disse, se levantando.
Jennifer: Damon... – Disse, completamente exasperada.
Damon: Essa é a casa dele. – Lembrou, duro – Saia. – Repetiu e deu as costas, saindo dali. Ela o observou caminhar com o menino, sumindo da sala. Havia uma coisa mais forte do que a paixão do Garoto Salvatore apaixonado, do que a fúria do Damon vingativo, e do poder do Damon Salvatore magnata: Era o amor do Damon pai. Era um amor capaz de sacudir o mundo. Mudou toda a perspectiva de vida de Damon, desde que ele soube que o filho era dele. Esse amor entendia o porquê do sacrifício de Elena, porque esse amor faria qualquer coisa pra proteger o menino, pra que ele não sofresse. Lutaria e morreria, se necessário fosse. Se Jennifer tinha algo de errado pra fazer, algum erro pra cometer, era confrontar esse amor, ameaçá-lo. E foi exatamente o que ela fez agredindo Nate, apavorando-o daquele modo. Recebeu o revés: Enquanto buscava o afeto de Damon, conseguira sua ira. Mas agora era tarde. Malfeito feito.

O aniversário de Nate chegou. Damon continuou brigado com Jennifer -
simplesmente não engolia o fato de que ela tentou bater em Nate. A festa
foi na torre branca, e Damon mimou o menino de tudo.
Stefan: Quero dizer, não é saudável. – Disse, enquanto conversavam sentados ele, Damon, Elijah com uma Juliet muito interessada no colo e Stiles. A menina tinha os cabelinhos castanhos claro quase loiro  e os olhos da mãe, verdes.
Damon: Até parece que Clair já ouviu um “não” na vida. – Dispensou,
assistindo Nate, que brincava de esconde-esconde com os primos.
Stefan: Claro que já. Quer ver? – Perguntou, e os outros ergueram a
sobrancelha - Clair! – Chamou. A menina, que contava, veio até ele, toda bonitinha em um vestidinho rosa e branco.
Clair: Chamou, papai? – Perguntou, e ele deu um beijo estralado nela, que fez ela rir.
Stefan: Não. – Disse, satisfeito, e os outros gemeram – Vá brincar. – A
menina assentiu, confusa, e foi.
Elijah: Você é ridículo em tantos níveis que eu nem consigo classificar. – Dispensou.
No outro lado da mansão...
Lydia: Foi errado!! você ficou maluca?. – Dispensou, irritada.
Caroline: O que foi errado? – Perguntou, se aproximando. Jennifer suspirou, se largando no sofá, e Lydia contou a história sobre Nate. Caroline parecia em duvida se tinha um ataque ou não. Hayley, que depois de mãe ganhou um instinto que desconhecia, virou o rosto pra outra.
Hayley: Machucar uma criança de propósito... – Disse, pensativa – Jennifer, eu já reboquei sua cara uma vez, posso fazer isso de novo a qualquer momento. –
Lembrou.
Jennifer: Você parece partir da idéia que isso me assusta. – Debochou. Grace os chamou pros parabéns.
Hayley: E você parece partir da idéia de que não se preocupar com isso é
inteligente. – Rebateu, enquanto saia.
Todos se reuniram em volta da mesa, que estava cheia de doces e um bolo enorme do Capitão America no meio. Damon se abaixou, carregando o filho, que parecia intrigado com algo.
Damon: Que foi, campeão? – Perguntou, e seu sorriso morreu. Elena era quem o chamava de “campeão”.
Nate: O que é rebocar? – Perguntou, confuso.
Damon: Rebocar? – Perguntou, afastando a lembrança da mente.
Nate: Tia Hayley disse que já tinha rebocado a cara da tia Jenny uma vez. – Contou, inocente e Damon riu, balançando a cabeça.
Damon: Não é nada. E não saia repetindo isso. – Disse, se aproximando da mesa, e começaram a cantar parabéns – Quando for apagar as velas, faça um
desejo. – Ensinou, em um sussurro na orelha do menino. Nos outros 2
aniversários ele era muito pequeno pra saber. Nate esperou, pensativo, então os parabéns acabaram, e ele olhou o pai.
Nate: Desejo? – Repetiu, e Damon assentiu.
Damon: Um pedido. A coisa que você mais quer no mundo. Feche os olhos,
pense nela e apague as velas. – O menino pensou por um instante então se inclinou, soprando as três velinhas.
Depois disso foram doces, bolos e comemoração. Greg não representava
bem um adolescente quando estava com os primos: Virava criança de
novo. Aos poucos todos se dispersaram da mesa, as crianças voltando a brincar e os adultos se sentando pra conversar outra vez.
Stiles: COM LICENÇA. – Disse, chamando a atenção – Eu estou tentando falar há meia hora e vocês não calam a boca. – Disse, irritado.
Stefan: É porque, na maioria do tempo, você só fala merda. – Disse, e
Caroline colocou um brigadeiro na boca dele.
Caroline: Deixe ele falar. – Disse, sentada no colo do marido e se inclinou, selando os lábios com os dele, que sorria.
Stiles: Lydia? – Lydia, que vinha chegando com um pedaço de bolo, o
olhou – Quer casar comigo? – Perguntou, direto. O silencio foi pesado na sala. Stefan mastigou o brigadeiro mais duas vezes, parando. Elijah parou de mimar Juliet. Grace sorriu. Lydia piscou três vezes, exasperada.
Lydia: Isso não foi romântico. – Disse, saindo do transe.
Stiles: Sei que não, mas estou nervoso. – Disse, sincero, dando de ombros – Nós já namoramos há 5 anos. Eu amo você. E eu tenho uma aliança. – Ele enfiou a mão no bolso da calça, apanhando uma caixinha de veludo.
Stefan: Você devia pedir a mão dela a um de nós primeiro. – Pensou, em
voz alta, finalmente engolindo o brigadeiro.
Elijah: É, tipo o irmão mais velho, ou algo assim – Emendou, e Hayley riu.
Damon: É, experimente me pedir a mão da minha irmã, Stiles. – Desafiou,
ameaçador.
Lydia: Quer saber? Aceito. – Disse, decidida, e Elijah, Damon e Stefan gemeram. Stiles respirou fundo, totalmente aliviado.
Stiles: Aceita? – Perguntou, surpreso. Lydia assentiu. Stiles olhou Grace, em
duvida.
Grace: Pode. – Cortou e Stiles sorriu de novo, aliviado. Uma aliança de noivado prateada deslizou no dedo de Lydia, e Damon, a mando da mãe, foi buscar uma garrafa de champanhe. Parecia ter vontade de quebrar a garrafa na cabeça de Stiles durante as
congratulações, mas se conteve. Stiles se comportpu direitinho esse ano,
mas a idéia de Lydia casada... Nenhum dos irmãos adorou. Eram super protetores demais. Enquanto isso, entre as crianças...
Clair: Eu pedi uma boneca que falasse comigo no meu ultimo aniversario. –
Disse, sorridente.
Nate: Era a coisa que você mais queria no mundo? – Clair assentiu, feliz - Funcionou?
Clair: Apareceu na minha cama no outro dia! – Disse, feliz – O que você pediu? – Perguntou, curiosa.
Nate: Que a minha mamãe acordasse. – Disse, tristonho, dando de ombros.
O sorriso de Damon, que escutava a conversa, morreu. Clair sussurrara o
pedido de aniversario, Caroline ouviu e ele mesmo ajudou Stefan a conseguir a boneca, na mesma noite. Era uma pena que o desejo de Nate
não fosse tão fácil de ser atendido.
Semanas depois...
Elijah: Damon, as próteses que eu falei chegaram no hospital, e eu queria que
você desse uma olhada nessa documentação pra mim. – Disse, entrando no escritório do irmão e entregando uma pasta. – Acho que está tudo regulamentado, mas não tenho tempo de checar, acho que você consegue mais rapid... O que houve?
- Damon suspirou e contou tudo, como ouvira o menino conversando com Clair, e a angustia que se instalou em seguida.
Damon: Ele me pediu pra levá-lo lá no dia seguinte. Clair disse a ele que a
boneca apareceu no dia seguinte, então ele teve esperança de que a regra se repetisse. – Contou, apoiando a cabeça nas mãos – Passou o dia todo no quarto de Elena, olhando-a como se esperasse que o pedido funcionasse.
Elijah: Me lembro de ter estranhado, ele parecia ansioso olhando pra ela. – Se lembrou. Damon assentiu.
Damon: Eu disse que no pedido de aniversário ele podia pedir aquilo que mais quisesse no mundo. Ele pediu que a mãe acordasse. – Disse, mortificado – Ficou lá o dia todo, não fez nada, ficou sentado olhando ela. Eu o vi cutucando-a algumas vezes. Quando anoiteceu e eu quis ir embora, insistiu que precisava
ficar, que precisava esperar, e começou a chorar. E eu deixei irmão. – Disse, os olhos mortos. O sofrimento de Nate era como uma doença crescendo no interior dele
– Só de madrugada não agüentou mais e caiu no sono, ai o levei pra casa.
Elijah: Eu lamento. – Disse, pesaroso.
Damon: Elijah, se tentarmos remédios, como se coma dela fosse induzido... –  Tentou, desesperado.
Elijah: O corpo ia descartar. Pra ela acordar a atividade cerebral dela precisa voltar, e não acontece. – Disse, odiando ser medico, odiando ter que dizer isso.
Damon: Mas você disse que ela melhorou. Está respirando sozinha, até. – Tentou, em vão - Essa semana fizeram 4 anos, Elijah. 4 anos desde o
acidente, 4 anos desde que esse inferno começou. - Lembrou.
Elijah: Fazem anos desde a ultima melhora dela, meu irmão. – Disse, triste – Quando Nate nasceu os rins dela voltaram a funcionar, a respiração se estabilizou e a circulação também, mas foi porque o corpo se livrou da sobrecarga que sofria com a gravidez. Desde então não houve nada. – Damon suspirou – Eu lamento.
Damon: Não tanto quanto eu. – Disse, mortificado.
Elijah: Falando em lamentar... – Damon o olhou – Sobre Stiles e Lydia... – Começou e Damon gemeu, se recostando na cadeira.
Damon: Eu estou tentando ignorar isso, em nome de Deus! – Disse,
exasperado, e Elijah riu. Um dia alguém disse a frase: “Mas veja que bela é a vida, te surpreende quando menos crês”. Essa pessoa estava certa, no fim das contas. O jogo continua, os dados continuam rolando e a gente nunca sabe qual o movimento seguinte.
No hospital, a Rainha Katherine continuava como sempre, sozinha, em seu quarto, apagada, mole, pálida. Não havia nada que impulsionasse, nem uma faísca de esperança não havia som e não havia luz... Então houve um suspiro. Um suspiro fraco, débil. Um instante de silencio, então dois olhos castanhos se abriram, piscando uma vez perante a claridade
que lhe foi negada por anos e focalizando o teto do hospital.

EFEITO BORBOLETA 1° Temporada (DELENA) ADAPTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora