CAPÍTULO 46

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Damon respirou fundo, tentando se acalmar. A voz dela estava
assustada: Ela estava apavorada. Ele precisava acalmá-la, essa a era
prioridade.
Damon: Como perdida? – Perguntou, amparando a cabeça na mão, ignorando as dezenas de olhos pousados nele.
Elena: Eu apanhei Nate na escola e nós viemos dar pães aos patos no Central Park e nós demos e quando terminamos íamos embora e nós fizemos o caminho certo mas não conseguimos voltar. – Disse, atropelando as palavras.
Damon: Baby, calma. – Disse, e ouvi-lo chamando de “baby”, mesmo por
telefone, a tranqüilizou – Tem alguém perto de você? - Elena olhou em volta. Havia uma carroça de cachorros quentes há uma certa distancia e umas poucas pessoas passavam. As luzes dos postes já começavam a se acender. Ela não sabia em quem confiar, então apenas abraçava Nate forte, com medo de que alguém tentasse tirá-lo dela.
Elena: Perto do lago, eu acho. Estou sentada em um banco. Tem um... Um
vendedor de cachorro quente aqui perto de mim. – Disse, acariciando o cabelo do filho.
Damon: Certo, Elena. – Ele parou, respirando fundo. Essa reunião era de
extrema importância, ele tinha de estar ali... – Fique onde está. Não entregue Nathaniel a ninguém. Eu estou indo te buscar. – Decidiu. A prioridade era ela.
Elena: Como você vai me achar? – Perguntou, atordoada.
Damon: Eu sempre vou encontrar você. – Tranqüilizou, e ela sorriu de canto – Só fique onde está e não se afaste de Nathaniel de modo algum. Eu estou indo. – E a ligação terminou.
Ele parou, olhando o tampo da mesa. Era uma daquelas situações onde
ele precisava estar em dois lugares ao mesmo tempo. Ele esfregou a
têmpora, clareando as idéias.
Damon: Eu sinto muito, mas... – Interrompido.
Jennifer: Pelo amor de Deus, tem dois seguranças atrás dela, apenas mande
eles apanharem e levá-la pra casa. – Disse, ríspida. Damon hesitou, pensativo.
Damon: Ela está assustada. Está com medo, com vergonha, apavorada. Ela
não precisa de um segurança; precisa de mim. – Concluiu, e Jennifer revirou os olhos.
Jennifer: E então...? – Perguntou, debochada.
Damon: Irmã? – Recorreu, olhando Lydia.
Lydia: Eu assumo daqui. – Disse, solidária. Damon encarou Stefan
que apenas assentiu, assegurando que daria suporte a Lydia. Eram os dois
primeiros na sucessão de Damon.
Damon: Senhores, por motivos de força maior e por razões pessoais eu
precisarei me ausentar agora. Eu sinto muito. Meus irmãos darão continuidade ao trabalho. – Disse, seco, se levantando.
Stiles: O que ele está fazendo? – Perguntou, incrédulo e divertido. Nem parecia o Damon que ele conhecia.
Caroline: Fazendo valer o meu voto. – Disse, satisfeita, enquanto Damon saia
– Mas não se candidate a presidente. – Brincou, em voz alta, enquanto ele
passava pela porta e deixava a sala de reuniões. Damon saiu da sala apressado. Haviam realmente dois seguranças atrás de Elena, porém eles não tinham permissão pra serem notados, a não ser que ela estivesse correndo perigo. Os seguranças haviam telefonado dezenas de vezes depois que notaram que Elena se perdeu, mas a secretária só tinha ordens de passar as ligações da própria Elena, e os seguranças não tinham coragem de desobedecer a ordem. Ela estava segura. Só estava perdida. Damon discou os números rapidamente, e atenderam no primeiro chamado.
Damon: Phillips, onde está minha esposa? – Perguntou, duro. Ainda era o homem de aço.
Phillips: Sentada em um banco com o garoto no colo. Estão na direção da torre negra, um pouco mais pra dentro, o caminho é direto. Ela se atrapalhou com uma bifurcação e entrou em pânico ao não encontrar a saída. – Resumiu, profissional.
Damon: Não deixe ninguém se aproximar nem dela nem de Nathaniel. Fique por perto, e não se deixe ser notado. Me atualize se houver alguma novidade. –
Ressaltou. O elevador abriu e ele entrou, apertando o botão da garagem - Eu estou indo buscá-la. – Disse, decidido. Simples assim.

Elena tinha Nate firme em seus braços. Damon disse a ela pra não
perder o garoto, e ela não perderia. Mesmo sabendo que ele estava a
caminho, ainda estava assustada.
Nate: Não chora, mamãe. – Disse, e ela o encarou. Não chorava, mas tinha o
olhar embaçado.
Elena: Não vou chorar. – Prometeu, beijando a testa dele.
Nate: Você está com medo? – Perguntou, acariciando o cabelo dela. Ele nunca se perdeu antes, mas como estava com ela, estava tudo bem.
Elena: Você está? – Perguntou, sincera.
Nate: Não. Eu estou com você. – Disse, seguro – Mas tudo bem, eu vou cuidar
de você enquanto papai não chega. – Disse, todo homenzinho, e ela sorriu.
Damon: Hey. – Disse, se aproximando dos dois e Elena respirou fundo, uma
lagrima pesada caindo de um olho.
Elena: Graças a Deus. – Disse, se levantando e abraçando-o forte. Ela estava tremula.
Damon: Shh. Eu estou aqui, baby. – Tranqüilizou, e ela assentiu, aspirando o perfume dele.
Elena: Eu sinto muito. – Disse, abafada no peito dele – Me desculpe.
Damon: Está tudo bem. – Disse, apanhando o rosto dela entre as mãos – Estamos bem. – Garantiu, mas ela continuou murchinha – Estamos bem, Nate?
Nate: Estamos, mas acabou o pão. – Avisou, como se isso fosse uma
catástrofe. Elena e Damon riram.
Elena: Eu juro que estava indo pelo caminho certo, eu só... – Ela suspirou,
atordoada.
Damon: Eu mesmo já me perdi aqui várias vezes. – Mentiu, fazendo pouco
caso. Ela o olhou e ele assentiu. Isso a fez se sentir melhor. – Mas me avise
quando for passear, ok? Assim eu fico sabendo onde você está.
Elena: Te atrapalhei no trabalho, não foi? – Perguntou, torcendo as mãos.
Damon: Não. Não estava fazendo nada demais, só o de sempre. Pode esperar. – Ele precisava distraí-la – Vamos dar comida aos patos?
Nate: Acabou o pão, papai. – Disse, obvio.
Damon: Olha os modos. – Repreendeu, bagunçando o cabelo do menino.
Damon foi até a banca de cachorro quente e subornou o vendedor a
vender três pacotes de pão a ele. Logo os três estavam de volta a beira do
lago, dando migalhas de pão aos patos. Nate adorava aquilo, e Elena se divertia. Logo havia relaxado outra vez.
Elena: Pato feio... Pato feio... – Damon, abaixado com Nate, viu o pato indo em direção a Elena. Ele não ia atacá-la, só que ela tinha metade de um pão na mão, apontando pra ele. Ela não jogava, então ele tentava pegar. – Toma, vai buscar. – Disse, atirando o pão longe, como se o pato fosse um cachorro. O pato a deixou em paz, e ela respirou fundo.
Damon: O que foi? – Perguntou, achando graça, sentado perto dela.
Elena: Jesus, esses bichos comem. – Disse, com seu pacote vazio na mão.
Damon estendeu a mão pra ela. Havia tirado o terno e o colete e pendurado no banco. Ela se sentou de lado no colo dele, que a deu um beijo apertado. Já havia anoitecido, e as luzes da cidade refletiam no lago. Era muito gostoso estar ali, agora que ela sabia que estava segura.
Damon: Você fica linda emburrada. – Disse, com um biquinho.
Elena: Ninguém alimenta eles? – Perguntou, ultrajada. Ele riu.
Damon: O governo. Só que com ração. Eles preferem pão. – Disse, simples.
Então, sem desgrudar os olhos dela, ergueu a voz – Nathaniel, você vai cair. – Nate corria entre os patos, jogando migalha a torto e a esquerda. Não deu bola.
Elena: Gosto daqui. – Disse, se acomodando no peito dele.
Damon: No inverno esse lago inteiro congela e vira uma pista de patinação no gelo. – Contou, aninhando-a em seu abraço – É bem divertido. Só que nós dois vamos patinar no nosso lago particular, em Aspen. – Murmurou, mordendo a orelha dela, que riu.
Elena: Lyh não gosta de Aspen. – Disse, pensativa. Damon riu
gostosamente – Que foi?
Damon: Lydia adora Aspen, só que há alguns anos estávamos todos lá, com uma fogueira e tudo, e ela inventou de patinar a noite. Estava escuro. Eu
avisei, mas ela foi mesmo assim. – Disse, divertido com uma lembrança –
Tomou uma queda fantástica. Eu tenho o vídeo no meu celular, se quiser ver. Ela está... Magoada com Aspen, só isso.
Elena: Tinha alguém com você? – Perguntou, sentindo uma fisgada de ciúme.
Damon: Não. Nós ainda não havíamos nos reencontrado. Eu estava esperando você. – Elena gostou da resposta, mas logo se intrigou de novo.
Elena: E se eu cair? – Perguntou, preocupada.
Damon: Eu deixaria você se machucar? – Ela sabia que não, então sorriu. Ela se aproximou, selando os lábios com os dele demoradamente, de modo carinhoso, e ele ficou quieto, deixando-a seguir em frente.
Então houve um grito, um tombo e um redemoinho de patos revoltados:
Nate caiu. Levou um instantes até entenderem o que é, então se
visualizou o menino caído de bunda no chão.
Elena: Ai, meu Deus. – Disse, aflita, levantando do colo dele, que a segurou pelo braço. Ela o olhou, confusa.
Damon: Observe. – Disse, tranqüilo.
Nate hesitou por um instante no chão, mas depois percebeu que um dos
patos estava tentando sorrateiramente roubar seu saco de pão então se levantou sozinho, sacudindo a roupa, tomando o saco de volta e recomeçando a brincadeira. Elena suspirou, aliviada.
Damon: Nathaniel, se você não parar de correr eu vou tomar o pão. – Avisou, tranqüilo, e Nate diminuiu o passo. – Pronto. Onde estávamos...?
Elena: Bobo. – Disse, empurrando o rosto dele – Eu amo você. – Disse,
apaixonada, e ele sorriu. Ela se inclinou, beijando-o de novo, e dessa vez não houve interrupções.
Ele a amava. Ela o amava. Eles eram felizes juntos. Bem simples até...
Enquanto continuasse assim.

- Vamos pra praia!
Damon sorria, sinceramente deliciado. Nunca teve uma viagem tão
animada. Gail cuidara das malas, mas Elena e Nate reviravam a casa
levando e trazendo coisas que queriam levar, e cada vez que se batiam a frase “Vamos pra praia!” surgia. O feriado veio e se foi, e em uma sexta- feira estava tudo pronto: Malas feitas, passagens compradas, tudo ok. Elena e Nate brincavam no carpete da sala de estar: Faziam um castelo de cartas, cada um o seu. Era um exercício da fisioterapia, ajudava com a coordenação motora. O de Elena era grande, enquanto o de Nate
desabava com freqüência, mas nenhum dos dois ligava. Matavam o
tempo esperando Damon chegar pra finalmente partirem. Foi quando Jennifer chegou. Ela nem planejou, mas a oportunidade era perfeita. Se ofereceu pra ajudar. Nate não gostou; preferia brincar a sós com a mãe, mas Elena deixou, ficando entre os dois. Ainda não engolia a história de Jennifer ter tentado bater em Nate.
Dentro de algum tempo o castelo de Jennifer começou a crescer.
Nate: ...E baldinhos de areia de estrela do mar! – Completou. Elena sorriu,
deliciada. Jennifer se perguntava como diabos Elena não se enjoava daquele blábláblá ainda.
Elena: Espero que ainda estejam lá. – Disse, sincera. Nate parou, parecendo
preocupado. Ela acariciou o cabelo do menino – Se não estiverem, seu pai
compra novos. Não se preocupe.
Nate: Uma vez eu juro que vi uma estrela do mar de verdade. – Elena ergueu as sobrancelhas – Eu juro, mamãe!
Jennifer: Então, Elena. – Elena olhou, ainda sorrindo, e Nate voltou a brincar – Como tem estado a terapia?
Elena: Bem. Sem muitos avanços, como sempre. – Disse, dando de ombros. Estrelas do mar eram mais interessantes que a fisioterapia.
Jennifer: Não lembrou de mais nada? – Elena negou com a cabeça. Antes que Jennifer pudesse tentar dizer algo, o elevador apitou e Damon entrou, no celular. Elena abriu um sorriso estonteante, se levantando pra ir recebê-lo.
Damon: Eu estava no elevador. Sim. Não, na segunda-feira. Antes do almoço, tenho uma reunia... – Ela se lançou no pescoço dele, feliz, chapando-lhe um beijo na boca. Ele cambaleou, rindo, afastando o celular da orelha – Hey, baby. – Murmurou, selando os lábios dela – Pronta?
Elena: Pronta! – Disse, radiante.
Damon: Me dê um instante e vamos. – Ele se aproximou, dando um beijo na
cabeça do filho, que sorriu – Hey, Jenny. – Cumprimentou, estranhando
Jennifer ali. Ela sorriu e ele voltou ao telefone – Sim, estou aqui, estava falando com a minha mulher. Stefan vai ficar na cidade o fim de semana, mas Caroline vai ficar uma arara se você tentar fazê-lo trabalhar, então eu sugiro... – E a voz sumiu no corredor em direção ao quarto, enquanto ele puxava a gravata de qualquer jeito.
Elena: Você gosta dele também. – Disse, arrancando Jennifer dos seus
devaneios. Ela esteve observando Damon, inconscientemente.
Jennifer: Hum? Não, claro que não. – Negou, retomando seus pensamentos.
Elena: Gosta, sim. Eu percebo pelo modo como você olha pra ele. – Disse,
pensativa. Algo beliscava ela por dentro ao pensar naquilo.
Jennifer: Te incomoda? – Perguntou, irônica.
Elena: Na verdade, não. Ele me ama. – Disse, segura de si ainda que
totalmente inocente.
Jennifer: E se não amasse? – Supôs, mantendo o tom leve.
Elena: Bem, ele é meu marido. – Disse, ainda pensativa – Ainda assim, eu não
poderia dá-lo pra você. Eu ficaria muito... Triste... Mas não tenho que pensar nessa possibilidade até porque ele me ama e não vamos nos separar, nunca. – Disse, imaginando um mundo onde Damon não fosse dela. Era um lugar muito sóbrio.
Jennifer: Bem, existem três coisas na vida que eu preciso aceitar. – Elena
olhou, curiosa – Du, Dudu e Edu não são irmãos, Dan Humphrey é a Gossip
Girl e você não vai dar o divorcio a ele. – Citou a frase de Elena, de anos atrás. O rosto de Elena perdeu a expressão, os olhos distantes, pensativos. Nate, do lado, não notava nada da conversa. Jennifer esperou, ansiosa. Então Elena a encarou de novo, os olhos azuis indignados.
Elena: Dan Humphrey é a Gossip Girl? – Perguntou, revoltada, quase gritando – Dan Humphrey?!
Jennifer: Inacreditável. – Murmurou, revirando os olhos. O elevador apitou e Caroline entrou no apartamento, ainda vestida socialmente, camisa branca e calça de linho preta por baixo de um sobretudo também preto, o cabelo preso e algo branco na mão.
Caroline: Já tem meia dúzia na mala, mas leve essa saída de praia também.
Eu acho ela tão a sua cara que... Jennifer. – Disse, parando no meio do
caminho, os saltos fazendo “clique”, só que Elena cortou a conversa.
Elena: Dan é a gossip girl?! – Perguntou, revoltada. Caroline piscou, rindo em seguida.
Caroline: Nem me diga. Eu achava que era Dorota. – Lamentou, com um
suspiro – O que estão fazendo?
Elena: Nada demais. – Disse, gesticulando – Vou levar. Amor, pede a Gail pra, por favor, colocar na mala pra mamãe? – Nate assentiu, bonitinho, e após ganhar um beijo da mãe se levantou, apanhando a saída de praia na mão de Caroline e sumindo na cozinha.
Caroline: Onde está Damon? – Perguntou, com uma sobrancelha erguida.
Elena: Se aprontando. – Disse, pondo mais uma torre de cartas no castelo.
Caroline encarou Jennifer e sumiu, indo atrás de Damon. Ao chegar no quarto, Damon estava terminando de se aprontar. Tinha o cabelo molhado e o CEO havia dado lugar a um homem normal, de Jeans e uma camisa de manga azul marinho. Tinha uma de mão aberta nos pés da cama e ele mexia ali, guardando o carregador do celular.
Caroline: Que diabo Jennifer está fazendo com Elena? – Perguntou, após
fechar a porta.
Damon: Eu cheguei e ela já estava. – Disse, confuso.
Caroline: Damon... Jennifer não é de confiança. Hayley já disse isso, eu já
disse, pelo amor de Deus! – Pediu, exasperada.
Damon: Ok que ela não morra de amores por Elena, mas não vejo ela
contando. Seria cruel. – Disse, checando os documentos de Elena e Nate. Caroline revirou os olhos – Me dê um ato que diga o contrário. – Disse, paciente.
Caroline: Ok. Na reunião, quando Elena se perdeu, depois que você saiu,
Jennifer fez de tudo pra nos prejudicar. – Damon franziu o cenho. Essa era novidade. – Ter uma Salvatore colocando os números em duvida não ajudou. Ela queria que Darfur levasse a vantagem pra que nós levássemos o prejuízo porque você preferiu sair pra socorrer Elena! – Silvou, raivosa.
Damon: Porque ninguém me disse isso? – Perguntou, pensativo.
Caroline: Porque não foi conveniente. Stefan precisou pedir uma pausa da
reunião e apanhá-la pelo braço pra fazê-la parar. No fim, ela não ficou até o final, ele a expulsou. – Damon piscou, surpreso – Tudo o que ela mais quer é que Elena se lembre e deixe você, pra que ela recupere o antigo posto dela. Todos nós estamos trabalhando duro pra evitar isso, mas vai ser inútil se você não abrir os olhos. – Concluiu e ele assentiu, fechando o zíper da mala.
Na sala...

EFEITO BORBOLETA 1° Temporada (DELENA) ADAPTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora