CAPÍTULO 37

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Elena: Pra casa? Eu posso ir pra casa com você? – Perguntou, ansiosa.
Damon: Eu trouxe roupas. – Disse, mostrando uma bolsa que estava aos pés dela – É só você se trocar, e nós vamos. No fim Elena vestia um conjunto de moletom azul claro, uma camiseta branca por baixo e sapatilhas, os cabelos caindo livremente pelas costas. Algumas enfermeiras vieram se despedir dela, havia história ali. Logo Damon a levou, guiando-a pelos corredores que ela não conhecia ainda. O carro esperava na porta do hospital, mas ela estancou na porta, o olhar distante, olhando os carros indo e vindo na rua.
Damon: O que foi? – Perguntou, segurando a mão dela.
Elena: Meu pai... Meu pai está morto. É por isso que ele não pode vir. –
Constatou, quieta. Elijah disse pra não contar a ela nada, então só lhe foi
dito que a família dela não podia ir visitá-la, e que ela entenderia depois. – Está morto. Morreu em um acidente de carro. – Concluiu, o olhar desfocado, olhando os carros que iam e vinham. Ele congelou no lugar.
Ops.
Damon: O que mais você se lembra? – Perguntou, mortificado. Não conseguiu nem um dia com ela. Elena olhou em volta, e negou com a cabeça.
Elena: Nada. Só me veio isso na cabeça. Eu estava feliz e me sinto muito triste agora. – Disse, desolada que dava dó.
Damon: Fazem anos. Anos antes do nosso acidente. – Disse, virando-a pra si – Ele te amava mais que tudo no mundo. Foi feito tudo o que foi possível. – Consolou, sentindo um alivio violento.
Elena: Ele sofreu? – Perguntou, quietinha.
Damon: Não. Elijah não deixou. – Garantiu, e ela assentiu. Ele a abraçou e ela retribuiu, abraçando-o forte – Não fique triste. Vamos pra casa, sim? – Ela assentiu, respirando fundo. Nem se lembrava o rosto do pai, mas por algum motivo saber que ele estava morto a fazia sofrer. Damon distraiu Elena durante a viagem, reapresentando ela a Nova York,
apontando os lugares pela janela do carro. Funcionou, a dor foi suprimida
pela curiosidade. Ela não conhecia nada. O motorista os deixou em frente
ao prédio, e ela parou, lendo. Era um arranha céu a perder de vista, todo
em mármore preto, e havia um letreiro discreto em letras prateadas,
dizendo “Black Tower”, e o numero do prédio.
Elena: Nossa, moramos aqui? – Perguntou, passando pelo funcionário que abria a porta de vidro.
Damon: Moramos. – Disse, sorrindo de canto. Ela olhava tudo em volta, os
olhos castanhos deslumbrados olhando a portaria, o saguão e os elevadores. Era tudo em mármore grafite, as paredes brancas. Ele afastou da cabeça que a ultima vez que ela passou ali, estava fugindo dele, desembestada, desesperada pra salvar Nate. Se ela não lembrava, tudo bem. Os dois pararam em frente ao elevador, e Damon o chamou. Ao entrarem no elevador luxuoso, com espelhos nas paredes, Elena olhou o painel. Haviam botões pra os 35 primeiros andares, e a caixa onde se digitava a senha pros 05 do topo, que era onde os Salvatore viviam.
Elena: Qual botão? – Perguntou, olhando o painel enorme.
Damon: Nós moramos na cobertura. Não aperta um botão, se coloca uma
senha. – Explicou.
Elena: E qual a senha? – Perguntou, inocente, olhando a caixinha com
números. Damon a olhou por um instante, pensativo. Anos atrás Elena quase havia matado pela aquela senha – hoje ela não fazia idéia da importância que tinha. Ela sorriu de canto pra ele, confusa, e ele deu um sorriso misterioso, discreto.
Damon: A senha é 090-119-89. – Disse, sorrindo de canto – É a data do seu
aniversário.
Elena: É? – Perguntou, surpresa, se lembrando da data. O medico a disse:
09/01/89. Ele confirmou com a cabeça.
Damon: Desde que eu me mudei pra cá. – Confirmou, com um sorriso
tranqüilo, digitando os números na caixinha. O elevador se fechou e começou a subir.
Elena: Eu já morava com você quando você veio pra cá? – Perguntou,
abraçada a ele, olhando a imagem dos dois no espelho.
Damon: Não. Foi cerca de 6 anos antes de nos casarmos. – Respondeu,
beijando o topo da cabeça dela.
Elena: E como você sabia meu aniversário? – Perguntou, amparando a cabeça no peito dele pra olhá-lo. Ele a encarou, sorrindo e tocou a ponta do nariz dela.
Damon: Nos afastamos por alguns anos e nos reencontramos depois, mas nos conhecemos antes, quando éramos crianças.– Disse, sem revelar muito – Me apaixonei por você desde então. – Disse, sorrindo, em paz.
Elena: Eu devo ter gostado de você também. – Disse, e o sorriso dele vacilou – Ou então não gostaria tanto agora. – Ele não disse nada, apenas selou os lábios com os dela demoradamente, beijando-a de modo terno. A campainha tocou e o elevador se abriu, revelando a anti-sala. Continuava igual: Uma sala de entrada, com uma mesa de vidro no canto com um vaso de flores, que dava pra sala principal. Damon se abaixou, carregando-a e apanhando-a de surpresa e Elena gritou.
Elena: Ai, devo ter acordado todo mundo. – Disse, aflita, olhando em volta. Estava acostumada a ter vizinhos dos lados do quarto, no hospital.
Damon: Não, esse andar é só nosso. – Disse, levando-a pra dentro, e ela tirou a mão da boca, parecendo mais tranqüila.
Elena: Porque está me carregando? – Perguntou, balançando as pernas.
Damon: Porque é tradição o noivo entrar em casa com a noiva no colo, quando se casam. – Disse, simples.
Elena: Não nos casamos hoje. – Lembrou, mas estava abraçada ao peito dele.
Damon: Mas você não se lembra, então, pra todos os efeitos, nos casamos hoje. Vamos começar do zero, assim você vai saber de cada detalhe. – Disse, entrando na sala – Bem vinda ao lar, senhora Salvatore. 
Elena: É enorme. – Disse, quando ele a colocou de pé no centro da sala,
olhando em volta. Estava acostumada com seu quarto de hospital. – Vou me
perder aqui.
Damon: Não vai, não. Você vai se acostumar. Vou te apresentar aos
pouquinhos, assim você se adapta. – Elena olhava em volta, e seu olhar parou no piano. Damon ficou tenso por um instante – O que foi?
Elena: É bonito. – Disse, com um sorriso doce – O nome é piano, não é? – Ele assentiu.
Damon: Nada de pescar. – Disse, tranqüilo novamente, abraçando-a – Venha, veja isso. – Ele a conduziu até a beira do apartamento, até a vidraça. Nova York estava toda linda, era primavera, as cores pareciam mais vivas.
Elena: É muito alto. – Disse, agarrada ao braço dele, olhando pra baixo. Não
dava pra ver as pessoas, de tão alto.
Damon: Shh, aqui, baby. – Disse, erguendo o rosto dela, e ela notou o que ele mostrava. Se deslumbrou com a imagem, a vista era... Estonteante. – É tudo seu. – Disse, no ouvido dela – Vou colocar meu mundo aos seus pés, Elena. – Ele beijou a orelha dela, que ainda olhava em volta.
Elena: Tudo meu? – Repetiu, estonteada.
Damon: Tudo. Tudo o que seu olhar alcançar, tudo o que você quiser, será
seu. – Disse, sereno – Exceto o que tiver do outro lado daquela ponte. Você não quer o que está lá. – Brincou, apontando a ponte do Brooklyn. Elena riu.
Elena: Aquele prédio é maior que esse. – Disse, apontando com o dedo na
vidraça.
Damon: Se chama Empire State Building. Vou te levar lá um dia. A vista é ainda mais linda. – Disse, abraçado a ela – Quando anoitece fica ainda mais bonito, cheio de luzes.
Elena: Nós temos um jardim, afinal. – Disse, com um sorriso. Ele acompanhou o olhar dela e riu.
Damon: O Central Park é nosso jardim? – Perguntou, divertido.
Elena: Bem, está na nossa porta. É verde. E grande. – Disse, olhando o verde que se perdia no horizonte.
Damon: Nate gosta de ir lá. Ele dá comida aos patos. – Disse, beijando o
cabelo dela, que se animou.
Elena: Tem patos lá? – Perguntou, se virando pra olhá-lo. Ele sorriu da alegria surpresa dela.
Damon: Tem, e gostam de pão. Tomaram o cachorro quente do Nate quando ele era menorzinho, então a principio ele não gostava muito dos patos, mas depois passou a gostar. – Contou, se lembrando da revolta do menino vendo os patos comerem seu pão – Levo ele lá toda semana.
Elena: Eu posso ir também? – Perguntou, parecendo animada.
Damon: É claro que pode. – Disse, aninhando-a em seu peito. – Vou lhe
mostrar e dar tudo o que houver de bonito. Vamos ao Empire State, ao Central Park, a Broadway, ao Met, e depois eu vou lhe mostrar o mundo. – Disse, com o rosto no cabelo dela. – Temos tempo pra isso.
Elena: A vida inteira. – Percebeu, satisfeita, e ele sorriu.
Damon: A vida inteira. – Confirmou, pondo o cabelo dela atrás da orelha -
Estou feliz que você está aqui. – Disse, selando os lábios dela, que sorriu.
Elena: Eu também. – Disse, com um sorriso lindo no rosto, os olhos castanhos inocentes cintilando..
Ela tocou o rosto dele, aprofundando o beijo e ele correspondeu, mais
que satisfeito. E naquele momento nada no mundo seria capaz de
interromper aquela felicidade.

Damon apresentou a casa aos pouco a Elena. Primeiro só a enorme sala
de jantar e a cozinha, onde ela foi apresentada (novamente) a Gail, que já fora instruída a manter discrição. Depois vieram pros quartos.
Elena: Porque esse quarto não tem... – Porteiro, portão... – Porta! Porque não
tem porta? – Damon hesitou, olhando a porta do quarto dela.
Damon: Deu cupim. – Disse, a primeira mentira que veio na cabeça. Elena franziu o cenho.
Elena: Deu o que? – Perguntou, confusa.
Damon: Cupim. Uns bichinhos que comem madeira. Eu mandei trocar. – Disse, levando-a até o closet – Aqui era onde você guardava suas roupas.
Elena: Tem muita roupa aqui. – Disse, olhando em volta, os dois parados na
porta. Ela ia olhar, mas ele a manteve.
Damon: Não se dê ao trabalho. Vamos comprar tudo novo. – Disse, satisfeito.
Elena: Deu cupim aqui também? – Perguntou, totalmente inocente, olhando desconfiada pros cabides presos nas araras. Damon riu gostosamente.
Damon: Não, mas essas roupas são antigas. Você dormiu por 4 anos. –
Lembrou, e ela sorriu de canto, triste – Precisa de roupas novas. Era pra eu ter mandado jogar isso fora. Venha. – Ele a guiou pra fora do quarto, segurando sua mão – Esses quartos são de visita, estão desocupados. – Disse, gesticulando as portas fechadas – Esse é o quarto de Nate. – Disse, abrindo a porta do penúltimo quarto.
Elena entrou, ligando a luz. O quarto era... Lindo. Era de um azul tão
bonito, tão gostoso de ver! A vidraça era coberta por uma cortina branca
bonitinha. O trocador do menino deu lugar a uma escrivaninha, que agora tinha alguns carrinhos em cima. Haviam brinquedos espalhados aqui e ali. O berço foi trocado por uma
cama pequena, muito bem arrumada com lençóis azul escuro, já que Nate
dormia com o pai. Ele a observou passear pelo quarto, tocando nas
coisas, então ela parou, vendo os porta-retratos. Haviam um novo, com
uma foto de Nate, mas ela olhava a foto dela com Damon.
Damon: O que foi? – Perguntou, se aproximando.
Elena: Eu era tão bonita. – Disse, tocando a foto. Ela estava, de fato,
deslumbrante na foto.
Damon: Você ainda é. Está ainda mais linda agora, sem maquiagem nenhuma. – Disse, lhe dando um beijo estalado.
Elena: Talvez eu devesse cortar o cabelo. – Disse, pensativa.
Damon: Você não gosta assim? – Perguntou, confuso, acariciando os cachos dela.
Elena: Na verdade, gosto. Mas o Dr. Morgan disse que era pra eu seguir meus hábitos antigos, então... – Ela deu de ombro, apanhando uma mecha do cabelo. Ele piscou, entendendo. Ela achava que usava o cabelo curto porque queria.
Damon: Não! – Ela o olhou, sobressaltada – Não, você tinha decidido deixar crescer, antes do acidente. – Mentiu.
Elena: É? – Perguntou, meio aliviada. Estava linda na foto, mas se acostumou a ter os cabelos longos.
Damon: É. E não dê ouvidos ao Dr. Morgan. Ele é um grandíssimo filho da... – Ele parou, engolindo o fim da frase. Ela esperava – Ele é um babaca. – Resumiu, e ela riu.
Elena: É lindo, o quarto do nosso filho. – Disse, orgulhosa, tocando a colcha.
Damon: Venha. – Ele apanhou a mão dela, levando-a ao ultimo quarto – Esse é o meu... Digo, esse é o nosso quarto. – Apresentou. Elena entrou no quarto, os olhos observadores olhando em volta. Havia uma cortina grafite tapando a vidraça do quarto dele, da mesma cor que o jogo de edredom. Os moveis eram de madeira escura, era tudo muito masculino. Ela caminhou até a cama, tocando o edredom, então pulou sentada, fazendo-o rir.
Damon: Gostou? – Perguntou, se amparando na porta.
Elena: É muito melhor que a do hospital. – Disse, ainda balançando pelo salto. Fazia ela querer rir.
Damon: Você pode mudar o que quiser. – Disse, prontamente, gesticulando com a mão, mas ela estava divertida demais com o colchão de molas – Você realmente gostou. – Disse, sem conseguir não sorrir.
Elena: Isso é... – Ela se jogou de costas na cama, quicando no colchão, os
cabelos ricocheteando no ar.
Damon: Cuidado. – Alertou, precavido.
Elena: Ai, baguncei sua cama toda. Sou um desastre. – Disse, olhando o
edredom e engatinhando pro chão, tentando esticá-lo. Ele a parou, apanhando-a e colocando-a sentada de novo.
Damon: Nossa cama. – Corrigiu, e ela sorriu com a idéia de dormir ali. – Que tal nossa casa? – Sondou, observando-a – Ainda tem a ala leste, onde ficam alguns banheiros, academia, área de empregados, depois te mostro. Mas podemos morar em outro lugar, se você quiser. – Ofereceu, mas ela negou. Ele
suspirou, aliviado.
Elena: Adorei aqui. – Disse, radiante.
Damon: Vou te dar um laptop e te ensinar a usar, e uns cartões de credito. O que você quiser comprar e mudar aqui, você pode fazer. – Elena assentiu, feliz, e o puxou pelo pescoço, fazendo-o cair deitado – Se eu soubesse que ia gostar tanto, teria te levado esse colchão no hospital.
Elena: Eu gostaria. – Disse, sorridente, e ele ergueu as sobrancelhas, rindo.
Ela o abraçou, feliz da vida por estar em casa – Obrigada.
Damon: Pelo que? – Perguntou, olhando-a.
Elena: Por gostar assim de mim, mesmo eu não sabendo nada de nada. – Disse, dando de ombros.
Damon: Não seja tão severa consigo mesma. Vamos aprender juntos. Andar, antes de correr, certo?
Elena: Certo. – Disse, selando os lábios dele.
Xxx: DAMON SALVATORE!
Elena: O que foi? – Perguntou, com uma pontinha de frustração. Damon
suspirou.
Damon: Nada, é só que paz quando se quer por aqui é algo complicado. –
Disse, se sentando – ESTOU AQUI!
Elena: A casa não tem porta. – Lembrou, e ele ergueu a sobrancelha. A velha Elena lhe dizia isso o tempo todo, e ele não deu bola, mas parecia relevante agora.
Hayley: Bom dia, casal. – Disse, chegando com Caroline na porta. Damon revirou os olhos – Viemos buscar Elena.
Damon: Desculpe? – Perguntou, abraçando Elena inconscientemente.
Hayley: Ela precisa de roupas. No momento, tem um monte de velharia e esse moletom. – Apontou. Elena olhou o próprio moletom.
Elena: Eu gosto da minha roupa. – Argumentou, confusa.
Damon: Também gosto. – Confirmou, beijando a testa dela.
Hayley: Não vão durar muito tempo. Você precisa de mais. Bem mais. –
Gesticulou – E você sabe disso, Damon. – Damon suspirou.
Caroline: E Jennifer está infernizando Lydia. Lydia está infernizando
Stefan. – Disse, sorrindo, afetada, os cabelos escuros presos em um rabo
de cavalo – Ninguém inferniza meu marido. – Disse, obvia.
Damon: O que você quer, Caroline? – Perguntou, falsamente doce.
Caroline: Que você vá trabalhar, Damon. – Respondeu, no mesmo tom. – Resolva. Darfur. De. Uma. Vez. PRA. DEIXAREM. MEU. MARIDO. EM. PAZ. –
Grunhiu, sorridente – Você sabe que precisa estar lá pra isso andar. Já fazem meses.
Elena: E eu? – Perguntou, desolada.
Caroline: Você vem fazer compras conosco. – Disse, simples.
Damon: Vá, me dêem 10 minutos. – Disse, derrotado.
Hayley: 5. – Respondeu e riu, saindo com Caroline.
Elena: Não sei se quero fazer compras. – A idéia de sair pela cidade,
principalmente sem ele, a assustava.
Damon: Você quer ficar? Porque eu bato pé se você quiser. – Disse, direto.
Elena: Não... – Ela não queria atrapalhar ele – Preciso de roupas. – Disse, decidida.
Damon: Fique perto delas. Se sentir alguma coisa, qualquer coisa, avise, e
elas vão me chamar. – Elena assentiu e enfiou a mão no bolso, mostrando que se lembrara de trazer o pequeno celular que ele lhe deu. Ele sorriu – E se você me ligar...
Elena: Você atende. – Citou a fala dele, sorrindo, e ele selou os lábios dela.
Damon: Quando você voltar, vamos buscar Nate no colégio. É sexta, ele sai
mais cedo. – Elena assentiu, animada.
Não é a noção normal que se tem de compras. Elas foram guiadas pelo
motorista por onde queriam, e sendo da família Salvatore as portas se
abriam pra elas, com tapetes e champanhe. Naquela tarde, Caroline e
Hayley fizeram Elena comprar de tudo. Primeiro sapatos: Elena não
podia usar saltos ainda, mas poderia em breve, e dezenas de pares foram
comprados. Depois, roupas de ficar em casa: Moletons, camisetas,
shorts. Depois, roupas de sair: Calças, camisas, casacos. Depois, roupas
de sair mais sofisticadas ainda: Saias elegantes, sobretudos, vestidos
bonitos. O motorista encheu o carro de sacolas no meio do processo,
tendo que voltar pra casa pra descarregar. Logo foram aos vestidos de grife: Nada de modelos econômicos, apenas exclusivos. Elena escolheu os que queria, e levou mais os que as outras lhe aconselharam. Pararam em uma loja refinada da Calvin Klein, que vendia roupas de dormir e lingeries. Elena dispensou as sedas que a vendedora ofereceu: Preferia o toque do algodão.
Caroline: Deixe ela escolher em paz. – Disse, olhando um pijama bonitinho,
cinza claro, rendado, pra si própria.
Hayley: Você podia ajudar, pelo menos. Ela pode levar os dois, é sempre bom ter opções. Antigamente ela vivia vestida em cetim. – Lembrou.
Caroline: Que é menos agradável que algodão. Deixe-a. – Disse, olhando os
detalhes da renda.
Hayley: Sim, mas suponhamos que quando ela for fazer sexo, um moletom não vai ser o mais atraente. – Caroline baixou o pijama, considerando – Pessoas não usam exatamente algodão quando vão transar. Ela não sabe disso, mas
nós sabemos. – Completou.
Elena: Transar? – Perguntou, parada atrás delas, com dois pijamas iguais de cores diferentes na mão. Viera pedir opinião. Procurou no cérebro, mas não achou significado. Hayley se virou como se tivesse tomado um choque e Caroline fez uma careta, levando a mão ao rosto – Do que estão falando? - Bom, no mínimo seria interessante.
Caroline: É uma coisa que pessoas adultas fazem. – Disse, tentando contornar. Olhou em volta, mas a funcionaria não estava perto.
Elena: Eu sou adulta. – Lembrou, obvia.
Caroline: Que casais fazem. – Tentou de novo. Só planejara explicar isso dali há uns 10 anos.
Elena: Eu e Damon somos um casal. – Disse, sem entender o porque do
rodeio.
Caroline: Ok, você é depravada, pervertida e linguaruda. – Disse, se virando pra Hayley – Boa sorte explicando. – Disse, sorridente.
Hayley: Eu?! – Perguntou, exasperada. Ela olhou Elena, que esperava –
Transar é... É o modo como um casal conjuga sexo. – Disse, e Elena franziu o cenho.
Caroline: Você vai confundir ela. – Avisou, cruzando os braços.
Elena: Eu transo, tu transas, ele transa... – Recitou pra si mesma. Hayley arregalou os olhos e Caroline gargalhou.
Hayley: Não! Não conjugar assim! – Elena esperou. Estava ficando impaciente – Não conjugue isso pros outros, pelo amor de Deus.
Elena: Não estou entendendo. – Admitiu, olhando as duas – Eu fazia isso antes, certo? – Caroline assentiu, prendendo o riso – Porque eu não posso saber o que é agora.
Hayley: Não podemos ser ouvidas. Explicaremos quando chegar em casa. – Elena ergueu as sobrancelhas, olhando em volta, e assentiu. Devia ser interessante. Hayley só queria ganhar tempo. Não sabia como explicar: Pessoas normais tinham toda a adolescência pra entender aquilo. Elena levou os moletons que queria, Hayley colocou uma coleção de camisolas de seda e cetim, e foram. Porém Elena não esqueceu nem por
um segundo.
Elena: Então? – Perguntou, quando se sentaram na sala do apartamento de
Damon. Não havia ninguém lá.
Hayley: Tudo bem, nós vamos explicar como der. – Elena assentiu – Um homem e uma mulher, quando eles se gostam às vezes trocam carinhos, sabe?
Elena: Eu gosto de trocar carinho. – Disse, tranqüila, se lembrando de Damon beijando o cabelo ela e lhe acariciando o braço, em um domingo que passara a tarde com ela. Caroline fez outra careta. Elena era inocente demais!
Hayley: Beijo não é o único modo de trocar carinho. Existe outro. Melhor. –
Disse, tentando ir aos poucos – Um pouco mais complicado, mas bem melhor.
Elena: Sexo? – Hayley assentiu – Antes de continuar, Damon ia gostar que
fizéssemos isso? – Perguntou, a cabeça caída de lado.
Caroline: Todo homem adora isso. – Disse, confiante, e Elena assentiu.
Elena: E como se faz? – Hayley paro de novo, tirando o cabelo do rosto.
Hayley: Bom. – Caroline queria rir. Tinha os lábios contraídos, o rosto vermelho – Bem, temos um homem e uma mulher. – Elena assentiu – Eles se deitam...
Caroline: Não precisa necessariamente ser deitado. Às vezes é de pé. Ou sentado. – Corrigiu.
Hayley: A primeira vez é sempre deitado. Quer calar a boca?- Caroline
assentiu, quieta.
Elena: Eles se deitam... – Incitou.
Hayley: Isso. No caso, o homem se deita sobre a mulher e... – Interrompida de novo.
Caroline: Nem sempre, as vezes a mulher fica por cima. – Lembrou.
Hayley: Caroline, PELO AMOR DE DEUS?! – Perguntou, exasperada, e
Caroline gargalhou. - Se você quer, explica você, porra!
Caroline: Não vai dar certo, estou dizendo a você. – Garantiu, desesperada.
Elena: O homem se deita sobre a mulher... – Recapitulou. Hayley suspirou.
Caroline: Bem, ai eles começam a trocar carinhos. Beijos, caricias. – Rodeou, aos poucos. Elena assentiu. De beijos ela entendia – Então... Jesus Cristo, eu não sei fazer isso. – Disse, exasperada.
Damon: Isso o que? – Perguntou, entrando na sala. O rosto de Elena se
iluminou ao vê-lo.
Hayley: Deus seja louvado. – Suspirou, aliviada.
Damon: O que houve? – Perguntou, abraçando Elena e lhe beijando o cabelo.
Caroline: Nunca fiquei tão feliz em ver você. – Disse, sincera, e Damon franziu
o cenho.
Elena: Eu ainda não... – Disse, frustrada.
Hayley: Amanhã! – Disse, decidida – Nós vamos pesquisar o melhor jeito de explicar e amanhã explicamos, juro por Deus.
Caroline: Não me coloque no meio da sua jura. – Ralhou, e Elena e Damon
riram.
Hayley: Eu preciso ir, está na hora da mamada de Eve. Amanhã. – Elena
assentiu. Caroline e Hayley foram embora. Ainda faltava um pouco pro horário de Nate sair do colégio. Damon pediu pra ver as roupas de Elena, então Gail estava lá, ajudando Elena a desembalar tudo e colocar no closet (Damon mandou reorganizar o próprio closet, de modo que metade ficasse pra ela. Como os dois tinham muita coisa, um pouco de cada um foi pro closet do quarto ao lado).
Damon: Então não foi tão mal. – Disse, fechando a porta do closet. Elena
sorriu.
Elena: Cansativo. – Damon tirou as abotoaduras, colocando-as em uma
caixinha na penteadeira.
Damon: Dá tempo de descansar um pouco antes de ir buscar Nate. – Disse,
desabotoando os punhos. Só que Elena marchou até ele, decidida, e o apanhou pelo braço, trazendo-o pra cama. Damon sempre respondia o que ela perguntava sem rodear. Ele foi, sem entender, e ao chegar na cama ela se deitou, puxando ele pra cima de si. Ele segurou o próprio peso com os braços, pra não sufocá-la, confuso. Estranhamente ela gostou do peso dele em cima dela. Parecia... Certo. Homem e mulher deitados, ok. Homem por cima, ok. Ela se esticou, beijando-o, e como sempre ele retribuiu, um beijo calmo demais pro objetivo que ela tinha, carinhoso, doce. Ela brincou com o pé do cabelo dele durante o beijo, acariciando-o. Trocando carinhos, ok. As instruções acabavam ali. O beijo terminou depois de alguns instantes e ele beijou o nariz dela.
Damon: O que foi isso? – Perguntou, terno, beijando o rosto dela.
Elena: Nós estamos fazendo sexo? – Perguntou, confusa, olhando o teto e ele empedrou no meio de um beijo que ia dar nela, os olhos azuis se abrindo em placa.
Damon: É o que? – Perguntou, em duvida se ouvira direito.
Elena: Estamos transando? – Perguntou, direta, virando o rosto pra olhá-lo. Ele piscou, atordoado como se tivesse levado uma pancada. Esperara tudo, menos isso.
Damon: Não. – Disse, lentamente, e viu a frustração no rosto dela. Se apoiou nos braços, se erguendo pra olhá-la direito – Porque, você queria? – Perguntou, atordoado, então balançou a cabeça, organizando as idéias – Espere, você pelo menos sabe o que é sexo?
Elena: Não. – Respondeu, prontamente, e ele ergueu as sobrancelhas – Mas sei que fazíamos antes. Não fazíamos?
Damon: Sim. – Disse, os olhos sondando o rosto do dela.
Elena: Era bom? Quero dizer, nós fazíamos direito? – Perguntou, direta. O modo de raciocínio dela era muito pratico. Ele fez uma careta, considerando.
Damon: Na verdade, éramos muito bons nisso. – Admitiu, dando de ombros.
Elena: É? – Perguntou, surpresa.
Damon: É. – Ele não sabia se achava graça ou entrava em pânico – De onde
você tirou isso agora?
Elena: Eu ouvi Caroline e Hayley conversando enquanto elas não me viam. – Admitiu, com um biquinho pensativo.
Damon: Estava escutando conversa dos outros? – Perguntou, erguendo a
sobrancelha.
Elena: Não! – Disse, tapando a boca dele, que achou graça – Foi sem querer. E depois elas nem quiseram me explicar. Achei que você explicaria.
Damon: Certo, até que ponto você ouviu? – Perguntou, amparado em um
braço, tirando o cabelo dela do rosto
Elena explicou, palavra por palavra, tudo o que ouviu e o que aconteceu
depois. Contou de Hayley enrolando ela, de como isso a irritou, de
Caroline rindo... E o próprio Damon teve que se conter pra não rir. Ela
não sabia nada, achou que só por se deitar com ele por cima dela talvez
estivessem fazendo sexo. Era fascinante.
Elena: E foi isso. – Concluiu, após explicar tudo – Quero dizer, elas só me enrolaram, e nem me deixaram tentar conjugar, como é que eu vou poder entender? – Perguntou, emburrada.
Damon: Conjugar? – Repetiu, com o cenho franzido.
Elena: Eu transo, tu transas, ele transa... – Damon arregalou os olhos,
surpreso.
Damon: Não! Não conjugue isso. – Disse, e ela ergueu a sobrancelha.
Elena: É um verbo, porque não posso? – Ele riu de leve, exasperado – Porque
vocês não me explicam?
Damon: Certo. Nós transávamos antes, sim, mas agora é diferente. – Tentou
explicar, e ela piscou, considerando.
Elena: Você não quer mais transar comigo porque eu esqueci as coisas? –
Perguntou, meio magoada, e ele negou.
Damon: Não, baby. Pelo amor de Deus. – Ele passou a mão no rosto, exasperado. Ela nem sabia o que era, da natureza da coisa, como ele podia
fazê-la entender? – Acredite, eu quero. – Disse, sincero, e ela esperou – Quero
sim, e muito.
Elena: E então? – Perguntou, novamente animada.
Damon: É só que agora você é tão... – Ele sorriu, acariciando o rosto dela –
Você é tão inocente, Elena. De tudo. É tão pura, chega a ser frágil. – Admitiu,
dando de ombros.
Elena: E isso é ruim? – Perguntou, acariciando o rosto dele, que fechou os olhos sentindo o carinho.
Damon: Não, pelo contrário. É maravilhoso. – Disse, beijando a mão dela – Só que sexo é mais... Complicado. Eu acabei de ter você de volta. Não estou sabendo lidar com isso, entende?
Elena: Estou tão confusa. – Disse, com uma carinha pensativa, meio triste, que dava dó.
Damon: Não sei se sou a pessoa indicada pra explicar isso, nem acho que você deva saber de vez, mas tudo bem. – Disse, organizando os pensamentos. Não queria que ela ficasse daquele jeito – Somos um casal. As vezes, casais tem momentos mais íntimos, sabe?
Elena: Trocam carinhos. – Supôs, e ele assentiu.
Damon: Sim, mas outro tipo de carinho. Não só beijos, envolve mais coisa. – Ela o olhou, totalmente inocente – O nome já diz: “Intimidade”. Não é algo que se pode ter na frente dos outros, é algo só entre nós dois. – Explicou, paciente.
Elena: Entendi.- Disse, memorizando – Mas não entendo como funciona. Você
não pode me contar? – Perguntou, quietinha.
Damon: Eu não sei como te contar. – Admitiu, e ela franziu o cenho – Veja,
tinha uma coisa que você gostava muito quando eu fazia. – Lembrou, e ela ergueu a sobrancelha.
Elena: O que? – Perguntou, curiosa.
Damon: Só sinta. – Ela assentiu, respirando fundo como se preparando, enquanto ele afastava o cabelo de um dos lados do rosto dela.
Damon se abaixou, passando direto pelo rosto e alcançando a orelha
dela. Elena adorava que ele beijasse a orelha dela, era como um interruptor. Ele deu um beijinho no pé da orelha dela, demorado, meio chupado, quente, e outro no lóbulo, apanhando a ponta da orelha entre os dentes e mordiscando em seguida. Elena piscou a inicio, então fechou os
olhos. Gostou daquilo. Fazia ela se sentir estranha. Era como se estivesse
ficando quente. Ele deu outro beijinho no rosto dela e se ergueu.
Damon: E então? – Ela o olhou, processando a sensação – Como se sentiu?
Elena: É bom. – Aprovou, e ele sorriu – É assim o carinho que se faz no sexo?
– Ela sentia meio agitada. Não era desconfortável.
Damon: Entre outros. – Disse, com um sorriso de canto.
Elena: Então é por isso que você não quer fazer comigo. – Disse, desolada, e
ele piscou, confuso – Porque eu não sei mais o que é que você gostava que eu fizesse. – Concluiu, tristinha.
Damon: Não. – Ele suspirou, atordoado – Não tem bem um padrão, sabe? A gente faz o que dá vontade. – Elena não pareceu muito convencida – Você nunca fazia a mesma coisa. – Contou, e ela piscou, olhando-o.
Elena: Não? – Ele negou – Então não deve ter tanto problema eu não lembrar. Estou tão... Confusa. – A orelha que ele beijava estava quente, e ela continuava agitada.
Damon: Vamos aos poucos. Andar, antes de correr, lembra? – Ela assentiu. Confiava nele.
Elena: Mas um dia você vai querer também? – Perguntou, insegura feito uma criança. Deus do céu, ela nem sabia o que estava pedindo!
Damon: Tenha certeza. – Elena sorriu, satisfeita. – Olhe, você costumava fazer algo que eu gostava bastante. – Disse, se lembrando, e ela virou a cabeça, curiosa.
Elena: O que? – Perguntou, prontamente.
Damon: Aqui, me dá sua mão. – Ela ofereceu a mão direita a ele, o diamante do anel de noivado reluzindo ali e ele levou até as costas dele, passando a mão dela pra debaixo da camisa dele. – Não feche a mão. Só suba, até a altura do pulmão e volte. Você costumava me tocar assim. – Instruiu. Elena assentiu, acariciando as costas dele. Os músculos se moldavam na mão dela, a pele quentinha pela camisa e o terno recém-tirado. Ele observou, com um sorriso, ela olhando o teto, os dedos inocentes sentindo a pele dele. Quando chegou em cima do pulmão, com um carinho ela refez o caminho de volta, muito sutilmente, muito doce. Ela costumava acariciá-lo assim, quando não estavam transando com raiva, só que tinha mais tesão no toque.
Elena: Você é forte, campeão. – Disse, carinhosa, o dedo traçando um
músculo no meio das costas dele.
Campeão. O sorriso de Damon morreu instantaneamente. Elena o chamava
assim antes. Ele a encarou, aturdido, mas o olhar inocente continuava no
rosto dela... Até quando não se sabe. As memórias de Elena estavam lutando pra voltar, mesmo sem que ela percebesse. Qualquer coisa pode ser o gatilho, Elijah disse. Ele apanhou o pulso dela, retirando a mão dela de
suas costas e ela o olhou, confusa.
Elena: Fiz alguma coisa errada?- Perguntou, ansiosa. Estava gostando de fazer carinho nele, nunca o havia tocado por debaixo da roupa.
Damon: Não. – Disse, ainda meio desligado pelo choque – É só que... Vamos nos atrasar pra buscar Nate. – Mentiu, e ela piscou, se lembrando.
Elena: Ai, eu quase esqueci. – Disse, os olhos arregalados, tapando o sorriso
com a mão. Ele sorriu de canto.
Damon: Vá se aprontar. – Disse, beijando a testa dela, que assentiu – E vamos lá fazer a surpresa pra ele.
Elena saltou da cama, saltitando pra dentro do closet. Ele a observou
parada entre as araras de roupa, parecendo indecisa, e se recostou na
cama, respirando fundo. Não aconteceu nada. Estava tudo bem... Mas ela lembrou o apelido. Inconscientemente, mas lembrou. Se isso não era um sinal, ele não sabia o que era. Meia hora depois eles saíram: Elena usava um vestido solto rosinha claro, curto, que marcava a cintura e tênis branco, os cachos sedosos soltos,

EFEITO BORBOLETA 1° Temporada (DELENA) ADAPTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora